"O Demônio de Blackchapel" - Parte XVII
Capítulo 17:
A Carta
- Mas que droga é essa? - Exclamou o detetive Jickens - Não diga que é o que eu estou pensando, isso é...
- Um rim senhor - interrompeu o suboficial Falman - Um rim humano, ou pelo menos metade de um.
- Por Deus...
Enquanto observava o conteúdo da caixa, Brian sentiu um embrulho no estômago e por um instante, teve vontade de vomitar, mas conteve-se. A caixa de plástico que chegara ao departamento de polícia de Blackchapel carregava um conteúdo bizarro: um rim humano cortava cirurgicamente ao meio. A precisão do corte era quase perfeita. Brian por fim desviou sua atenção do órgão e voltou-se para Falman:
- Muito bem, agora podem me explicar o que diabos um rim humano está fazendo aqui? E afinal quem enviou isso pra cá?
- Não sabemos senhor - Respondeu Falman - A caixa não tem nenhuma identificação. Fizemos uma análise rápida e não há nada que possa identificar. Não há digitais. Quem entregou isso, com certeza usou luvas.
- E quem a encontrou? E aonde? - Brian parecia querer mais detalhes e mais rápido do que Falman estava disposto a lhe contar.
- Estava lá fora. Um faxineiro encontrou.
- E esse faxineiro não viu nada?
- Ele diz que não. Apenas... - Falman se deteve.
- Apenas o que?
- Ele diz que viu uma silhueta, provavelmente de um homem se afastar e entrar em um beco poucos segundos depois de ver que a caixa estava lá.
- Então ele viu alguma coisa.
- Sim, mas ele disse que não sabe quem era e nem deu pra identificar se era homem ou mulher. Apenas que essa "sombra" sinistra sumiu na escuridão. Segundo palavras do faxineiro, "era como se ele fizesse parte dela".
- Eu quero falar com ele. - Exigiu Brian.
- Bom esse é outro problema. Não o encontramos em parte alguma. Ele parece ter sumido após ter achado a caixa. Talvez tenha ido para casa não sei.
- Bom, encontre-o e tragam imediatamente a mim. Tenho o pressentimento de que ele sabe mais do que quer nos contar.
- Tem mais uma coisa senhor - Falman prosseguiu - Além do pedaço de órgão, havia na caixa uma carta.
- Uma carta? - Brian estranhou.
- Sim, uma carta.
- E o que está escrito?
- É melhor o senhor mesmo ler.
Então Brian começou a fazê-lo. Fixou seus olhos no papel e começou a leitura. Seja lá o que estivesse escrito, seria de fundamental importância para as investigações. Por um momento, a mente do detetive se encheu em um misto de curiosidade e excitação. As demais pessoas na sala ficaram imóveis, esperando que Jickens terminasse a leitura da carta que aparentemente todos ali, exceto Brian já haviam lido.
Após cerca de um minuto, o detetive terminou de ler a carta. Levou ainda cerca de alguns segundos para que esboçasse alguma reação. Ficou ali parado por um bom tempo, sem nada dizer, apenas refletindo sobre o que acabara de ler. Os demais na sala continuaram esperando até que o detetive por fim falou:
- Temos um problema maior do que imaginávamos.