DUAS HORAS (parte 1)

12h00pm

Pablo entrou no bar da calçada oposta a de seu prédio.Estava com uma cara de cansado,notável até aos olhos de desconhecidos.Suas olheiras entregavam que não dormia há pelo menos uma noite inteira.
Entrou no bar e se aproximou do balcão,onde Seu Paulo,atendia um rapaz de terno e gravata,e de cabelos engomados e brilhantes devido ao excesso de gel fixador.
-Que cara é essa,Pablo?Não dormiu esta noite?-perguntou o dono do bar sem parar de derramar vodca no copo do rapaz bem vestido.
Ignorou o comentário,apenas sorriu.
-O de sempre,Paulo...hoje é um ótimo dia para encher a cara!-disse dando um tapa no balcão de vidro.
O rapaz ao lado virou rapidamente a cabeça e olhou para Pablo disfarçadamente ao notar que havia notado que estava sendo observado,desviou involuntariamente o olhar para o relógio.Acabava de marcar meio dia.
O rapaz olhou para o seu relógio de pulso,deu dois petelecos no visor,e começou a beber um pouco de sua vodca.
Seu Paulo se aproximou do amigo e freguês fiel.
-Me diga,Pablo,o que houve?Problema no trabalho,meu rapaz?-perguntou enquanto procurava a garrafa de vinho já reservada a ele.
-Que nada,os aborrecimentos na escola nem se aproximam dos aborrecimentos em casa com a Mariana.
-Ah,tá explicado,brigas com a Mari...isso sim deve aborrecer...
-Hoje ela acordou muito estranha,calada,sabe?-olhou rapidamente para a porta do bar,onde um casal de jovens acabava de entrar.-Ela não é assim calada!Acordou cedo,fez café...e tudo no maior silêncio.
-Ué,meu amigo,e por que essa cara,você não reclamava que ela falava demais?
-É,mas hoje ela tava falando de menos,o que é muito estranho.E,quando perguntei o que estava havendo,me arrependi de tê-la feito falar.
Paulo riu do amigo.
-Aí é complicado,quando ela fala você reclama,quando ela não fala,você reclama do mesmo jeito....você precisa de férias meu bom!
Pablo não achou graça da piadinha do amigo.Olhou para a porta de novo,parecia preocupado.Notou que o rapaz ao seu lado outra vez estava o observando.Desta vez,o dono do bar também reparou o mesmo.
-Esse meu amigo aqui é professor de biologia de uma escola estadual lá no centro.Aborrecimento em casa e no trabalho...não repare o nosso papo,mas é que entre uma cerveja e outra,eu também ataco de conselheiro.
O rapaz sorriu.Bebeu o resto da vodca em um gole,limpou os lábios e sorriu novamente.Ele estava a uns quatro bancos de distância de Pablo.
-Aborrecimentos todos nós temos,seja em casa ou no trabalho.-disse ele,pegando uma maleta executiva nos pés do banco e indo em direção a Pablo.
Sentou-se ao lado dele e pediu duas doses de vodca.
-Prazer,meu nome é Gusmael.-apresentou-se estendendo a mão.
Desconfiado,Pablo ficou com os olhos na mão do rapaz,com dois anéis e uma aliança dourada parecida semi-nova.Hesitante,apertou sua mão.
-Prazer,meu nome é...
-Pablo.-adiantou-se o rapaz.-escutei o dono do bar lhe chamando.
Ambos sorriram.
Paulo colocou dois copos de vodca no balcão.Os dois agradeceram.
-Vai comer alguma coisa?
-Não,almocei antes de sair de casa pra dar aula.Tô cheio.-respondeu Pablo.
-E você,rapaz,comerá?-perguntou seu Paulo a Gusmael.
-Não,não..obrigado.A vodca já mata minha fome.
-Beber de estomago vazio faz mal,rapaz.Você é jovem.Não queira chegar a minha idade cheio de problemas renais.
-A bebida é que me faz relaxar.Ela que me impulsiona para o dia-a-dia.-respondeu Gusmael.
Os dois começaram a beber a vodca.

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9h00am

Duas horas antes,Pablo estava em casa acabando de acordar.Abriu os braços na cama e notou que estava sozinho.Virou-se de lado e viu as horas no relógio digital,marcavam exatamente nove da manhã.Se quisesse agir com calma e sem pressa,teria que levantar.Mas onde estaria sua esposa?
Calçou os chinelos,e,ainda de samba-canção,caminhou pelo apartamento até a sala.Estava acostumado acordar mais tarde,e sua esposa também,já que ela não trabalhava fora.
Chegou na sala e encontrou a televisão ligada,em um canal musical.Os sofás estavam desarrumados.Ignorou.
Foi até a cozinha,e lá estava Mariana,de avental,mexendo na torradeira.
Se aproximou da esposa e a abraçou.
-Bom dia,Mari!
Ela não o respondeu.
Ele notou que parecia aborrecida,e preferiu não falar.
Sentou-se na mesa de três lugares no centro da cozinha.Pegou um pacote de biscoito fechado com um pregador de roupas e começou a comê-lo.
-Eu hoje cedo escutei a campanhia tocar...quem era?
Novamente ela não respondeu.
Começou a irritar-se com aquele comportamento da esposa.Mastigava o biscoito com uma certa força desnecessária.Estava transferindo sua raiva ao alimento.
Levantou-se da mesa.
-Estarei na sala caso resolva falar comigo feito gente,ok?-Disse largando o pacote de volta sobre a mesa.-Depois eu é que tenho um comportamento infantil.
Assim que o marido saiu da cozinha,a esposa foi até a mesa e fechou o pacote com o pregador de roupas.

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12h15pm

O terceiro copo de vodca já estava vazio.Agora já havia seis doses ingeridas.
Gusmael suava,então,tirou seu paletó,ficando com somente a blusa social.
-Mas me diga,como é dar aulas de biologia...é disso que você dá aula não?
Pablo sorriu.
-É sim,Biologia!Sou apaixonado por essa coisa.
-Nunca pensei em ser professor.Também nunca tive estímulos para isso.Meus pais eram vagabundos,ou,como chama hoje,eram ausentes.
-Mas nem foi por meus pais que me envolvi com a biologia,foi mais um gosto meu mesmo.Eu era apaixonado pelas aulas de biologia.Professora Patrícia,linda ela!Ela que me fazia prestar atenção nas aulas.
-É mais hoje ela deve estar sem dentes e gorda!-disse Gusmael brincando.
-É verdade...na verdade nem sei se esta viva ainda.Isso faz tempo,uns vintes,vinte cinco anos,talvez.Mas só sei que era maravilhoso escutá-la falar de sistema reprodutor,sistema nervoso,ensinar a colocar uma camisinha numa banana..com ela até as aulas de sistema digestório perdiam o tom contragedor!
Novamente Gusmael sorriu.
-Isso eu concordo,algumas pessoas tem vergonha de assumir que têm intestino,que defecam...todos fazemos!
-Eu noto isso em meus alunos,eles não assumem perto das garotas.E olha que dou aulas para jovens entre catorze e dezenove anos.Isso é tradição!
Ambos sorriram.
-Bem,mas isso não é um papo muito agradável para a
hora do almoço,não é?-desconversou Pablo.
-Concordo fielmente.
Seu Paulo ligou a televisão,estava começando o telejornal com noticias do Rio De Janeiro.O repórter,como sempre,iniciava tudo pela previsão do tempo.
-Quer apostar quanto que logo após a previsão virá a noticia de assalto ou que alguém matou alguém?-propôs Gusmael.
-Ah,aí você ta jogando sujo.Hoje em dia os jornais só falam disso.É impressionante.Parece que estamos assistindo a um só canal.Certa vez eu e minha esposa estávamos assistindo uma reportagem sobre o tráfico de órgão pela Internet.Como o assunto era meio pesado,resolvemos mudar o canal.Você acredita que conforme mudávamos os canais,as frases se completavam como se fossem os mesmo canais?Era como se cada apresentador falasse uma frase da notícia.Acabou que terminamos a noite assistindo Zorra Total.
-Eita!-suspirou o rapaz.-Zorra Total?Da Globo?
-Exato...e olha,o que vou te dizer vai suar cruel,mas era melhor saber dos órgãos das crianças.
Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos até que soltaram uma gargalhada histérica que ecoou por todo o bar,chamando a atenção dos demais fregueses.
-Acalmem-se rapazes.-pediu seu Paulo.-Vão parar por aqui enquanto ainda estão conscientes ou vou continuar até passar vergonha?
-Manda mais uma dose,Paulão.Hoje vou beber até cair.E que você não conte para a Mariana.
-Eu?Falar com sua esposa?Tá doido?!Ela nunca foi com minha cara gorda!-disse ele dirigindo-se a Gusmael.-Sabe meu rapaz,a esposa do meu amigo aí tem ciúmes de mim e do meu bar!Nunca aceitou que ele passe mais tempo comigo do que com ela.
-Sua esposa deve ser muito feia para trocá-la por um “cara-gorda”!-disse o rapaz.
Pablo franziu a testa.
-Olha,cara,até que não!No início ela era uma princesa,sabe?Novinha,seios duros,bundinha empinada,mas a maldita gravidade interage com o tempo,e agora ela está meio caidinha.
-Sei como é.-concordou Gusmael.
-E isso interfere no sexo,sabe como somos exigentes.Com certeza você sabe,é novo ainda.Eu e esse gordo aí do outro lado do balcão,na sua idade,éramos impossíveis.
-Até que você casou com ela.Aí a farra acabou!Um conselho meu jovem,nunca se case.A liberdade vai com o “sim”,a partir dali,tudo é monótono.As conversas,os beijos,os encontros,os momentos,e até o sexo.Mas aí você se torna tão ligado aquela pessoa que você não consegue largá-la,e aí,você vê que está destinado a morrer ao lado dela,mesmo que ela se torne mais mole e caída do que o Geléia dos “caça-fantasma”.
Todos riram.
-Eu não sou tão novo assim.Já tenho vinte e cinco.E eu quero me casar sim,sabe.Como dizia Ramalho Ortigão: “O casamento é a identificação de duas pessoas imperfeitas num indivíduo completo”.Todos os problemas são comuns,nós é que temos que consertá-los.
-Hum,frase bonita,o rapaz é um romântico,Paulão.
-Eu também tenho uma frase para você,meu jovem,só não sei de quem é.Minha avó que repetia muito para meu pai.Era assim: “A queda de algumas mulheres,justificam-nas alguns maridos”.
-É de Camilo Castelo Branco.Creio que ela o que ela quer dizer é que se as mulheres traem ou erram,é culpa dos maridos.
Pablo fechou o sorriso.
-Eu discordo.Sei que mesmo vendo que meu casamento está definhando,minha esposa morre de amores por mim.Caso contrário ela já teria me largado.Sou apenas um profesor,ganho um salário pequeno,e ela sempre sorri.De uns dias para cá,coisa de algumas semanas,que ela esteve estranha.Mas com certeza,é apenas T.P.M.
-Você já traiu sua esposa,Pablo?-perguntou Gusmael.
Pablo olhou para Paulo.Tossiu,pigarreou.
-Quem cala consente.-disse o rapaz,sentido que estava sendo incoveniente.-Olha não quis cutucar feridas...
-Não..não cutucou.Nunca a traí.Esse papo de traição já me rendeu uma culpa no cartório,e suspeita de assassinato até.
-Como?Assassinato?-perguntou Gusmael,com a voz rouca,resultado de um susto com o que acabara de escutar.
Pablo se aproximou do rapaz,e sussurrou:
-Nem sei por que vou te contar isso,mas como somos desconhecidos e nunca mais espero encontrar com você,vou falar.
-Diga...
-Certa vez uma mãe foi até a diretoria de minha antiga escola,denunciar que estava desconfiada de que a filha dela de quinze anos do primeiro ano ginasial,estava tendo um caso comigo.Isso gerou comentários por toda a escola.Os alunos começaram a colar panfletos nas portas,e a recriminá-la por onde quer que passase.A escola era aqui no bairro,e logo a notícia vazou dos portões do colégio e veio para as ruas.
-Mas você tinha mesmo um caso com ela?-quis saber Gusmael,curioso.
-Calma,depois chego nessa parte.Certa noite,ela me ligou marcando um encontro as dez da noite no norte shopping,conhece?
-Sim,em Del Castilho?
-Exato.Lá mesmo.Marcou as dez da noite,justamente...
-A hora que os shoppings fecham,não?
-Isso.Mas eu não fui.Não ia passar naquele horário por favelas como o Jacarezinho e o parque Arará,ali em Benfica.Então,disse que não iria,e desliguei.
-Mas e aí?Por que você disse que foi acusado...
-Bem,meu rapaz.Dez minutos depois,ela tocou o interfone do meu prédio.Eu ignorei o chamado e fui dormir junto de minha esposa.Na manhã seguinte,dois policias me levaram com uma ordem.Passei dois dias atrás das grades pelo assassinato dela.Foi encontrada com duas facadas e estrangulada na rua em frente a minha casa.—disse apontando para a rua do lado de seu prédio do outro lado da calçada-.Logo os rumores de que eu tinha um caso com ela voltaram e tudo foi pra cima de mim.
-E como se livrou dessa?
-Me livre por que era inocente mesmo.Não matei a menina.Mas minha esposa me ajudou dizendo que naquela noite eu estava dormindo ao lado dela.OI tempo foi passando e pronto.Tudo acabou.
-Que história.-exclamou Gusmael.
-Essa vida é cheia de reviravoltas,de repente uma coisa acontece e todo o conceito que você tem de vida normal vai pelo ralo.
Gusmael sorriu timidamente.
-Tem razão.Com certeza...

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9h25am

Pablo estava impaciente na sala,assistindo televisão.Só escutava o barulho dos pratos batendo um no outro,mas nada da esposa aparecer.
-Mariana,você vai ficar nosso até quando?-gritou ele.
Ela apareceu na porta da sala com uma badeja,onde havia um copo de suco,torradas,pão francês,e biscoitos.Caminhou até o sofá e colocou-a sobre a mesinha no meio da sala,antes,empurrando os pés do marido.
-Oh,meu amor,não precisava.Diz pra mim por que ta calada!Diz amor.
Mariana sentou-se ao seu lado e começou a chorar.
Pablo,confuso a abraçou.
-O que foi,meu amor?O que eu fiz agora?
Ela permaneceu chorando,escondendo os olhos entre as mãos.
-Se você não falar eu não posso ajudá-la,Mari.Diga...Você tá com T.P.M?
Ela levantou-se irritada.
-Para,Pablo!-gritou.
-Aê,ela resolveu falar.
-Por que todas as vezes que choro você sempre acha que estou pra mestruar?Você resume tudo a biologia.Tô cansada,só isso.
-De que,amor,você passa o dia em casa!Cansada de que?
-Desse clima entre nós.De achar que toda vez que você sai por esta porta,é por que vai me trair.De achar que você só estar comigo por pena.Por saber que hoje em dia me sinto um lixo,indesejada pelo meu marido.Isso não é motivo para chorar,Pablo?
Ele levantou-se do sofá.Não sabia o que fazer.Sua mulher chorava compulsivamente.
-Você está exagerando...
-Ah claro...sempre estou.Não transamos a num sei quantos meses,você não me elogia,sempre está no trabalho,com suas alunas.Todas novinhas..isso incomoda.Você não tem ciúmes de mim...Também,eu passo o dia todo em casa,meu único passeio é de casa pro mercado,do mercado pra casa,de quem você teria ciúmes?Do português?Claro que não...
Ele se aproximou para abraçá-la.Ela esquivou-se.
-Isso é incomodo, Pablo.Por que estamos assim?Por que não saímos mais,não vamos ao cinema...nós íamos tanto.Era difícil passarmos o fim de semana em casa.
-Antigamente eu não trabalhava para o estado.Sabe que dou aulas a tarde e a noite,não tenho tempo,pois nos fins de semana tenho provas e trabalhos para corrigir.Como eu saírei.Podemos alugar filmes.
-Não é a mesma coisa.Quero em arrumar para você,me sentir desejada,e não uam mulher com cheiro de detergente.,cheiro de cebola nas mãos.Quero estar perfumada para você,por que você não deixa?
-Não deixo?...amor,eu sou louco por você!Não temos tempo por causa do meu trabalho,sabe que tenho que mostrar serviço desde o negócio lá da morte d aaluna.Trabalho no centro,pego engarrafamento todos os dias,cansado.Tudo que quero ao abrir aquela porta é tomar um banho e dormir.Não transamos por falta de tempo.
-Antes tínhamos tempo de sobra...-disse ela olhando para o relógio na cozinha.-Olha,são nove e meia..você tem pouco menos de duas horas.Transe comigo.-pediu ela abraçando-o.
Pablo deu um pulo para trás,sentia que a mulher estava descontrolada.
-Como é?
-Transe comigo agora,nesse tapete.Mostre que ainda me deseja...
Assustado,o marido se afastou após receber um beijo em sua boca.
Mariana parou de tentar beijá-lo.
-Pare com isso,Mari.Você está descontrolada.Acalme-se.O que sta acontecendo com você?
Irritada,ela jogou o controle da televisão contra a parede,observando-o espatifar-se.
-Quer mesmo saber o que esta acontecendo comigo?-perguntou-lhe aos gritos aproximando com os olhos enfurecidos e marejados de lágrimas.-Eu estou enlouquecendo com esta situação.Eu estou prestes a cometer uma loucura.Rezo a deus todos os dias para que eu não cometa nenhum erro,mesmo sabendo do que sei e mesmo passando por tudo que passo,mesmo sentindo-me este lixo,busco forças em deus para me acalmar...e não fazer uma merda!

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12h45pm

Gusmael pedira mais um copo de vodca,mas desta vez para o seu novo amigo,Pablo.
-Problemas no casamento são cansativos,não?Vocêsabe,as vezes pensamos em largar tudo,fazer tudo que ela não faz não é...mas não consegue,pois é um casamento,e não só um namoro.-falou o rapaz observando Pablo beber seu quarto copo de vodca.
-É assim mesmo.Se fosse um namoro,já estava em outra faz tempo,você não imagina a quantidade de alunas que fariam de tudo e mais um pouco para melhora suas notas comigo.Mas eu penso na Mari,e mesmo com todos esses problemas,eu a amo mesmo.Só que está se tornando difícil encará-la na cama.Temos uma ligação de presença um do outro,afinal são dez anos morando juntos,mesmo sem casar.Não posso simplesmente largá-la aí na vida.
-E o que ela pensa disso?-perguntou.
-Ela parece sofrer,mas sei que me ama.Hoje cedo ela se descontrolou.Queria por que queria transar comigo.Eu nunca a havia visto deste jeito à anos.Antigamente era assim,mas depois de dez anos ela me vem com esse fogo todo...estranho.Mas o que posso fazer se ela não me atrai,meu caro?Se você sabe,por favor me diga.
-Ih,você está falando com a pessoa errada.Eu quase não namorei quando novo,nem agora faço isso.Acho que tive problemas por causa dos meus pais.Eles brigavam muito,e muito mesmo,passava só da discussão,e das ofensas,eles se batiam na minha frente,levantavam facas e tesouras comigo ali,vendo tudo.Não acredito que seja um trauma,mas aquilo me incomoda até hoje.Ele batia na minha mãe,a traía com uma vizinha nossa,sabe?Dizia que ia me levar para passear e ia para a casa dela,lá perto da quinta da Boa Vista.Enquanto os dois se trancavam no quarto daquela casa caindo aos pedaços,eu ficava brincando com o cachorro dela,o Charuto.
-E o que aconteceu com eles?Com seu pai e sua mãe?
-Morreram faz uns seis anos.Minha mãe morreu em abril,meu pai sumiu em maio,e uma semana depois acharam seu corpo,com a cabeça esmagada,no quarto da vizinha.Eu não fui ao enterro,disseram que ele estava irreconhecível.A mulher foi presa com sangue nas mãos e com uma idéia maluca na cabeça.
-Que horror!-Comentou Pablo.-Esta vendo por que os jornais só falam de assassinatos?Esse mundo está se tornando um inferno sobre a terra.Não duvido que haja milhões de sociopatas por essas ruas...
-Ih,milhões,assim como homicidas,tarados,e matadores de aluguel.Esse mundo esta de pernas pro ar.Você pode ser um...e eu nem sei,né,Pablo?
Pablo sorriu,terminado de beber seu copo de vodca.
-Que nada,não tenho coragem de matar ninguém.Não falo nunca,pois não sei o que ocorre quando é sua vida por outra,como em legítima defesa.Em pensar que tem gente que mata por ciúmes.Motivo idiota,acho que tirar a vida de outra pessoa é um crime hediondo.
-É,mas há maluco para tudo.
-O engraçado é que minha esposa veio com essa conversa de ciúmes hoje cedo.Não sei se você escutou eu conversando com o Paulão...o dono do bar...
-Sei quem é...O “cara gorda”...
-É,ele,você escutou que hoje cedo eu havia discutido com ela?
-Odeio assumir,mas fui intrometido sim.Me perdoe mas escutei..
-Então,hoje discutimos,e ela veio falar que morre de ciúmes de mim,desde minhas alunas até o Paulão.Isso é ridicúlo.Muito ridículo...
-Meu amigo,vou te dizer,eu tenho uma opinião,futuramente,quem sabe,uma tese.Não sei se alguém já pensou nisso,ou se alguém já divulgou esta idéia,mas acho que o ciúme tem a ver com saudade sabia?
-Como assim?-perguntou Paulo,curioso.
-Exemplo,quando você está com uma pessoa,você sente ciúmes dela?Imagine,você e suas esposa juntos.-exemplificou juntando dois palitos de dentes sobre o balcão.-Imaginou?
-Infelizmente sim...
-Então,Pablo,juntos,vocês não sentem nem saudades,nem ciúmes,por que sabem que ali,só estão vocês dois,duas pessoas,unidas há...há quanto tempo mesmo?
-Quase onze anos.
-Então,não há ciúmes...mas,basta ela,ou melhor,você sair,que a saudade começa.Ela se pergunta o que você deve estar fazendo,sente sua falta,pensa em todos os seus atos,e te liga toda hora para saber onde você esta,correto?
-Sim,continue.
-Ou seja,a saudade,geralmente,ouça bem,ge-ral-men-te,vem junto com o ciúme.Há casos quem mesmo junto da pessoa você sente ciúme e saudade.E isso não ocorre só na relação marido e mulher,namorado e namorada.Eu mesmo tinha ciúmes da minha mãe com meu pai.E não sou incestuoso hein!-complementou Gusmael.
Pablo ficou pensativo.
-Sei que não há nada de inovador nessa idéia,mas nos faz pensar.Assim como o paradoxo de que deus pode tudo,logo ele pode fazer uma pedra qual ele não possa levantar,mas ai ele não poderia tudo..?Entende,sabemos que isso é uma heresia boba,mas tem gente que pára e pensa com isso.
-Mas e quando estamos com a pessoa e sentimos ciúmes dela mesmo assim?Também tem isso,cara!
-É e você acaba de estragar minha teoria!-disse sorrindo a seguir.

Por alguns segundos ele ficou pensando na mulher,em como antes as coisas eram diferentes.Como ele contava as horas para poder vê-la nos fins de semana.
-Sua esposa tem é saudades de você.Você só sente pena dela...
-Olha,você me fez refletir com seus conselhos mais do que com os conselhos do Paulão.-disse sorrindo.-Aí,Paulão,acho que você perdeu o emprego de meu psicólogo.
Paulo se aproximou do balcão.
-Ingrato!Depois de tudo que fiz por você.-disse brincando e fingindo um choro.
-Sabe que te amo né,cara gorda!
Gusmael olhou para seu relógio de pulso.
-Atrasado?-perguntou Pablo notando .
Gusmael balançou o relógio.
-Não,não...é que ele as vezes pára,e me deixa perdido no tempo.
-Você não precisa se preocupar,tem um relógio imenso ali na porta.Guie-se por ele,sempre está certo.Vai dar uma hora agora.Olha,não se atrase para ficar ouvindo meus problemas.Eu hoje não tenho aula para dar à tarde,minha esposa acha que sim,mas você,deve ser ocupado.
O rapaz sorriu.
-Não,tudo bem,vou ficar aqui até umas duas horas.Não sou tão ocupado assim.Meu trabalho é autônomo.Sou um profissional independente.Sem chefes,quer dizer,cada freguês é um chefe,mas não devo-lhes satisfações como deveria trabalhando em alguma empresa particular,entende?
-Entendo sim.-respondeu Pablo.
O dono do bar se aproximou do balcão mais uma vez.
-Você é funcionário independente..que legal rapaz...Pensei que fosse advogado,ou empresário,sei lá.Eu tava até orgulhoso que meu botequim estava sendo bem freqüentado...não diminuindo seu trabalho.
-Que nada,entendo o senhor.
-Eu sempre quis trabalhar de terno e gravata,acho elegante,as mulheres se sentem atraídas por caras de terno e de farda...não por um gordo de avental.
-Paulo,você ta parecendo minha mulher,para de se diminuir homem!
-É mesmo,daqui a pouco vou achar que você está de T.P.M...-brincou Gusmael.
Paulo enxugou o rosto com seu avental engordurado e foi atender outros clientes.
Os dois ficaram em silÊncio mais alguns minutos.Não tinham assunto.
-Eu fico pensando,se eu não desse aulas o que eu seria.Já pensou nisso,Gusmael?
-Pensei,mas nem sei o que seria.Ainda não tive esta resposta.Talvez escritor,talvez ator de cinema,talvez..sei lá,não paro para pensar em “se...”.
-Eu acho que eu seria cineasta.Cinema é um hobby meu.Nãotenho ido muito pois minha mulher não se comporta no cinema,sabe,chora alto,ri alto,comenta as cenas,xinga personagens...vou sozinho muitas vezes.Até gosto.
-Cinema...muito bom.Também gosto de filmes.Gosto de suspense sabe.
-Eu já gosto de ficção,o melhor é “2001,uma odisséia no espaço” do Kubrick,e algumas comédias besteirol de hoje em dia.
-Eu curto suspense,aquela adrenalina para saber o que vai acontecer,quem é o assassino,quem é que morre?Aquela musiquinha que só de escutar já nos dá arrepio.Essa adrenalina simples é muito gostosa,não acha?
-Cara,acho que hoje em dia o mundo já está violento demais,se eu quiser ver gente morrendo assassinada,é só ler os jornais e ver telejornais.
-Tem razão.Mas mesmo assim,eu adoro esse gênero,cresci vendo Hitchcok,mesmo antigos eram bons.
-Minha esposa curte romance,eu não.Acho que ela fica imaginando a vida dela como nos filmes.Com um príncipe encantado,milhares de filhos,carro...
-Você não tem filhos?
-Não,minha única família é Mariana..Ela ainda tem parentes em Minas Gerais,mas eu não,meu último parente vivo foi meu tio,que morreu em dezembro do ano retrasado.
-Que triste.
-Talvez por isso eu não largue dela,por medo da solidão.
-Você fala as vezes que parece amá-la,mas algo te incomoda.
-Muitas coisas me incomodam.Mas num gosto de falar de meus demônios...
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10h35am

Mariana estava muito calada no banheiro.
Preocupado depois de seu acesso de choro,Pablo foi bater na porta.
-Mariana,você já está a trinta minutos nesse banheiro.Você está bem?
Só se ouvia a água do chuveiro batendo em algo,provavelmente em seu corpo.
A água parou de jorrar.
-Mariana..cadê você?
Ouviu a porta do boxe abrindo-se e o trinco da porta se destravando.A porta se abriu,e sua esposa saiu,com os olhos inchadas de dentro do banheiro.
-Vai continuar de novo com o silêncio?-perguntou ele,sendo mais uma vez ignorado.
Entrou no banheiro e notou que,ao lado da pia,estava o telefone sem fio.Chegou até a porta.
-Eu já falei com você deste problema.Toda vez eu encontro esse telefone nesse banheiro.Ele foi caro sabia!
A porta do quarto foi batida violentamente por Mariana.
Pablo se aproximou do quarto do casal irritado.
-Mari,abra essa porta!Você está sendo infantil,somos adultos para resolver as coisas conversando,caramba.Essa sua birra ta virando um problema freqüente.
Ela abriu a porta.Estava apenas de calcinha e sutiã.
-Para que eu vou conversar com você?Para você dizer que eu estou de T.P.M?Por para você eu estou de tpm diariamente não?E eu não tenho problema,meu ciúme não é birra,meu desgosto comigo mesma,minha baixa auto-estima se resume a apenas um culpado:Você!
-AH,eu?!
-É,você,sei do problema que você tem,Pablo.Sei que é difícil lidar,sei do que você já fez,mas não é suficiente.Mesmo assim,eu te amo.E quero ficar com você por toda vida,te desejo,prezo nosso casamento,e luto nessa guerra diária de tentar nos fazer dar certo..mas essa é uma luta onde não posso lutar sozinha.
-Você é louca.Não tenho problema nenhum.Você que inventou isso.Note bem o que você está falando,isso é sério,Mariana.Tenha vergonha nessa cara!
Ela calou-se ofendida.Puxou uma toalha presa na maçaneta da porta e cobriu-se.
-Realmente você tem problema...você não sabe o que é uma vida dedicada a outra sem retribuição...isso mata qualquer sentimento.
-Não te obrigo a viver comigo.Sei que não te mereço,e se fosse você já tinha me deixado há anos atrás.Não sei por que ainda fica nesse “chora-chora” ao invés de ir para Minas.
Mariana se aproximou dele já com os olhos lacrimejando e a voz chorosa.
-Eu não te deixo por que tenho fé que um dia,por bem ou pro mal,isso vai mudar.Por bem ou por mal...

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13h45

Depois de alguns minutos no banheiro,Gusmael voltou falando em seu celular.pouco antes de se aproximar do balcão,desligou e guardou-o em seu bolso.
-Trabalho?
-É,uma cliente,quer saber como andam as coisas.Devo serviço a ela tem três meses.Hoje expira o prazo.
Pablo virou seus olhos outra vez para a porta do bar.Mais uma vez alguém entrara,desta vez dois policiais.
-Parece tenso.
-Eu?-desconversou.-Que nada,é que estou um pouco sonolento.Ontem dormi tarde,e aborrecido,na verdade preocupado.Mas deixemos isso de lado.
-Mais uma vodca?-perguntou Gusmael sorrindo e colocando seu terno.-A saideira.
-Claro...só quero ver como vou dar aula hoje a noite.
-Até lá o efeito do álcool já passou.
-Quer saber,tem razão.Aqueles alunos não levam nada a sério.Só querem saber de sexo e drogas,parece que estamos vivendo nos anos setenta de novo.
-Jovens,os de hoje são uns cabeças vazias.Não sabem que educação é tudo.
-Pois é...queria eu que eles pensassem assim.Ultimamente,tenho dado aulas pensando na minha aposentadoria,sabe,já faço aquilo automaticamente.Não dou aula com o mesmo tesão.
-Sei como é.
Paulão se aproximou dos dois com dois copos de vodca.
-Se eu fosse você eu ia para casa e transava com sua mulher,isso vai curar suas olheiras.Você já está a meses sem transar também...isso afeta os miolos.
-Que nada...-intrometeu-se Gusmael.-Esse cara tem maior cara de “trepador”.Num duvido nada que tenha amantes variadas.
Os três sorriram.
-Que nada...sem amantes,meu jovem,não tenho mais o mesmo pique.
-Estou brincando.-disse sorrindo.
Pablo colocou a mão dentro do bolso de sua calça,retirou o celular.
-Paulão,reparou que meu telefone não esta tocando hoje?
-E você ta reclamando?Eu dou graças a deus que eu não tenha que dar desculpas como que ele tava na privada,ou que você o havia esquecido na balcão.Parece que ela ta mudada,não reclame se não cai de novo na mesma.
-Não estou reclamando,só estranhando.
-Você realmente não a ama,Pablo?
-Não sei,creio que não a amo,mas sim tenho uma ligação com ela,já te disse,não se trata de amor.
Gusmael se calou.
Olhou para o seu relógio de pulso mais uma vez.
-É acho que vou indo nessa.-anunciou.
-Que isso,você nem bebeu seu último copo.
-AH,meu estômago ta vazio,melhor não beber.
-Mas não era a bebida que te impulsionava?
-Sim,Pablo,mas não gosto de beber mais do que o necessário para perder a culpa antes de trabalhar.
O telefone do bar tocou.Paulão foi até os fundos da loja atendê-lo.
-Como assim,”perder a culpa?”,você se sente culpado por trabalhar?
-É estranho,mas geralmente sim.
-Eita,mas sabe o que eu notei?Eu só falei de mim até agora,de minha vida pessoal,profissional e até sexual.E te conheci hoje.Fale-me de você.
-Não creio que lhe interesse.E também já estou de saída.
Ora vamos,não seja grosseiro.Te contei minha vida toda em duas horas.Vamos em que você trabalha,Gusmael?
Gusmael olhou para o relógio sobre a porta o bar.O ponteiro se deslocava para o número 10.
Dez minutos para as duas.
-Já lhe disse,meu trabalho não lhe importa.Não te obriguei a contar sobre sua vida.Falou tudo por que quis,não insisti em momento algum.
Pablo fechou seu sorriso constante na conversa.
-Ei,o que você ta dizendo,rapaz?Você ta estranho...O que houve no banheiro?
-Você pergunta muito,mas infelizmente para a pessoa errada.
-Como assim?
-Você pensa que não sei por que você tanto olha para a porta desse bar?
Nesse momento Pablo levantou-se...
-Calma,to brincando.-Disse Gusmael.-Você quer saber no que trabalho não é?
Não menos preocupado,Pablo sentou-se novamente no banco.
-Sim,mas se você não quer dizer,não insisto.
-Não,tudo bem,eu digo.Só que tem uma coisa,não vou poder te explicar muito pois sua reação pode não ser adequada.
-Do que esta falando cara?
-Meu trabalho,no momento se sintetiza a matar você!
Um frio cortante cortou a espinha de Pablo.Todas a risada mudaram para uma angústia,um medo.Sua boca tornou-se um monte de pele seca,e sem saliva.Não conseguia engolir uma gota sequer de seu próprio cuspe.
-Como é que é,Gusmael?Do que é que você está falando?
O rapaz aproximou-se um pouco mais de Pablo.Abaixou o tom de voz.
-Me diga o motivo qual trouxe você aqui realmente?Me diga!Por que logo hoje,semanas de provas na escola onde você trabalha,você resolve “enforcar”?
Nesse momento,um pressão de culpa tomou conta do corpo do homem.Suas mãos ficaram frias.
-Não pode ser!
-Tudo pode ser,Pablo.Por exemplo,suas noites na Internet,enquanto sua mulher dormia...Isso tem a ver com você estar aqui hoje não é?
Pablo tentou levantar-se do banco,mas Gusmael segurou sua mão.
-Se eu fosse você,eu continuava quieto,e conversaria normalmente.Tenho uma arma no meu calcanhar e não perderia nada acabando meu serviço aqui!
-Mas quem mandou me matar?-perguntou ele aflito,mas tentando disfarçar ao máximo,voltando a sentar-se no banco.
-Isso não posso revelar.Mas sei muito sobre você.Por exemplo,como eu dizia,sobre suas noites na Internet,conversando por “Instant Messenger” com algumas pessoas...você está aqui por que?Vamos me diga...
Pablo olhou novamente para o relógio sobre a porta do bar.Marcavam duas horas da tarde,com certeza ela não viria,ou com certeza ela estava para chegar,ou,com mais certeza ainda,ela tinha alguma coisa haver com tudo aquilo,mas o que ele se perguntava era como?
-Vamos,Pablo,fale...O que lhe trouxe em horário de trabalho a este bar?Quer que eu refresque sua memória?-perguntou O rapaz descendo as mãos até seu calcanhar.
Imediatamente,Pablo segurou seu braço.Ele apenas gaguejou um pouco e em um sussurro,ele disse apenas uma palavra,um nome:Amanda.
Um sorriso maléfico de satisfação surgiu na boca de Gusmael.

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Uma semana antes.
1h59am...


A madrugada estava fria,e o sono não vinha de maneira alguma.Deitou-se ao lado de Mariana e ainda pensou em tocá-la,chegando até a passar a mão refazendo os contornos do corpo da esposa.Mas logo, desistiu.
Levantou e foi até a cozinha,lá encheu um copo de plástico de leite desnatado e foi até a sala assistir televisão.Ligou a tv,e ficou mudando de canais,tentando achar algo descente para se ver.Em um deles,viu uma cena explicita de sexo,não havia nada de descente naquilo,mas resolveu parar ali.Eis que,então,ouviu um som vindo de seu computador.Era do e-mail de mensagem instantânea.Largou o copo sobre o sofá,mas ao se levantar derramou todo liquido no móvel de pano.Parou ainda pensando em limpar,mas logo também desistiu,deixando para fazer isso mais tarde.
Na tela do computador,uma luzinha acabava de se acender,com um texto escrito “Oi,professor!”.
Logo ele se interessou.Digitou rapidamente letras maiúsculas e vermelhas em negrito:
“OI,QUEM É VOCÊ?”
“Amanda,sou sua aluna do terceiro ano.”
“NÃO ME RECORDO..DE QUE TURMA?”
“A Amanda,professor,eu sentava lá atrás...”
Lembrar mesmo,Pablo não lembrava-se,mas aquilo estava interessando,e com certeza seria melhor do que sexo ensaiado na televisão.
“Eu adoro sua matéria,e adoro o senhor..acho-o perfeito!”
“HUM,BRIGADO,ESTOU TRISTE POR NÃO LEMBRAR DE VOCÊ”
“É que eu saí da escola,infelizmente,minha mãe me colocou numa particular”
“HUM,QUE PENA,ADORARIA TE CONHECER”
Pablo notou que a jovem não o respondera.Insistiu.
“ADORARIA MESMO!”.
“Ué,e por que não saímos?Vamos marcar algo?”
“NÃO SEI,VOCÊ É MUITO JOVEM...QUANTOS ANOS?”
“Quinze,mas sei fazer muita coisa que até sua esposa pode não saber...rsrrs”
“O QUE POR EXEMPLO?”
“Sexo como o senhor nunca fez,com tudo liberado,eu deixando você fazer o que quisesse comigo,topa?”
“NÃO SEI,PODE SER ARRISCADO.SOU PROFESSOR,ISSO PODE FERRAR MINHA CARREIRA.JÁ ME COMPLIQUEI COM BOATOS SOBRE ALUNAS,NÃO QUERO EM FERRAR OUTA VEZ.”
“Eu não falaria nada,até por que,transar com professor,hoje em dia,não é mais estatus...Eu transaria com o senhor de primeira,pois sempre quis fazer isso,e,como eu era muito inocente ano passado,resolvi ser mais oferecida.De inocente,virei indecente...”
“VOCÊ É ENGRAÇADA.GOSTO DE MOÇAS ASSIM...”
“E eu quero sentir o senhor.So de pensar nisso,já me encho de prazer.Vem vai,possua esta sua ninfeta.”
Pablo sorriu com as palavras da moça.Estava começando a gostar da idéia.Estava precisando de alguma emoção.Abriu um pouco o zíper de sua bermuda.
“VOCÊ QUER MESMO TRANSAR COMIGO?”
“Quero muuuuuuuuuuiiitoooooooooooo.O mais rápido possível.O senhor não vai se arrepender.!Sou novinha,mas adoro homens mais velhos com muita experiência.Sei de alunas que já saíram com o senhor,amigas minhas já fizeram isso,e disseram que o senhor é professor não só de biologia,mas de sexo e posições também..rsrsrsrs”
Outra vez o homem sorriu.Olhou rapidamente para a porta do quarto.Ainda estava fechada.
“QUANDO VOCÊ PODE?”
“Quando o senhor puder,mas quero logo,agora que sei que o senhor me possuiria,quero que seja logo.Já estou com tesão.”
“QUE TAL QUINTA-FEIRA,AO MEIO DIA?”
Não houve resposta,por alguns minutos ele pensou que aquilo não passava de uma brincadeira,mas se realmente fosse,marcaria próximo de casa,em algum lugar público,seria simples explicar que se tratava de uma aluna que tirara notas boas e merecia um brinde.
“Onde você pode?”
“VOCÊ CONHECE O BAR DO PAULÃO?,PERTO DE SÃO CRISTOVÃO?”
“São Cristóvão?Minha avó mora por aí..perfeito!”
“MAS E SE NOS VEREM?ISSO PODE COMPLICAR MINHA IMAGEM...”
“Nós inventamos uma desculpa,o que importa é que vamos transar durante o dia todo,e quero pelo menos umas cinco vezes...com direito a tudo,todos os lugares,sem limites...”
“VOCÊ É BEM LIBERAL...ISSO ME SURPREENDE,SABIA,E AO MESMO TEMPO ME EXCITA!”
“Eu vou te excitar e te surpreender mais do que você imagina,meu gostoso!”
“ENTÃO QUINTAAO MEIO DIA?”
“Feito..vou sem calcinha para facilitar”
“VÁ COMO QUISER,MINHA NINFETA!SEI QUE FICARÁ GOSTOSA DE QUALQUER MODO.”
“Pode deixar....até quinta!”
“ATÉ LÁ!”
Com um enorme sorriso no rosto,ele saiu da conversa e desligou o computador.Foi deitar-se,até recuperara o sono,contaria as horas e os dias que faltavam.
Tudo estava para mudar.
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14h06

Pablo levara a mão a sua boca tentando disfarçar a surpresa.
-Amanda nunca existira?Era você?-perguntou abismado.
Gusmael apenas assentiu com a cabeça.
-Você é bem galante on line,meu mestre!-disse em tom de deboxe.
Pablo deitou a cabeça no balcão.
-Se você contar ou deixar perceber alguma coisa ao “cara gorda”,eu mato você e ele,assim estendo meu trabalho.
Paulo estava do outro lado do balcão,conversando com dois jovens que bebiam energéticos misturado com guaraná.
-Eu lhe disse que sabia muito mais de você do que imaginava.Amanda também disse que iria te surpreender,não disse?Eu avisei.Sei exatamente qual seu problema,seu pedófilo desgraçado!Te sigo exatamente o suficiente para saber de suas perversões,suas manias,e seu trajeto diário.
O medo crescia dentro de Pablo.
-Você está blefando.Você é um piadista,isso aqui é tudo combianado entre você e Paulão..paul...
-Se você terminar essa frase,eu termino com você.Cale essa boca agora,ou te mato aqui,na frente de todos.Pense bem antes de tomar qualquer atitude estúpida.
Sentiu vontade de chorar.
-Por que está fazendo isso comigo?Onde quer chegar?
-Rapaz,são pessoas como você que estragam essa cidade,esse país,esse planeta.Pessoas que não levam a sério matrimônio,valores de deveres.Não levam a sério as palavras de deus e as nossa Leis.
-O que você é?Um fanático religioso?-perguntou Pablo com a mínima coragem que lhe restava.
-Não exatamente,me rotularia como uma matador de aluguel...mas esse termo é meio antigo.Sou mais um amigo das pessoas que querem se vingar.Para que você veja que não estou blefando,posso te dizer pelo menos o que você fez nos últimos três meses,desde seus encontros com uma aluna de doze anos em um motel na Praça da Bandeira,até suas noites com alguns estagiários seus.Suas rotinas que iam do supermercado ali do outro lado,até o jornaleiro.Você não presta,a pessoa que me contratou sabe muito bem disso.Você é doente.Sentir prazer com pobres crianças,aliciar menores...Seja na Internet,seja ao vivo...você literalmente é um doente.
Pablo raparou que um rapaz notara seu temor bem ao lado.Aproximou-se de Gusmael.
-Você não pode me matar,há inúmeras testemunhas aqui.Nunca sairá ileso.Será caçado e julgado,seu..seu filho da p..
-Não ,você não sabe o que diz...sempre saio ileso.Assim como saí ileso do assassinato de uma certa estudante há dois meses ou mais ou menos isso...lembra-se?Um assassinato qual um otário pervertido levou a culpa?-sussurrou o assassino com um sorriso que fazia ferver o sangue de Pablo de tanto ódio e medo que sentia.
-Foi...Foi você?-perguntou gaguejando.
Outra vez apenas assentiu com a cabeça,mas com um olhar de orgulho.
-Sou mestre no que faço.Não deixo pistas.As planto.Ou você acha que ela foi até sua casa naquela noite à toa?
Amedrontado,ele relembrou de tudo o que acontecia no dia anterior ao qual encontraram o corpo da jovem.Lembrou do telefonema,da voz chorosa,da rapidez com que ela chegara em sua casa,do toque insistente no interfone.
-Você não achou estranho ela marcar naquela noite mesmo,sendo que já eram quase dez da noite?O tempo todo meu caro,o tempo todo eu estava lá.Do lado da pobre moça apaixonada,uma ex-virgem,que viu seu mundo desabar com a fama de vagabunda por ter dormido e se perdido com seu professor de biologia.Um covarde que deixou a menina afundar-se em boatos.Coitada.
-Foi ela que te contratou antes de morrer?-perguntou aflito,pois tudo se encaixava.
-Não,não foi.Mas eu estava ali,segurando o telefone,pronto para te pegar caso você fosse no shopping,pronto para te pegar se abri-se a porta naquela noite em que ela tentou te pedir ajuda pelo interfone,e você a abandonou.Aliás,ela corre muito,mas,infelizmente,nos seus últimos minutos de vida,entregou suas esperanças nas mãos da pessoa errada.
Sentiu vontade de quebrar o copo de vodca na cabeça de Gusmael.
-Você não pode sair tão ileso.Vão te denunciar.Se me matar,será suspeito.
Gusmael sorriu.Parecia ser o único que se divertia com aquela situação.
-Pablo,eu nunca serei achado.Não podem achar o que não existe.Eu praticamente não existo!
O carrasco abaixou-se para pegar sua maleta.Era o momento propício para que Pablo fugisse ou se defendesse,mas o seu medo pregava-o na cadeira.O assassino abriu a maleta pela metade no balcão.
-Olhe....
Pablo estendeu a cabeça e reparou que dentro da maleta haviam fotos suas,misturadas com identidades com fotos de Gusmael ,mas com nomes diferentes,reparou que em uma,havia até uma com nome de uma mulher.
-Você é um doente!
-Ora,ora,falou o santo.Não me julgue,seu lixo!Você é o tipo que me faz sentir orgulho do meu trabalho.Que me faz reacender a chama da justiça e esquecer que matar é um pecado cristão!
-Por que você faz isso?O que lhe faz pensar que tem o direito de matar pessoas?
-Não sei...mas devo tudo isso a minha primeira vítima.O Homem do qual eu nunca me arrependi de tê-lo torturado,num quarto de motel,enquanto esperava sua amante.Um homem que não dava valor a mulher maravilhosa que tinha....
Pablo já imaginava o que seu assassino iria dizer.
-Um canalha que eu chamava de pai.-disse com um brilho satânico no olhar. -Não sabe como foi maravilhoso quebrar a cabeça dele,o prazer que eu sentia.E ainda ter como culpada a safada que fazia-se de amiga de minha mãe,mas que transava com o canalha. Ali eu vi que a morte,muitas vezes,é a rendição,a pena perfeita. Você me lembra meu pai,mas muito mais pervertido,pois ele se resumia a mulheres e não a projetos delas.
-Você está fora de controle. Diga-me quem te contratou. Quem foi o covarde que te mandou aqui ao invés de vir pessoalmente. Diga-me ao menos...Quem foi o covarde,Gusmael?
-Você está muito nervoso. Nem parece o homem seguro que conversava comigo antes de saber que eu estava apenas esperando dar duas horas para cumprir meu serviço. O homem que maltratava a mulher pois sabe que mesmo fazendo todas as barbaridades com ela,ela estaria do seu lado,pois tem um amor incondicional,quase doentio,para não dizer possessivo por você. Um homem que não admira-a quando se veste bem.Que a trai pela Internet,mas esquece de deletar históricos das conversas.Conversas quais a polícia por as mãos lhe renderia pena pérpetua.Uma mulher que perdeu o prazer por seu próprio corpo.Que vivia em função de você tolerando suas escapadas com crianças,e com meninos...Que no início agüentou todas suas perversões,suas taras.Uma mulher indignada e desacreditada que sua devoção de quase onze anos teria futuro.O que você via como T.P.M,era na verdade,a chuva de dúvidas sobre o que ela tinha que fazer para mudar essa situação.
-Aonde você quer chegar?Diga-me...onde?
-Ora,pense,Pablo.Você é professor,chegou onde está graças ao seu intelecto.Vamos...pense.Quem nessa vida teria mais motivos para matá-lo...não é tão difícil...
Naquele momento,ele quis ignorar o que já era claro.Uma forte dor no peito lhe levou a mão ao peito.Não conseguia acreditar.Estranhos flashs dos últimos dias vieram á tona.As poucas conversas,o chora-chora de todos os dias,Os telefonemas no banheiro,e principalmente,a falta de ligações procurando-o naquele dia que estava se tornado em seu maior pesadelo.
-Mariana?!
-Lembra da minha teoria da saudade e ciúme?Só sente saudade quem está distante.Se sabe-se o que a pessoa esta fazendo,não se liga,não se procura,não se preocupa...Como havia notado,ela não lhe ligara hoje.Nesse momento ela está indo para Minas Gerais,só esperando eu ligar para seu telefone,dizendo que pus fim em você.Nunca deve se duvidar da capacidade de uma mulher que se sente humilhada.
-Mariana....mas como pôde?!..Ela está aqui?Onde ela está?-perguntava descontrolado e subindo tom de voz.
Paulo do outro lado do balcão notou aflição do amigo,logo se aproximou.
Gusmael segurou os braços de sua vítima.
-Calma..ela não está aqui...mas me ligou...ela sabia justamente onde você estaria..assim como sabia que a menina iria te procurar naquela noite...sabia que eu ia estar com você agora....-entregou.-Te observo a três meses,a mando de uma esposa apaixonada e incompreendida.
Paulão se aproximou.
-Que é que está havendo,Pablo?Já está de porre?Melhor parar....
Num surto,Pablo soltou-se dos braços de Gusmael.
-Paulão,este cara é um assassino.Ele veio até aqui para me matar!-Gritava.-Chame a polícia,ele veio a mando da Mariana.
Paulão sorriu sem graça,observando a reação dos outros clientes.
-Calma,Pablo,calma-Pedia.-Você está assustando as pessoas...Calma pessoal,ele só bebeu vodca demais.
-Eu estou falando sério!Ele tem uma arma no calcanhar!-gritava descontrolado.
Neste momento,todos no bar gritaram e começaram a correr.
Gusmael olhou para o relógio na porta,já havia passado das duas horas,era a primeira vez que atrasara um trabalho,e,devido a confusão,teria que agir publicamente.Desceu sua mão esquerda até o coldre em sua perna,e retirou uma pistola automática com silenciador.Atirou para o teto.
-Ninguém sai deste bar,todos nos chão!Meu negócio é somente com o criminoso!-gritava ele descontrolado.
-Olha,se esta falando dos dois jovens ali,eles têm dezoito anos,podem beber...-defendeu-se Paulão levantando-se rapidamente,mas notando a pistola apontada para si,deitou-se novamente e cobriu-se com os braços.
-Seu crime é irrelevante,Paulão.Pablo sim é criminoso..e ele vai comigo.
Pablo estava parado na porta do bar.
Gusmael virou-se devagar em sua direção.
-Não se mova...não me faça tirar mais vidas por sua culpa.
Rapidamente,Pablo pulou para fora do bar e começou a correr pelas ruas.
-Filho da puta!-xingou gusmael preparando-se para correr,mas voltando para pegar sua maleta.Antes ainda,olhou nos olhos amedrontados das pessoas e disse: “Vocês nunca me viram...sei aonde moram,não me façam voltar!”-dito,saiu do bar correndo com sua maleta em uma das mão e a arma em outra.

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14h25

Depois de correr como não corria a anos,Pablo parou em um cruzamento.Estava tremendo de medo e cansaço.Olhava para todos os lados,todas as pessoas que passavam.Olhava para o céu,para o chão,para os carros.Não sabia para onde ir,todos eram suspeitos,todos o causavam insegurança.Andou mais um pouco até um sinal de pedestres.Se intrometeu entre as pessoas que esperavam para atravessar.Olhou para o sinal verde.Não fechava.
-O senhor está bem,senhor?-perguntou uma senhora idosa segurando seu braço.
Os olhos dele se deslocaram para o braço.Empurrou a senhora.Correu para o meio da rua,por sorte,o sinal havia fechado.Atravesou entre os carros,ignorando a faixa de pedestres.Procurava para onde correr.Até que sentiu uma mão tocar sua cintura,e uma voz conhecida sussurrou em seu ouvido:
-O jogo acabou.Nem tente correr,apenas me siga.
Fechou os olhos.Sabia que ia morrer.

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14h40

Sentou-se na rua.Esperou que abrissem a porta do prédio.
Um rapaz moreno abriu as porta.
Subiram mais dois andares de escada,sem nenhuma palavra.Pablo apenas sentia o cano frio da arma em sua coluna.
Chegaram ao terceiro andar.
Abriu a porta de madeira.O apartamento era completamente bagunçado.Papéis jogados no chão espalhados.Comida esparramada no sofá.
-Vamos para o quarto.Você vai me fazer sumir do estado por alguns meses...podia ter terminado sem ninguém saber.Mas você não se comportou.-Disse Gusmael enquanto empurrava o professor para o quarto.
Conforme se aproximavam do quarto,o medo tomava conta de Pablo.Queria reagir.Mas como?
O assassino abriu a porta do quarto.Lá,havia um corpo deitado no chão.
-Acho que você já conhece esse rapaz,não?
Pablo cerrou o cenho afim de enxergar com mais precisão.Morto,o rapaz era conhecido de Pablo.
-...Era meu aluno...
-Aluno,amante,marido...que mais ele era seu?
-Mariana sabia disso tudo?
-Graças a mim.
Pablo rapidamente virou-se e pulou sobre Gusmael.
Os dois iniciaram uma briga no chão,sobre o cadáver.Lutando entre os papéis jogados.Pablo conseguiu acertar um soco na boca de Gusmael,fazendo-o sangrar.Em troca,acertou-o com um soco no estômago.Até que conseguiou tirar a arma das mão do assassino.
-Quem está no poder agora?-Perguntou levantando-se e observando seu assassino sentado no chão.
-Ora,ora,não era você que gostava de suspense?Das reviravoltas?Pois então...Aqui está o seu suspense.Será que o matador de aluguel irá morrer?Ou será que será entregue para a policia...onde,na cadeia,ele será transformado na mocinha das celas?Vamos,Gusmael..se é que este é seu nome verdadeiro!Aposte..quem será que é o assassino?Eu...ou você?
Gusmael de repente sorriu.
-Nenhum de nós.-disse em um tom triunfante.
Pablo não entendeu.
-Isso mesmo nenhum de nós.-insistiu sorrindo e levantando-se devagar,e,com os olhos,indicando para que Pablo olhasse para trás.
Com medo,mas sabendo que não seria nada bom.Pablo foi virando-se devagar.Com a boca novamente seca de pavor. O peito com a dor da angústia.E o alívio que estava sentido quando estava frente a frente com seu assassino,com a arma na mão,que havia transformado-se em terror.
Virou-se lentamente.E ao ver quem apontava-lhe uma arma,totalmente diferente do que era no modo de vestir-se,deixou a pistola cair no chão.
-Eu disse que um dia eu iria cometer uma loucura...eu disse que um dia tudo ia mudar por bem,ou por mau...-disse Mariana,vestindo um vestido curto com um decote.
-Mariana,não..-implorou Pablo ajoelhando-se ao prantos.-Me perdoa....
Gusmael levantou-se e pegou a arma no chão.
-Perdão?-perguntou engatilhando o revolve,também com silenciador.
Gusmael se juntou a sua cliente.
-Você achou mesmo que ela perderia isso?-perguntou beijando-a na boca.
-Nem por nada....
-Por que Mari....me perdoe!Prometo mudar.Juro.Vamos para outro estado,eu mudo...
ela sorriu.
-Ah,meu amor...se você tivesse transado comigo quando te pedi,eu podia até pensar na sua proposta.Mas infelizmente não dá mais.
-Por que?Por que não dá....podemos começar de novo.,por favor.Eu não quero morrer.
-Infelizmente é tarde,Pablo.-Disse o assassino apontando a pistola.
-É amor,é tarde..até demais....
Pablo chorava ajoelhado.
-Por que tarde?-gritava descontrolado.-Por que tarde seus doentes!?Seus filhos da puta sádicos!
-Ele quer sabe POR QUE É TARDE,Vitor.-disse Mariana em tom irônico,revelando o verdadeiro nome de seu cúmplice.
-Ué,diga...
-Pablo do meu coração...é por que já passou das duas horas!
E começaram a gritar enquanto atiravam contra Pablo,com sorrisos de satisfação no rosto,observando o corpo gingar com o impacto das balas até cair sobre o outro cadáver.Completamente banhado em sangue,com os olhos abertos encarando os dois que sorriam,sentindo que a justiça havia sido feita.



15:00h



fim

(essa história tem uma sequência..AGUARDEM!
Fael Velloso
Enviado por Fael Velloso em 23/05/2007
Reeditado em 24/05/2009
Código do texto: T497894
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