UM CADÁVER NO MEU JARDIM (cap. 7)
O domingo amanheceu ensolarado e perfeito para a festa de Marília e Carlos. Cris e André, no entanto, tentavam disfarçar o nervosismo contando piadinhas e não arredando pé do jardim. Carlos soltou Poncho logo de manhã cedo para terror dos rapazes que não desgrudavam do animal nem por um instante. De repente, Amanda surgiu perto deles e perguntou:
- Por que vocês não deixam o Poncho em paz?
Os três irmãos se encararam por longos dez segundos em silêncio. Cris abriu a boca para responder alguma coisa, mas faltou voz. André retrucou tentando demonstrar normalidade:
- Nós gostamos muito do Poncho.
- Ah… - fez ela.
Os convidados começaram a chegar. Diversão e animação tomaram conta do ambiente, contagiando a todos. Menos Cris e André. Alguns se atiraram dentro da piscina, outros se alojaram debaixo das tendas. Por duas vezes Poncho escapou das mãos de André e foi direto para o local onde Tereza estava enterrada e de onde foi tirado aos puxões para espanto de todos.
Marília se aproximou dos filhos e cochichou:
- Qual é o problema? Deixem o cachorro circular. O Poncho é tão sociável...
- Ele está fedendo, mãe – mentiu Cris pegando forte a coleira do bicho. – Vai ficar chato caso ele queira se esfregar em alguém.
- Não estou sentindo cheiro nenhum nele…
- Cris, vamos dar uma volta com o Poncho. Venha, vamos – intimou André, puxando o irmão pelo braço.
Em menos de cinco minutos, Poncho estava no quarto de André, acomodado em cima da cama. Cris disse:
- Acho que vou buscar água e comida para ele.
- Boa ideia. Daqui o Poncho não irá sair tão cedo.
Mais tarde Cris, depois de providenciar ração para o cão, observou da janela a movimentação dos convidados. A festa estava bem divertida, principalmente depois da chegada do DJ. O que será que as pessoas que estavam lá embaixo fariam se descobrissem que um cadáver estava muito próximo deles? Tipo, ao alcance do Poncho?
- O que você está olhando tanto? – indagou André afagando a cabeça do cachorro.
- Você nem imagina o que eu estou vendo agora...
André deu um pulo da cama e em segundos estava na janela. Naquele exato momento, Carlos e Marília estavam justamente sobre a sepultura de Tereza posando para fotos.
- Cara, que bizarro... – murmurou Cris. – O que mais falta acontecer?