A CIDADE DO NEVOEIRO - PEQUENA DOR

A Cidade do Nevoeiro

Era quase possível deixar o coração escapar pela ponta dos dedos, o medo foi sentido primeiro, o forte vento passando por seu rosto, uma sensação de estar voando livremente pelo céu, mas aos poucos os olhos se abriam e pode ver que o chão estava muito distante, demorou um pouco para entender o que realmente estava acontecendo naquele momento, mas com um suspiro definiu bem a situação em que se encontrava, logo em sua mente uma frase apareceu .

"Estou caindo"

Então com a consciência completamente recuperada, a sensação de pavor tomara completamente conta de si, os pensamentos se perdiam pois o medo era o som mais alto no momento, algumas mensagens passavam pela sua cabeça, mas não era possível defini las com clareza.

Aos poucos o chão se aproximava, era possível ouvir as batidas fortes do coração, era como se fosse saltar pela boca, a pouco menos de alguns metros ele pode ver estranhos objetos no chão, mas mal conseguia pensar a respeito, uma única voz pode ser ouvida antes que tocasse o chão.

"Não..." - Tudo ficou escuro.

O Corpo estava adormecido, mal conseguia se mover, era um grande esforço mover a ponta dos dedos, cada membro do seu corpo parecia estalar. Então novamente estava abrindo os olhos e estava com uma terrível dor de cabeça, tentando olhar ao redor com a visão que ainda estava se desembaralhando, suas mãos apalpavam objetos estranhos no chão, era bem macio, parecia ser algo similar a carne. Quando recobrou totalmente a visão pode ver bem o local aonde estava, havia corpos, pedaços de corpos para todos os lados e ele estava em cima de uma grande pilha.

Uma forte náusea, o cheiro era terrivelmente forte e mal conseguia pensar direito, na verdade sentia que sua memória estava totalmente confusa, não sabia o que fazia sentido ou mesmo o que era "sentido", aos poucos se levantava, usou um torço como apoio para ajudar a se erguer, quando ficou completamente em pé, pode ver todo aquele local, também pode ver a si mesmo.

Estava completamente nu, e seu corpo estava terrivelmente machucado, havia esfoliações por todo corpo, algumas partes com o osso completamente exposto, parte da costela estava para fora, não tinha a coxa direita da perna, parecia um verdadeiro monstro, ao tocar seu rosto pode sentir que metade dele estava completamente deformado.

O Horizonte era ainda mais confuso, havia outras pilhas a frente e logo atrás delas um nevoeiro muito denso que era impossível ver adiante dele, o céu era vermelho e cinza e podia se ver vários raios mas não era possível ouvir nenhum som.

Descontrole, um forte medo tomou conta de sua mente, tomou um impulso para frente e pensou em correr rapidamente para tentar pedir ajuda para qualquer pessoa que encontrasse, estava desesperado, mas ao tentar fazer isto acabou escorregando por causa de uma perna apodrecida, se desequilibrou e começou a cair por entre os corpos morro a baixo. Só parou quando sentiu sua cabeça bater em alguma coisa metálica, olho para frente e viu um carrinho de mão enferrujado, atrás dele alguém que o segurava, se levantou quase cambaleando e assim poder ver bem quem era.

Um senhor de bem idade, com cabelos longos e brancos e uma enorme barba, seu rosto completamente coberto por rugas, faltava um dos olhos, estava coberto por diversas vestes velhas e sujas, suas mãos luvas um pouco rasgadas uma de cada cor, uma vermelha e outra cinza, suas botas eram uma diferente da outra.

O senhor estava ali encarando, não parecia surpreso com o que via, assoou o nariz e falou:

- Você chegou agora não é ? - ele perguntou, mas queria afirmar pelo tom de voz - "foi uma sorte eu telo encontrado antes que fosse esmagado por outro corpo que caísse aqui, meu nome é "Um Olho", por quê como pode ver só tenho um mesmo" - ele disse isso mas não foi em um tom sarcástico.

Ele chegou próximo ao carrinho de mão, parecia ter dificuldades para andar, dentro do carrinho retirou umas vestes bem escuras e entregou falando:

- Vista isto por favor, acho que irá cobrir todo seu corpo. - Entregou as vestes e reparou em algo escrito nelas e logo disse - "Olha aqui está escrito algo na etiqueta " - Pegou a etiqueta a desdobrou e virou para cima - "Sylph, está escrito Sylph, este agora é seu nome".

Tentara pensar no que realmente aquelas palavras significavam, mas quando o velho homem falou só pode acenar com a cabeça, concordando, começou a se vestir rapidamente, pensara em seu nome mas nada vinha a sua mente, era como se sua mente estivesse toda retalhada, as coisas faziam sentido, tinham que fazer, mas outras coisas não se encaixavam e pareciam se perder dentro de si. Tudo o que o então " Sylph" pode falar era:

- "Sim..."- sua garganta doeu ao gesticular a palavra, estava seca, sentia o gosto de saliva mas realmente não havia nenhuma, sentiu a garganta estalar após issu e completou - "Tudo bem".

Um Olho virou se de costas e começou a caminhar enquanto falava:

- As coisas podem estar um pouco confusas para você agora, tente não forçar sua mente por enquanto, apenas me acompanhe, vou levar você a uma pessoa que fará as coisas fazerem um pouco mais de sentido.

Não havia o que fazer pensou Sylph, a situação que se encontrava não fazia o menor sentido, pensava no que poderia ter acontecido, mas realmente não lembrava nada antes da queda, ele sabia das coisas mas não sabia como sabia, esta confusão foi o suficientemente convincente para decidir acompanhar o velho homem, não havia outra alternativa, seu corpo deformado e corpos para todo lado acompanhado do mau cheiro insuportável que fazia o nariz arder, enfim era melhor acompanhá-lo. Respirou fundo, sentiu seu corpo tremer, sentia frio, mas tinha quase certeza de que não fazia frio algum, não havia temperatura alguma.

Começou a acompanhar o velho homem por entre as pilhas de corpos, passaram por cerca de quatro ou cinco, haviam pedaços de corpos de todas as partes, mas não havia nenhum corpo inteiro lá, havia muitas peças de roupas, alguns trapos, panos, sapatos e chapéus. Também pode observar que não havia sangue algum, podia sentir cheiro de sangue mas não havia nenhum, percebeu então que algumas sensações são inversas, talvez um problema com seus sentidos após ter caído de tão alto, mas era muito complicado para se pensar, continuou seguindo o velho, que por sinal, andava bem lento, tropeçou cerca de duas vezes enquanto tentava acompanhá-lo, que por sua vez já parecia estar acostumado a caminhar por ali, tropeçou uma vez em uma mão feminina que estava pela metade, outra, em um perna muito pequena provavelmente de uma criança, só reparou que no pé faltava uns três dedos.

O enjoo começou a passar, o ar estava ficando mais limpo, já conseguia ver em um monte não muito longe algumas casas bem velhas, com algumas luzes acesas nas janelas de trás, então o velho começou a subir uma pequena estrada de pedras que ia em direção as casas, " Estamos perto", disse isto virando se brevemente para traz, franziu a testa e continuou a subir o monte.

Quando estavam mais perto, Sylph pode ver que a estrada acabava passando por entre duas casas muito próximas, um beco não muito espaçoso e escuro, o velho dobrou a direita e enfim estavam dentro da cidade, " Esta é Pequena Dor" disse Um Olho enquanto parava para respirar, " O nome da cidade foi escolhido pelo antigo e já falecido prefeito", suspirou, " nem me pergunte o por que deste nome", sua voz como sempre bem grossa e autoritária, voltou se para a rua e continuou andando.

Conforme Sylph caminhava começou a reparar mais cuidadosamente na cidade, viu que as ruas eram estreitas e escuras, o chão possuía algumas pedras falhadas, haviam poucas pessoas sentadas e completamente cobertas por longos mantos velhos, as casas eram muito parecidas, estreitas, altas e velhas, parecia um padrão da cidade, não havia nenhum lugar aberto, mas era realmente tudo muito sombrio, haviam poucos postes nas ruas mas todos tinham lamparinas, só algumas ainda assim estavam acesas. Um olho dobrou mais um esquina, mirou uma casa no centro desta próxima rua e foi caminhando diretamente na direção dela, era uma casa diferente, tinha uma placa que de onde estavam não era possível ler ainda, mas o que mais a destacava era seu telhado azul.

Sylph estava tão atento a casa que não percebeu o homem que vinha em sua direção cambaleando, os dois trombaram, " Me Desculpe" disse o homem enquanto erguia o chapéu para se desculpar, que por sua vez era muito estranho, Sylph pode ver bem seu rosto quando levantou o chapéu, aquilo o deixou bem impressionado, o homem não tinha metade do seu crânio, nesta metade se encontrava um pequena engrenagem que no momento em que ele falou pode se ver claramente a engrenagem girando.

- Ele se chama Parafuso, acho que você viu que estão faltando alguns milos nele. - Disse Um Olho que não parecia impressionado, mas sim muito habituado a qualquer coisa estranha desta cidade.

Enfim estavam de frente para a casa de telhado azul, já era possível ler claramente o que estava escrito na placa de madeira logo na frente, " Prefeitura de Pequena Dor" logo abaixo umas letras pequenas bem rabiscadas e quase impossíveis de se ler " Atual prefeito: Moogie".

O Velho se aproximou de um homem encapuzado em frente a porta com os braços cruzados, parecia estar só observando a movimentação.

- Este é um recém chegado, seu nome é Sylph, leve o até o "Acolhedor" , estou sem paciência - Resmungou o velho que impressionantemente só deu lhe as costas e começou a seguir seu caminho sem nem olhar para trás.

O Homem encapuzado se aproximou de Sylph, não ouve apresentação alguma ele apenas disse em um tom de voz baixa:

- Entre por esta porta vire a esquerda e depois a direita, você verá uma placa escrita " Acolhedor", apenas entre - Tão breve ele falou que assim mesmo voltou para trás e ficou novamente com os braços cruzados encostados em um pilar ao lado da porta.

Sylph demorou para ter uma reação, a cena foi bem incomum, mas se moveu até a porta, girou a maçaneta e adentrou. " O que está acontecendo aqui?" pensou breve e firmemente.

Lá dentro não havia ninguém, no centro da grande sala havia um balcão enorme e bem mal cuidado, e dois corredores apenas que seguiam por trás do balcão, direita e esquerda, Sylph seguiu bem o caminho que o estranho homem encapuzado falou, nisto tentou nem pensar do por que aquele estranho velho era tão estranho realmente, apenas seguiu o caminho. Logo, chegou em frente a uma porta com uma placa escrita " Acolhedor", encarou a porta por alguns segundos, imaginou o que poderia estar do outro lado, se seria outro personagem tão misterioso e complicado como os que viu até agora, mas na verdade esperava alguem que pudesse dar uma resposta direta sobre o que estava acontecendo, "onde estava?", "quem era?", "o que ouve?", enfim, muitas perguntas.

Então abriu a porta, acabara de adentrar o lugar mais estranho de todos até agora, uma sala repleta de objetos, haviam muitos enfeites, muitas coisas coloridas que enchiam os olhos, alguns objetos eram fáceis de reconhecer como ursinhos, bolas, cubos, triângulos, colares, outros pareciam armações mal feitas e decorações muito mal feitas, no chão ainda haviam muitas bugigangas, objetos que pareciam não fazer o menor sentido, molas, parafusos e alguns arames eram fáceis de reconhecer.

Em frente um balcão pequeno com uma cadeira não muito grande, atrás uma enorme cortina cor de avelã, que provavelmente era uma continuação daquela pequena sala, em cima da mesa tinha muitos papéis, algumas penas e alguns copos com o que seria tinta para escrever, alguns livros em umas estantes mais ao fundo próximo a cortina.

Sylph se aproximou do balcão e observou uma campainha, era obvio que deveria tocar, então logo imaginou que o local não era tão movimentado assim para ter este objeto, havia respingos de tintas na mesa e quando olhou os papéis viu que a caligrafia de quem quer que seja não era também muito boa. Logo tocou a campainha, a cortina atrás do balcão se mexeu, dela saiu uma mulher de porte médio com aparência jovem, usava um enorme chapéu de cor azulada, com alguns detalhes em branco, na base do chapéu pode ver um pouco de pêlo ou algo do tipo, as roupas eram longas, com mangas longas, mas não eram trapos velhos como os da vila, haviam alguns detalhes encaracolados no manto escuro dela, os detalhes eram brancos e bem chamativos.

A mulher se aproximou, Sylph pode ver o excesso de maquiagem branca em seu rosto, sombras nos olhos e um batom preto muito mal passado em seus lábios, então, ela sorriu de fora a fora, esticou a mão para cumprimenta-lo e disse:

- Seja muito bem vindo a pequena dor, uma cidade mal acabada de pessoas retardadas - A mulher gargalhou alto enquanto apertava a mão de Sylph - " Não tem uma cadeira pra você, fique em pé, eu tenho uma então vou me sentar é óbvio não é mesmo?" - Outra risada muito estranha, o sorriso não saia de seu rosto esbranquiçado.

A mulher se sentou, esticou os braços, estalou o pescoço e os dedos das mãos, pegou uma pena mergulhou na tinta, pegou um pedaço de papel em branco, fixou os olhos em Sylph e continuou:

- Muito bem, agora vou explicar tudo que você precisa saber sobre este lugar e responder todas as suas perguntas, está preparado?

Sylph estava com sua atenção voltada para a estranha mulher, seus olhos estavam vidrados nos lábios dela, atencioso a qualquer movimento para capturar o máximo as palavras e entende-las.

- Primeiramente deixe me apresentar - Ela rosnou a garganta e completou - " Meu nome é Sorriso Sorriso, mas realmente não sei por que tenho este nome - Novamente deixou escapar outra gargalhada -" Agora preste atenção".

Sorriso Sorriso se levantou e pegou em uma das prateleiras um livro grande bem velho, colocou sobre a mesa e o abriu.

- Agora para você entender melhor a minha função como "Acolhedora" desta droga de cidade - risos -" é infelizmente dar as primeiras instruções aos recém chegados neste mundo maravilhoso"- Deu uma pequena risada e começou a folear o livro.

Sylph se ajeitou na cadeira pois já estava escorregando, pensou um pouco sobre o que estava acontecendo ali e decidiu falar a primeira coisa que vinha a sua mente.

- Onde - gaguejou- "eu estou?".

Como esperava, Sorriso Sorriso gargalhou outra vez e desta colocou a mão sobre a barriga e parecia rir cada vez mais alto.

- Poxa meu querido, todos sempre me fazem essa pergunta - Agora abafando as risadas com a mão - "Para explicar melhor o que está acontecendo, deixe me lhe contar uma história.

Os olhos dela se voltaram para o livro e começou brevemente a ler, conforme as primeiras palavras saiam, Sylph se sentia completamente imerso na história.

"Ninguém sabe realmente por que esta neste lugar, nós chamamos este mundo de " O MUNDO AVERSO", por que entendemos que neste mundo as coisas não fazem sentido, mas não sabemos como entendemos, mas então o que realmente sabemos? Tudo bem vamos lá!

Tudo começa quando caímos neste mundo com nossos corpos desfigurados, temos consciência de que não éramos assim, sabemos que as coisas a nossa voltam são incomuns e parecem não fazer sentido, tudo por que quando chegamos neste mundo, não temos toda nossa memória, mas sim uma parte dela, sabemos apenas de coisas básicas que nos ajudam a viver aqui, não sabemos nosso passado, de onde viemos e como chegamos até aqui.

Mas tudo que posso escrever para vocês como atual prefeito Moogie, são coisas que pude perceber durante muito tempo vivendo aqui em Pequena Dor, vou tentar resumir brevemente as poucas coisas das quais tenho conhecimento.

Primeiro: Nunca tente pensar no por que você pensa, você pode acabar enlouquecendo e tente se acostumar com tudo que vê e com sua própria aparência, ou seja, não pense muito a respeito.

Segundo: Como podem ver existe um nevoeiro ao redor de todo vilarejo, jamais o adentrem, lá existem as criaturas chamadas DAIMON, explicadas na página 156.

Terceiro: As pessoas aqui simulam uma espécie de vida, mas todos são igualmente tristes, não questione ninguém por ser como ele é, pois ninguém sabe quem realmente é por aqui.

Quarto: Seus sentidos demoram a voltar completamente, eles ficam por algum tempo estranhos, mas em breve voltam.

Quinto: A melhor coisa que pode te ajudar nos primeiros momentos é aceitar tudo que acontece a sua volta."

Sorriso Sorriso, passou a frente algumas páginas, olhou para Sylph com aquele sorriso muito estranho e comentou:

- Calma que tem mais um pouquinho - Soluçou e sorriu, enquanto passava o dedo pela página cuidadosamente parecia procurando por algo, derrepente parou - " Achei".

Sorriso Sorriso fez uma pausa e a pequena sala foi tomada pelo silêncio, Sylph ainda estava filtrando as palavras que acabara de ouvir do livro que ela leu, realmente entendeu que não havia necessidade de pensar muito a respeito, quando mais forçava mais se perdia dentro de sua mente, respirou fundo e realmente se forçou a aceitar, assim as coisas ficaram mais claras, mas não totalmente.

A respeito do nevoeiro e os DAIMON, aquilo foi mais impactante, "o que afinal era aquilo? como assim? ir lá pode causar a morte por acaso?, essas criaturas como e por que vivem lá?" pensou consigo mesmo e acreditava já estar morto no momento que chegou, mas isto esclareceu que certamente ele não estava morto, principalmente se o antigo prefeito já morreu, novamente achou melhor não pensar muito a respeito, assim sentia um certo alivio.

Sylph entendeu e aceitou as ultimas palavras que foram ditas, olhou para Sorriso Sorriso e agora entendeu o significado dos nomes, todos associavam com coisas mais fáceis de lembrar, então não os forçava a pensar o por que realmente não tinham um e o fato do por que não tinham um, enfim aceitar essa realidade tornaria tudo mais confortável.

- Bom continuemos essa droga- Suspirou Sorriso Sorriso enquanto deixava escapar um sorriso pelo canto da boca.

Parecia que estava re lendo o que estava escrito, certamente não era um ser com uma boa memória.

" DAIMON:

São criaturas que vivem no nevoeiro, por alguma razão só conseguem viver lá dentro, eles parecem perseguir aqueles que lá adentram, eles não possuem uma forma especifica, cada um parece ser de um jeito, alguns são mais fortes outros mais fracos, mas em comparação a nós, são todos mais fortes.

(Informações coletadas por pessoas que dizem ter sobrevivido, uma delas conhecida na cidade se chama "Porta Trecos")

Cuidados: Não entrem no nevoeiro."

Eram poucas as informações ali contidas, o que provava que ninguém se arriscava ir no nevoeiro, assim pensou Sylph. Claro que ele não entraria no nevoeiro, mas a curiosidade alguma hora falaria mais alto, em algum momento Sylph pensaria em ir.

*Mas a atenção se volta para a pequena sala repleta de bugigangas no centro do vilarejo com seu estranho telhado azul, onde a estranha mulher Sorriso Sorriso tentara ajudar o recém chegado Sylph.*

Sorriso Sorriso terminou de ler fechou o livro e se levantou para colocar o livro na estante, quando se sentou olhou para Sylph e começou a falar, tudo isto claro sem tirar o enorme sorriso do rosto.

- Alguma Dúvida? – Falou.

- Eu acho que não, mas estou realmente perdido e confuso com tudo isto, na verdade eu realmente não sei! – Respondeu Sylph.

- Tudo bem é completamente normal, mas pense que tudo isto é comum, assim como diz no livro, será mais fácil – risos.

Sorriso Sorriso se curvou para abrir uma gaveta sobre a mesa, ao abrir havia uma xícara vazia, ela pegou e começou a fingir que estava tomando algo, Sylph percebeu isto ao notar que quando ela virara a xícara não havia nada dentro. Pensou consigo mesmo como aquela mulher não fazia o menor sentido, mas se bem que ele lembrou algo a respeito do livro sobre não questionar como as outras pessoas ali são.

- Mas acho que entendi, já me sinto mais tranquilo – Suspirou.

- Que bom, vou pedir para alguém vir buscar você, provavelmente será a Cynthia você irá gostar dela – risos- ela irá levar você para um local onde você vai poder viver nesta maldita cidade.

- O que há do outro lado do nevoeiro? – Sylph interrompeu Sorriso Sorriso.

Ele apenas falou por curiosidade, não havia pensado como falar aquilo naquele momento, mas realmente não estava atento ao que ela falava, a curiosidade em saber o que tem do outro lado, se existem outras cidades, outras pessoas como aqueles que vivem naquele vilarejo, se alguém provavelmente já saiu daquela cidade em busca de alguma resposta, realmente queria saber se existia alguma resposta em tudo aquilo que estava acontecendo, mas sempre que começa a pensar sobre isto, se lembrava do livro escrito aliás pelo atual prefeito, ao que parece realmente entedia mais do assunto do que eles, então não havia sentido discutir este tópico afinal?, bem Sorriso Sorriso como de costume deu uma gargalha bem alta, mas Sylph já estava se acostumando, ela parou e então respondeu:

- Ninguém jamais atravessou a neblina por que é impossível, muitos morreram tentando, uma maravilha – Ela parecia ter se empolgado- “Só não faça nada idiota” – Completou.

Ela parecia bem estranha, mas não era como o estranho Um Olho, que era realmente suspeito, deveria saber de algo mas nunca iria contar para ninguém, Sorriso Sorriso parecia não se importar mesmo em falar quaisquer tipos de assuntos, na verdade parecia se divertir com qualquer assunto, principalmente se o assunto for relacionado a morte de alguém.

- Agora vou lá chamar a Cynthia – Quando terminou de falar , ela se levantou e disparou um grito muito bizarro – “CYNTHIA VENHA AQUI POR FAVOR SUA IDIOTA”.

Realmente era uma pessoa que fazia coisas inesperadas, mas quase ao mesmo instante em que gritara, Sylph pode ouvir a porta logo atrás dele se abrindo, ele se virou devagar para olhar, esperava outa pessoa estranha entrar com estranhos hábitos e um modo de agir muito fora do comum, se é que ele sabia o que era comum, mas quem entrou por aquela porta foi uma jovem garota muito bonita aliás.

- Olá queira me acompanhar vou levar aos seus aposentos – Sorriu de uma forma bem meiga, muito cativante.

Sylph se impressionou com quem entrara, fez com que ele olhasse para ele mesmo e reparou como estava, seus cabelos longos pretos tocando os ombros, uma grande roupa preta cobrindo seu corpo, essa roupa doada pelo Um Olho e com metade do rosto coberto por um pedaço de pano que retirou de suas vestes, mas com a ajuda do cabelo ajudava a tampar também.

Cynthia já era completamente o oposto, roupas muito limpas e brancas, usava um vestido longo branco com alguns detalhes pretos e rosas, os detalhes pareciam flores, luvas enormes que cobriam toda seu braço e até sua mão, um cabelo curto até a orelha, com cabelo avermelhado, também usava maquiagem mas não tão em excesso igual a Sorriso Sorriso, havia algumas ataduras no rosto cobrindo as bochechas.

Sylph ficou ali parado imóvel por algum tempo, pensou em responder mas realmente não conseguia.

- Anda logo porcaria de criatura, vai com ela – Falou Sorriso Sorriso em um tom irônico.

- Sim tudo bem – Falou Sylph, quase que gaguejando.

Uma ultima olhada na pequena sala que ficou por um longo tempo, mas alguma coisa no meio dos inúmeros objetos chamou atenção de Sylph, entre um vaso trincado e um pedaço de dedo, havia uma máscara pela metade, do lado exato aonde o rosto de Sylph estava deformado, ele pensou em pegar, mas esitou ficou parado olhando por um momento, o suficiente para Sorriso Sorriso notar.

- Pode pegar essa porcaria, mas ande logo e saia daqui, estava costurando uma nova roupa pra mim e você me atrapalhou – outra gargalhada – “Pegue e suma daqui”.

A ultima frase ela retirou o sorriso do rosto, definitivamente não precisava falar novamente, agora parecia estar falando sério, era melhor sair, claro era melhor ficar com a Cynthia que parecia bem mais normal que aquela mulher, Sylph se dirigiu até a máscara, rapidamente a colocou sem deixar com que Cynthia olhasse diretamente para ele, quando terminou de colocar, nem se despediu por que Sorriso Sorriso já havia atravessado a cortina e desaparecido.

- Tudo bem o local aonde vamos é o prédio da esquina, não muito longe então só me acompanhe – Cynthia falou.

Não era preciso falar novamente, ambos saíram pela porta, mesmo que Sylph ainda estivesse processando toda aquela informação contida no livro, sua atenção agora se voltava para Cynthia, começou a pensar bem nela, tanto que nem viu que em alguns instantes estavam do lado de fora da prefeitura, ao lado próximo do pilar um estranho homem encapuzado, Sylph não tinha certeza se era o mesmo, a postura era diferente.

A rua continuava a mesma coisa, sem graça e sem ninguém, Sylph pensou em falar algo para Cynthia no momento em que estavam caminhando, mas nenhuma boa frase vinha em mente, percebeu que ela se dirigia para a casa em linha reta a direita na esquina, sabia então que não ficaria muito longe da prefeitura caso queira voltar a falar com a estranha mulher maquiada, talvez, realmente não quisesse voltar para conversar.

Enfim logo estavam de frente para uma casa da esquina, era igual a todas as outras, uma casa longa sem cor e velha, Cynthia parou bem enfrente, havia uma enorme placa escrita “Hotel” abaixo podia se ver um numero seis que não fazia nenhum sentido mesmo.

- Tome aqui sua chave, o quarto é o numero oito – Falou Cynthia enquanto retirava do bolso uma chave pequena com o numero oito cravado nela – “Tome” – Ela se aproximou para entregar.

Sylph recebeu a chave das mãos dela, que por sinal pelo pouco que tocou eram frias, ela não falou mais nada, deu um pequeno sorriso e começou a se distanciar, “Até”, foi a ultima coisa que ela disse, mas foi um sussurro bem baixinho, Sylph quase não ouviu. Ele pensou em responder mas novamente não surgia nenhuma frase em mente é como se estivesse completamente mergulhado em um branco total.

Ele se virou para a casa a qual Cynthia o levou, apertou a chave, suspirou novamente com os olhos fechados, ainda estava com medo isto era inevitável, perdido, confuso e sozinho.

- Tudo bem, vamos lá – Disse para ele mesmo enquanto se dirigia para a entrada da casa com a chave em suas mãos fechadas.

Neste ponto Sylph se define como alguém que parece estar aceitando bem os fatos ocorridos, possui um bom controle de si mesmo, pensando de forma lógica, mas ainda faltava despertar muito dos seus sentidos.

Uma semana havia se passado desde que Sylph chegou ao estranho vilarejo de Pequena Dor, completamente acostumado com o local, agora desempenhava o papel de ajudante do Sr.Seguro, que era basicamente ajudá-lo a colocar bandeiras de sinalização em torno dos limites do nevoeiro em torno da cidade, um trabalho bem simples mas que sempre despertava a curiosidade de saber o que há do outro lado.

Sylph fez uma grande amizade com Cynthia neste tempo, passavam muito tempo conversando sobre como eram as coisas na vila e como poderiam ter sido as coisas antes de terem chegado lá, uma coisa curiosa que descobriram e foi anotado no livro do prefeito Moogie foi que quando tentavam imaginar uma vida antes de terem chegado, no dia seguinte eles sempre esqueciam, ele agora era uma pessoa séria, esforçado, tentava ajudar ao máximo as pessoas do vilarejo, mudou um pouco o cenário do local, pois o que antes era um vilarejo sem vida alguma com suas ruas totalmente vazias, agora parecia estar com um pouco mais de vida.

Uma das melhores amizades que Sylph fez foi com Divane, a mulher responsável por ajudar na aparência das pessoas do vilarejo, pois era muito atenciosa e gosta muito de contar histórias imaginárias de como era o mundo atrás do nevoeiro, mas, umas das piores amizades que Sylph fez foi com o velho Um Olho que desde que o deixou na porta da prefeitura a uma semana atrás nunca mais conversaram. Mas nunca conheceu o prefeito Moogie, as pessoas da vila diziam que ele nunca saia de seu escritório na prefeitura, “Alguém é normal naquela prefeitura?”, pensava ele. O local que Sylph morava era bem simples, ele não gostava muito de guardar coisas, preferia ver seu quarto o mais limpo possível e com poucos objetos.

As ruas da cidade se tornaram mais movimentadas pois pode se dizer que Sylph promoveu a conversa entre os habitantes, algumas pessoas não gostaram muito desta mudança, como é o caso de Sorriso Sorriso que quando saia de seu escritório, em ocasiões raras, gostava de rosnar quando passava por perto de pessoas que estivessem conversando, também não tinha mais aquele sorriso exagerado no rosto e nem tanta maquiagem no rosto.

Agora Sylph e Sr.Seguro se dirigiam para o lado sul do vilarejo, o velho Um Olho havia falado que ao passar pelo local pela manhã percebeu que uma das bandeiras estava possivelmente danificada, possivelmente por que ele disse que não queria se aproximar tanto só para observar se estava tudo bem, logo comunicou ao Sr.Seguro.

Agora ambos estavam seguindo para o local, Sr.Seguro que era um homem de meia idade aparentemente, pois sua memória certamente era de alguém jovem, Sylph era responsável por carregar as bandeiras novas, elas eram de cor avermelhada ou cinza, pois não haviam muitos tecidos de outras cores, lembrando que tudo que ali chegava, caia no “local das quedas” aonde Sylph chegara aquele mundo, ele realmente não gostava de carregar a bandeira, mas não haviam outras funções que despertara a curiosidade dele.

Passaram por algumas pedras grandes ao descer um morro que era um caminho para fora da cidade rumo aos limites do nevoeiro, então Sylph pode ver aquele enorme nevoeiro que parecia uma enorme muralha branca, ele era realmente muito denso e quase impossível mesmo perto enxergar alguns centímetros a frente, mas ele já estava acostumado com aquele tipo de visão, além do que neste tempo que esteve na vila nunca viu um dos tais DAIMON passando por ali.

Chegando enfim na bandeira estragada, viram que Um Olho estava certo, mas algo era muito estranho na forma como a bandeira estava estragada, de fato ela estava muito próxima ao nevoeiro, era possível ver que cerca de três centímetros já tocaria a bandeira, a pergunta era “ Por que, esta bandeira foi colocada tão próxima assim.

Sr.Seguro retirou seu capuz, pela primeira vez deixando Sylph ver seus cabelos cinzas caindo sobre seus ombros e cobrindo também seu rosto, ele se virou e parecia preocupado.

- Não me lembro de ter colocado esta bandeira tão próxima assim – Suspirou – “ Realmente não coloquei assim tão próxima, me deixa preocupado”.

- Mas por que te deixa preocupado? – Perguntou Sylph, que ainda tentava enxergar mais claramente a bandeira que era tapada pelo enorme roupão de Sr.Seguro.

- Veja – Ele mesmo mostrou a bandeira, e claramente era possível ver enormes rasgos nela, o formato de um deles pareciam garras ou uma mordida, na certa era um DAIMON.

O que Sr.Seguro então queria dizer era algo como, um DAIMON fez aquilo, provavelmente pelo nevoeiro estar tão próximo era fácil para um alcançar e destruir, mas por que a bandeira estava tão próxima? Era uma pergunta que então tivera resposta.

- Isto é algo que suspeito Sylph, algo que venho observando desde que tenho esta função – Suspirou fundo – “O Nevoeiro vem se aproximando da cidade e esta ficando cada vez mais rápido “– Começou a respirar mais rapidamente, realmente parecia preocupado – “Precisamos avisar o prefeito, pois, esta bandeira estava no mínimo uns 20 metros daqui “.

Ele se virou para a bandeira e começou a puxar a bandeira estragada, parecia desesperado, realmente Sylph sentiu que era uma situação complicada e uma situação muito séria.

- Rápido venha comigo, temos que comunicar o prefeito, pegue... – Foi interrompido brutalmente.

Uma garra enorme saiu de dentro do nevoeiro e com um único movimento rápido decapitou Sr.Seguro, o sangue começou a jorrar instantaneamente, a cabeça caiu no chão e começou a rolar, só parou nos pés de Sylph, que estava ali pálido, sem nenhum movimento, sua mente se esvazio, não conseguia nem ao menos pensar, começou a soluçar aos poucos enquanto via a enorme garra desaparecendo aos poucos por dentro do nevoeiro, era uma cena assustadora, sentia seu corpo muito frio e não havia nenhuma reação, sua vista começou a sumir aos poucos, tudo ficou escuro.

“Era uma vez, um garoto chamado Prince e vivia no mundo dos homens triangulares, era um garoto muito magro e por este motivo sempre era motivo de piada entre as pessoas de sua cidade, pois ele não era triangular mas sim uma pessoa que parecia um retangular, mas ele parecia não se importar com isto, as pessoas não poderiam ferir ele por este motivo, afinal era uma pessoa muito bondosa e desejava encontrar alguma pessoa que fosse semelhante a ele, certo dia...”

Divane foi interrompida pelos soluços de Sylph ao acordar meio assustado após o ocorrido, ela estava sentada ao seu lado com um pequeno livro em mão, aliás um livro escrito por ela mesma, Sylph de relance pode ver o nome, “O Mundo Triangular”, mas estava ainda vidrado no que acabara de acontecer.

- Calma descance, você está em casa, o prefeito Moogie o chamou para conversar na prefeitura, ele irá explicar tudo, por enquanto descanse – Falou sem pausa divane.

Sylph entendeu as palavras e relaxou, tentou não pensar nas cenas que viu, mas era inevitável pensar, queria perguntar como foi parar ali, mas decidiu não, não entendia a situação mas decidiu que era melhor não fazer nada, queria que DIVANE continuasse a história, parecia que assim conseguiria esquecer o que ouve por um tempo, claro por que as histórias nunca faziam muito sentido.

- Deixe me começar outras, você me interrompeu na outra – Ela retirou outro livro da bolsa e começou a ler.

“ Era uma vez um menino chamado Prince, ele era uma pessoa muito solitária, pois ninguém gostava de suas orelhas grandes, mas Prince não era um menino normal, odiava mais a si mesmo do que as outras pessoas, por este motivo, decidiu cortas as orelhas...”

- Tudo bem apenas me deixe dormir – Assim falou Sylph, de uma forma que pudesse impedir que ela continuasse.

- Sim claro, também não estou com histórias muito boas hoje - Sorriu.

Alguém bateu na porta, “Entre”, falou DIVANE em um tom de voz alto, a porta se abriu e quem chegou foi Cynthia com um expressão de preocupada no rosto.

- O prefeito esta chamando você Sylph.

Após muito se contorcer e pensar quando percebeu, já estava na prefeitura de em frente a uma porta enferrujada, com uma placa escrito “ Prefeito – Moogie” , Sylph foi acompanhado até a prefeitura por Cynthia, que o deixou sozinho lá e pediu para que entrasse sozinho, conforme Moogie pediu mesmo.

Moogie mesmo sendo o prefeito da cidade não era muito conhecido pelos habitantes de Pequena Dor, então despertava duvidas e curiosidade de Sylph a respeito de como seria esse prefeito misterioso. Mas mesmo com isto em mente não hesitou em abrir a porta e adentrar a misteriosa sala.

Uma sala escura, com visibilidade baixa, a visibilidade na verdade era maior em uma mesa ao fundo onde já era possível ver alguém sentando que lógico era Moogie, Sylph se aproximou e mesmo assim não conseguiu se quer ver o rosto dele, nem ao menos enxergava qualquer coisa a sua volta.

Ele pode sentir uma cadeira tocando sua mão, decidiu se sentar, quando se sentou uma voz firme e grossa falou:

- Olá recem chegado, bem vindo .

Sylph se assustou um pouco , Moogie chegou para frente e encostou na mesa e assim ficou próximo a luz, agora era possível ver como ele era.

Um homem alto careca, um pouco magro mas com uma enorme barba, usava óculos escuros no mais não era fácil enxergar com clareza pois a luminosidade realmente dificultava muito, mas quando os olhos começaram a se acostumar com a escuridão pode observar um frasco em cima da mesa ao lado da mão esquerda de Moogie, lá tinha dois olhos e um dedo, era uma visão perturbadora.

- Preste atenção – Ele começou a falar – “Fiquei sabendo o que aconteceu, Sr.Seguro foi morto e pelas evidencias encontradas por Vasculha, ele foi morto por um DAIMON.

- Sim exato – Completou Sylph.

- Muito bem, te chamei aqui para perguntar se ficou sabendo de mais alguma coisa, se sim, por favor diga – Parou de falar e virou-se olhando fixamente para Sylph.

Pensara em falar como aconteceu, mas parece que Vasculha já havia feito o trabalho, se bem que era muito evidente o que aconteceu, mas Sylph não estava muito ambientalizado com a situação na verdade começou a se questionar o que estava fazendo ali, contudo lembrou-se das ultimas palavras de Sr.Seguro, sobre o nevoeiro estar se aproximando da cidade.

Brevemente falou para Moogie exatamente o que Sr.Seguro lhe contou, quando terminou reparou que ele agora apertava firmemente o braço da cadeira que estava sentado.

- Não vejo mentira no que me falou, mas não entendo por que Sr. Seguro não havia me contado antes. – Resmungou Moogie.

- Provavelmente ele também não tinha certeza. – Falou Sylph de forma insegura.

- Entendo, mas se isto estiver realmente acontecendo, não há nada que eu possa fazer – Franziu a testa – “Olha é melhor que você também não conte nada a ninguém”.

- Mas por que? As pessoas do vilarejo deveriam saber – Retrucou Sylph.

- Mas o que poderíamos fazer? Absolutamente nada.

- Como? As pessoas ficariam em perigo – Sylph falou em tom tom um pouco mais alto demonstrando sua indignação.

- Sim estaríamos, mas não a nada que possamos fazer contra um DAIMON, entenda – Suspirou – “Entenda que existem DAIMON’s com força suficiente para derrubar uma casa”.

- Como você pode saber disto?.

Moogie abaixou a cabeça demonstrando estar pensativo, algo surpreendente estava para contar, esperava-se que fosse algo que explicasse e muito tempo os atos de agora pouco, simplesmente não poderiam lutar? Ou tentar fugir deles, não era possível que o nevoeiro fosse tão perigoso assim, poderiam encontrar um local mais seguro do que esta vila.

- Olha Sylph, eu já me aventurei por dentro deste nevoeiro – Ele se afastou da mesa e o que se percebeu era que na verdade ele estava sentado em uma cadeira de roda – “Foi isto que aconteceu por ficar cerca de dois minutos lá dentro” – Voltou ao seu lugar- “É impossível sair, de alguma forma, eles farejam agente.

Não poderia deixar as coisas assim, Sylph sentiu que poderia fazer algo, não poderia ser simplesmente o fim caso o nevoeiro chegasse, mas se bem que ele viu aquela enorme garra decapitando Sr.Seguro, aquilo foi aterrorizante de fato.

- Vou te contar a história de como o antigo prefeito veio a falecer, você entenderá melhor. – Se encostou mais adequadamente na cadeira e começou.

“ Os limites do vilarejo ou cidade de Pequena Dor, quatro pessoas estavam vistoriando as bandeiras em torno do nevoeiro, eram eles , Sr.Seguro principal responsável pelas bandeiras, Prefeito Um atual prefeito de pequena dor, Moogie o ajudante do atual prefeito e Zozo ajudante de Sr.Seguro.

Os quatro foram até a parte leste para averiguar estranhos ruídos que estavam provindo das entranhas do nevoeiro, ao chegarem no local os quatro se depararam com muito sangue e pedaços de corpos, eram de crianças e eram crianças de Pequena Dor.

- São os pedaços dos três irmãos , Bog,Bug e Bum, deveriam ter ouvido o som e adentrado o nevoeiro- Disse Um.

- Mas aqui tem apenas duas pessoas, falta um dos irmãos – Completou Sr.Seguro.

- Exato, podemos ir um pouco dentro do nevoeiro para ver se encontramos no minimo o corpo ou a criança com vida – Um.

- Não seria muito arriscado? O barulho ainda não parou, esse xiado pode ser de um DAIMON muito próximo – Zozo falou amendontrado tentando se esconder atrás de Sr.Seguro.

- É só uma criança, vamos rápido talvez ainda estava com vida – Terminou Um.

Um já se jogou dentro do nevoeiro, parecia realmente preocupado com a segurança da criança, pois, de fato era uma pessoa boa, havia conquistado o respeito de todos do vilarejo...

Os outros então o seguiram nevoeiro adentro, o que não esperavam era que não iriam conseguir enxergar uns aos outros, Um seguia cautelosamente sem fazer barulho observando até mesmo o chão que pisava, mas então ele ouviu:

- "Socorro, mas que droga, alguém..."

Parecia ser Zozo gritando desesperadamente, foi quando Um viu que ele vinha em sua direção, correndo ele esbarrou em uma árvore, Um se escondeu sabia que alguma coisa o estava perseguindo, não poderia fazer nada.

Não muito longe dali quem acabara de encontrar os pedaços das crianças mortas foram Moogie e Sr.seguro, que estava pálidos com a cena, mas logo voltaram a si ao ouvir os gritos de Zozo. Começaram a seguir os gritos e puderam ver a alguns metros o Um encostado em uma árvore.

Um que estava mais próximo pode ver tudo de perto e era algo assustador, dois DAIMON cercaram Zozo, eram enormes , pareciam lobos gigantes e em seus corpos haviam muitos sangues, as garras eram enormes e prateadas, pareciam duas enormes facas, um deles estava com uma cicatriz no olho o que o tornava mais horripilantes.

Eles começaram a cheirar Zozo que esta se urinando nas calças, gaguejando e não conseguia falar, Um sabia que era o fim dele, não deu outra, os dois enormes DAIMON abocanharam Zozo e rapidamente estriparam ele, bem que ele tentou gritar mas o ataque rápido dos DAIMON logo o calou, pois os pedaços de sua cabeça estava voando para todos lados.

Um estava paralisado, vagarosamente se virou para tentar sair dali, ele viu ao longe Moogie e Sr.Seguro em pé parados. Congelados.

Moogie não viu muito bem, mas tinha certeza que Zozo já estava morto, afirmava isto pela expressão no rosto de Um, que não estava muito longe e era possível ver.

- Melhor corrermos Moogie - Disse Sr.Seguro - "Todos morreremos assim, Um já esta preparando para correr, então vamos também "- Completou.

Era óbvio que iriam correr.

Um acidentalmente pisou em um galho seco, que se partiu, fazendo um barulho alto, o suficiente para os DAIMON ouvirem, mas não foram aqueles com aparência de lobo que o pegaram.

Um DAIMON serpente escorregou da árvore que Um estava encostado, enrolou seu corpo nele e o levou para cima, entre os galhos secos da árvore até sumirem, um cena rápida e tudo que Moogie e Sr.Seguro podiam fazer era correr, com os DAIMON ocupados, eles conseguiram sair.

Definitivamente...Nunca mais voltariam dentro do nevoeiro.

Saah__
Enviado por Saah__ em 19/05/2015
Código do texto: T5247099
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