Perdidos
Os dois garotos andam pelos campos, cada vez mais longe de casa.
Correm e se empurram como todo adolescente na idade deles faria.
Seus rostos felizes e afogueados pela correria.
Algumas horas depois eles chegam ao limite dos campos e entram ressabiados na mata.
As árvores finas mostram o céu entre as copas e pela altura do sol os dois percebem que não é nem meio dia.
Penetram cada vez mais fundo na mata e as árvores se tornam mais grossas, mais úmidas em seus troncos sólidos.
Eles perseguem os insetos que não vêem naturalmente na cidade onde vivem.
Mesmo no sítio do avô de um deles não se encontra aquela abundância de formas e cores como na natureza onde andavam agora. ruídos de aves e pequenos animais, o cantar de uma infinidade de seres enchem seus jovens olhos.
Beberam da pura água do riacho e comeram suas bolachas e chocolates.
Andaram mais e mais e logo as copas das árvores estão tão fechadas que eles não conseguem ver o céu.
- acho melhor a gente voltar. - alerta um deles.
Eles andam a esmo, não marcaram o caminho. Não sabiam o caminho.
Eles vão em várias direções.
Foram, voltaram e não conseguiram achar a saída.
Sentaram e choraram.
Horas depois a noite chega e com ela o frio. Os dois dormem aterrorizados com os insetos, os animais percorrendo a mata e os ruídos da floresta.
O outro dia vem e eles tentam novamente chegar em casa.
E outra noite vem, seguida se muitas outras.
A fome se torna uma constante.
Muitos dias depois, ao fazer sua ultima refeição à beira do rio, um dos jovens escuta algo familiar.
Homens gritando, cachorros.
Estão procurando pelos dois.
Ele pula feliz.
Quase grita de felicidade.
Então engasga com a ultima refeição e coloca a mão na boca horrorizado.
Ainda tem na boca um pedaço do amigo quando os bombeiros o encontram.
Fim