Bu!
Saí do trabalho e logo começou a ventar. O barulho do chacoalhar das folhas e a danças das árvores me deixou inquieta.
Ia chover, e eu não possuía um guarda-chuva comigo.
O tom alaranjado do final do dia me fez apressar o passo. Queria chegar logo em casa.
Um brilho riscou o céu.
Pingos caíram gentilmente, e depois com grosseria.
Passei a correr.
Já estava quase totalmente escuro quando abri a porta da minha casa.
Pressionei o interruptor da sala, estava sem energia. Deixei a bolsa em cima do balcão e caminhei até o banheiro.
Coloquei meus óculos em cima da pia, me despi da roupa encharcada, e enrolei uma toalha no cabelo.
Escutei um barulho vindo da lavanderia. Segui até lá devagar. A janela estava aberta, e alguns produtos haviam caído com o vento. Não lembrava de tê-la deixado aberta.
Fechei a janela, peguei uma lanterna do armário.
Assim que iluminei o cômodo, meu coração gelou.
Havia pegadas partindo da janela até a porta. Pegadas feitas de água e lama.
Senti meu corpo todo tremer. O que eu faço agora?
Apaguei a lanterna e peguei uma vassoura. Voltei para a sala. Minha bolsa não estava mais em cima do balcão.
Entrei na cozinha, e alguém tampou minha boca. Me debati violentamente, e acertei a parte inferior dele.
Assim que ele se ajoelhou, passei a chutá-lo desesperada.
– Calma! Droga!
– Seu desgraçado!
– Calma, Júlia! Sou eu, o Rafael.
Parei de chutá-lo.
– Rafa? O que diabos você estava tentando fazer?
– Eu esqueci a chave da porta, e pensei em te dar um susto. Foi só isso.
– Você é um namorado idiota. Você quase me matou de susto.
– Eu percebi. –E começou a rir alto.
Sentei ao seu lado e respirei aliviada.
Ainda bem que havia sido apenas uma brincadeira.