UM CONTO PSICOPATA

UM CONTO PSICOPATA

Esperava pacientemente uma vítima dias após dia na mesma hora e local. Nas mãos quentes luvas negras, coração gelado... O sangue que nele corria não é humano... Inúmeras vítimas sentiram suas garras, sua força, agilidade e inteligência. Profundas dores sentiram... Outras não muito; foram arrebatadas como coelhos num matadouro. As mortes não eram iguais e não seria diferente agora. Ao entardecer, aconteceu: O serial killer encontrou sua vítima... (Em um crepúsculo vermelho, de um dia de outono e de longe se ouvia os sinos da igrejinha)... Era um senhor. Olhou fixamente aquele homem com uma cachorrinha vira-lata amarrada na corrente; contente andava com seu dono. Por alguns minutos analisou com certo sarcasmo: - Que senhor distraído e singelo! Talvez nem saiba assoviar! - Posso até ver borboletas em sua volta e os colibris beijando suas pupilas... Já vi uma cena assim naquele filme “Alice no país das maravilhas”; onde um velhinho andava numa calçada de ouro e falava com um esquilo de botas... Esquilo? Acho que era um guaxinim – (?). Sei lá! – Continuou a analisar: camisa branca, jaqueta também, cachorrinha branca de manchas café com leite (O vermelho se destacara)... Sussurrou com voz baixa e um sorriso demoníaco -. Foi então que a pobre vítima se aproximou... O psicopata segurava em uma de suas mãos um ponto 50, em outra um palito de churrasco - (o pobre e bondoso senhor mal sabia o que havia de acontecer naquele dia frio). Foi quando de súbito, a cachorrinha começou a latir afoitamente, assustada com algo - (talvez a esperta mascote tivesse sentido a maléfica intenção do psicopata)... Não era um cão treinado, era apenas motivada pelo amor que sentia pelo seu dono. (Latia agora; desesperadamente de frente ao “serial killer”...). "Ele" delicadamente guardou sua arma e afoitamente jogou o palito. A valente cachorrinha continuou a latir... Alertando toda vizinhança. O dono meio que envergonhado pediu desculpa e disse (talvez fosse um gato). Assim, o psicopata, agora um cidadão comum, afirmou com um sorriso e certa insatisfação; - “DEVE SER”! E pensou: - Agradeça muito a sua cadela, “seu senhorzinho”, ela salvou sua vida!

Jorge Cunha
Enviado por Jorge Cunha em 13/05/2015
Reeditado em 14/05/2015
Código do texto: T5241039
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