NADOU, NADOU E MORREU NA PRAIA = EC

 
  Era uma bela tarde ensolarada, na cidadezinha turística e a cantina estava lotada
   Ernesto, como sempre, atendia o balcão, este era o seu trabalho.
   E foi então que ela entrou ao lado de um homem de otima aparencia e um garoto irriquieto.
   Reconheceu-a imediatamente, pudera, a conhecera tão bem e fazia apenas dez anos, porem ela não o reconheceu.
   Silvia não mudara nada, continuava tão jovem e tão bonita como então, já ele envelhecera muito, não era mais o mesmo, parecia muito mais velho, mais cansado, mais triste.
   O trágico episódio que queria mas não conseguia esquecer, mais uma vez veio-lhe a memória com riqueza de detalhes.
   Estavam em lua de mel, Silvia e ele, felizes, fazendo um passeio de barco quando aquilo aconteceu.
   Uma tempestade inesperada, o barco afundando, dezenas de pessoas se debatendo na agua, depois o silencio.
   Não sabia como foi resgatado, a unica lembrança, confusa, nebulosa era de estar deitado na areia da praia sendo socorrido por alguem,  rodeado por curiosos.
   Não lembrava do que se passou depois, sabia que aos poucos foi recuperando as lembranças e acabou ficando naquela estância, trabalhando naquela pousada.
   Sua cidade ficava muito distante e ele não voltou mais para lá. Soube que muitos dos seus companheiros de viagem naquele dia morreram no naufragio, alguns corpos foram encontrados e reconhecidos, outros não. Ele foi dado como morto e não teve coragem de reaparecer por lá. 
   Não sabia o que tinha acontecido com a Silvia, mas agora vendo-a tão bem, ao lado de outro,sentia ao mesmo tempo alívio e angústia.
   O movimento na cantina, o balcão sempre lotado, não lhe davam tempo para devanios e ele se esforçava para esquecer tudo e trabalhar.
   Foi então que o garoto chegou até ele e pediu um picolé de chocolate. 
   Serviu-o com vontade de fazer uma enxurrada de perguntas, mas perguntou apenas:
   -- Como é seu nome?
   -- Ernesto.
   -- E o nome de seu pai?
   -- Artur, mas porque você quer saber isso?
   -- A toa, curiosidade, toma o seu sorvete.
   O garoto voltou correndo para junto dos pais e com certeza esqueceu o que se passara.
   Um turbilhão de pensamentos desordenados o perturbavam . Silvia não o traíra  Julgando-o morto, refizera sua vida ao lado de outro homem, mas não o esquecera pois dera ao filho o seu nome.
  Seria melhor mesmo que não o reconhecesse, que nunca ficasse sabendo que ele estava vivo.
   Julia, a garçonete, tinha uma secreta paixão por ele. Ele já tinha percebido e, embora gostasse muito dela não queria dar-lhe esperança. não estava a fim de namorar.
   Mas, agora, diante do ocorrido, reconsiderou, por que não?
   Tinha pouco mais de trinta anos, muita vida pela frente. Silvia estava viva, feliz com sua familia e o melhor que fazia era esquecer a tragédia e aproveitar o muito que a vida ainda podia oferecer-lhe.
   Olhou para a Júlia que caminhava apressada servindo as mesas, sorrindo para os clientes e surpreendeu-se, como não havia notado que ela era linda e doce e ele podia amá-la, tanto quanto amara a Silvia pois a vida continua e, cá para nós, nos prega cada peça!

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Este texto faz parte do Exercício Criativo -
Nadou, Nadou e Morreu na Praia
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Maith
Enviado por Maith em 01/06/2015
Reeditado em 01/06/2015
Código do texto: T5262571
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