O veredito
Ele estalava os dedos muito nervoso, o tempo lá fora estava lindo, algumas pessoas ainda estavam de plantão na escada do prédio, onde havia o local gelado e cheio de ouvintes que decidiriam sua vida.
Desde que ficou em reclusão, não parava de pensar no fato que aconteceu...
Conheceu Helena há 1 ano atrás, ela não era muito bonita, mas tratava-lhe bem e sempre com um largo sorriso no rosto e só por isso valia a pena, não o discriminava pelo defeito que tinha numa das pernas, que o fazia mancar.
Começaram a sair... foram ao cinema, depois a exposição de flores e depois comer uma pizza, eram felizes, sempre rindo das bobeiras do dia a dia.
Ela teve alguns namorados mas há muito não os via, quanto a Fernando só teve uma no colégio, por sua deficiência nunca aceitavam namorar com ele.
Certo dia Fernando passou para pegá-la, subiu, tocou a campainha e notou que a porta estava entreaberta, chamou e foi entrando... quando chegou no quarto e empurrou a porta, em cima da cama jazia Helena, com uma faca enfiada no peito, ele se debruçou, tentando retirar a faca mas ela já estava gelada, a policia foi chamada e ele foi preso como primeiro suspeito, não foi eu, ele negava a todos.
Agora estava ali no banco dos réus, esperando o veredito.
Entrou o Juiz, pedindo em seguida que um a um fosse dando seu veredito, entre culpado e inocente, finalmente saiu o resultado.
"Inocente" o juiz decretou.
Enfim livre! a justiça foi feita.
Ele suspirou aliviado, saiu pelas ruas sem o peso da condenação.
Sentou-se no banco da praça e para não perder o hábito, lembrou-se daquele dia.
Fernando chegou, tocou a campainha e notou que a porta estava entreaberta, foi entrando e ouviu os risos de Helena, chegou no quarto e pode vê-la nos braços de outro, rindo e contando piadas sobre sua deficiência.
Seu mundo veio abaixo, todas ele admitiria mas... não sua Helena.
Ele voltou-se, caminhou até a cozinha voltando com a faca que lhe enterraria no peito.
Escondeu-se e aguardou o amante sair, quando então ela adormeceu ele terminou sua história e da mulher que amou um dia, Helena.
"O veredito liberta o homem, mas a alma acorrenta o espírito"