As vozes dos mortos.
As vozes me perseguem. Em meus sonhos elas me acham, tentam se comunicar comigo. Porém tudo que escuto são gritos, vozes e sussurros repletos do pavor, horror e medo. Todos pedindo a salvação.
Isso começou quando eu tinha 12. O que poderia estar causando isso era algo misterioso e desconhecido. Já se passara 5 anos desde q eu comecei a ouvi-las pois agora já teria 17. Quando tentei contar a minha mãe sobre tais vozes, ela simplesmente achava que eu estava louca até que começou a se irritar ao perceber que eu iria tocar neste assunto novamente. Meus pais eram separados. Eu morava com minha mãe e meus dois irmãos.
Certa noite as vozes não paravam de me chamar e pedir por socorro. Estava mais forte que normalmente então decido tomar um bom copo de água gelada para ver se poderia me acalmar.
A medida que me aproximo da cozinha as vozes aumentam. Quando abro a porta da geladeira, sinto a luminosidade de seu interior ofuscar meus olhos. Pego a água e então dou um fim a esta luminosidade.
Instantes antes de tomar meu primeiro gole escuto um grito familiar em minha mente, este era diferente. Eu conhecia esta voz de algum lugar mas não conseguia recordar o dono da misteriosa voz. O grito continua cada vez mais intenso, começo a tremer e logo em seguida escuto o barulho do copo que agora encontrava-se estilhaçado no chão.
Surge uma onda de pavor e aflição. Começo a gritar desejando que tudo isso acabasse. O terror vai se intensificando em minha mente. Meus joelhos agora já haviam perdido sua força e eu me encontrará caída no gélido chão.
Sinto algo morno escorrer por meu pescoço. Quando encosto minha mão para ver o que poderia ser sinto uma dor estridente e percebo q estou sangrando. Corro com certa dificuldade até o banheiro deixando para traz um rastro de sangue. Ao me olhar no espelho, meu rosto reflete puro espanto. Estava encoberta por pedaços de vidro. Pequenos e médios, todos fincados em meu rosto porém o que mais me chama atenção e um longo e afiado pedaço de vidro que se encontrava profundamente cravado em meu pescoço. A confusão predomina minha mente. Começo a pensar como eu poderia estar viva com tal objeto cravado em meu pescoço. Começo a tentar pensar melhor quando escuto um grito vindo da cozinha. Era minha mãe.
Ajoelhada no chão com o rosto cheio de lágrimas e com uma expressão de profundo sofrimento. Ela estava ajoelhada ao lado de um corpo, o meu corpo. Quando percebo que já me encontrara morta.
Ela vira em minha direção e em seu rosto o que era sofrimento se transforma em ódio e angústia. Ela grita " sua aberração. Saia daqui sua criatura do diabo. Vá para onde voce deveria estar e não volte mais"
Eu tento chamá-la para que ela me escutasse porém isso só trouxe as piores palavras possíveis para o momento " eu não sou a mãe de uma aberração do diabo. Desapareça de minha frente coisa ruim".
Com os olhos cheios de lágrimas saio correndo de um lugar que costumava chamar de lar e que agora se transformara em um lugar sombrio e solitário.
Correndo desesperadamente e
E perguntando o porque de tão hostis gestos comigo e como poderia me ver se eu já estava morta.
Quando uma luz de uma carro vindo em minha direção me puxa de volta a realidade. Não consigo me mover ou correr. A cada instante ele se aproxima mais, até que reconheço a pessoa a qual o dirigia. Ele é.....