LUTO

Corria feito um louco, o suor escorria pela face e suas passadas firmes e rápidas provocavam pequenos ecos entre as batidas do coração e o estampido do solado nas poças d’água. Era possível  imaginar uma sinfonia, a sinfonia da pressa, do descontrole, da impossibilidade de alcançar um objetivo.


Nada poderia detê-lo, assim imaginava, até que a orquestra perde o compasso, alguns instrumentos recuam o toque...

Não houve próximo passo, o coração finalizou a participação, recusou-se a continuar o ritmo frenético que impulsionava todo o resto, o solado do sapato não mais trincou firme o solo, o suor não mais escorreu enquanto o horizonte se perdeu por inteiro diante dos olhos agora fechados, ainda que tantos outros pares observassem assustados.


A sinfonia se cala, enquanto o corpo é coberto por jornais...
 
Renata Rimet
Enviado por Renata Rimet em 20/11/2014
Reeditado em 20/11/2014
Código do texto: T5042440
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