... Às vezes não dá.


Numa pacata cidade interiorana, um sujeito
muito religioso, devoto de todos os santos
frequentador assíduo das missas dominicais
estava um tanto desolado com aquela rotina.
Ladainha, sermão e comunhão, na hora de ir
embora, lotação. Certo dia recebeu em
casa a visita de um velho conhecido por
quem sempre teve respeito e admiração.
Esse amigo de longa data pertencia a uma
linha filosófica diferente e intrigante, pelo
menos para ele. No final da visita ficou certo
de que ele acompanharia o compadre e amigo
a um centro que há anos existia bem próximo
de onde ele morava. No dia e hora marcada,
lá estavam eles. Ficou encantado com o
ambiente limpo sem imagens, palavras fáceis
de entender e o passe, não era aquele bicho
de sete cabeças que pensava. Após algumas
sessões já se sentia a vontade. Certa reunião,
um pouco sonolento, segundo ele, quase em
'transe', 'ouviu' um 'espírito' lhe soprar ao ouvido,
que era melhor não viajar na manhã seguinte,
pois haveria uma enorme tempestade e as
estradas estariam todas congestionadas
e com enormes desmoronamentos.
Mas, como assim? Como 'ele' sabia de minha
viagem? Não comentei nada com ninguém!
Dormiu o sono tranquilo e na manhã seguinte
acordou e foi logo olhar o tempo. Céu limpo,
azul e temperatura excelente para uma boa
viagem. Voltou à cozinha e foi tratar de fazer
seu café e acomodar as coisas na pequena
mala. Voltando para a varanda indo em direção
ao carro, sentiu um vento estranho e frio, o céu
rapidamente se transformou, as nuvens
escureceram e o temporal desabou.
Que coisa! Espantou-se e logo associou tudo
aquilo com o ‘soprado’ no ouvido na noite anterior.
- Não. Hoje não viajo e ponto final!
À noite no telejornal as notícias de
engavetamento, desmoronamentos, e muita
confusão nas estradas e na própria cidade.
A partir dai, começou a dar atenção ao que
'os outros' falavam.
Seguiram-se meses e o ano passou como um
raio por ele. Já havia 1 ano e 8 meses que
frequentava aquele centro e sempre tinha suas
'premonições' como costumava chamar os
'avisos'. A tal ponto que em todas as vezes que
saia de casa sempre perguntava 'aos outros' se
estava tudo bem e se nada ia acontecer com ele.
E assim foi até um dia em que numa ribanceira,
estradinha sem asfalto e com um pontesinha lá
embaixo e sem proteção lateral, cabendo apenas
um único carro por vez, ele se depara com uma
situação e quer saber se dava para passar
antes do caminhão de madeiras que vinha em
direção contrária. Rapidamente eleva o
pensamento ao mentor, sim, agora já virou
'mentor espiritual', subiu de cargo; o espirito
faz um certo suspense e 'fala' para ele,
'Vai que dá!'. Pisou no acelerador e foi...
Direto no radiador do caminhão de toras.
Chegando ao plano superior, foi logo tratando
de entender o que havia acontecido, ou melhor,
PORQUE HAVIA ACONTECIDO AQUILO
COMIGO. Já chegou aos berros.
Foi logo interrompido por uma entidade
alta calma, serena e vestida de um azul celeste
suave e esmeradamente bem alinhado, que lhe
disse, - Meu estimado irmão, por acaso procuras
algo ou alguém? Explicado sua agonia, o espírito
cicerone lhe disse, - Ora, você é mais um dos
que acreditavam estar de posse do controle e
amizade do tal 'mentor espiritual' que dirigia
para vários motoristas em sua cidade carnal
?
Pois fique calmo, vou contar-lhe uma pequena
história, venha comigo, disse a entidade azul
celeste e extremamente alta.
Não acredite em tudo o que ouve, começou
explanando, primeiro é preciso muito estudo
e renovação íntima para receber informações
desse mister. Aquele que se dizia um 'mentor'
nada mais era do que um espírito de boas
intenções, porém, zombeteiro, trapalhão,
pensando em fazer o bem, e às vezes o fazia,
acabava por criar mais confusões e desastres
do que o contrário, assim como o seu por
exemplo. Moral da história. Vai acreditando em
tudo o que te falam ao pé do ouvido para ver
onde vai parar. Nada se conquista sem dedicação
e muito tempo. Aliás, o tempo tem sido desde
sempre o senhor dirimidor de todas as nossas
dúvidas e inquietações. Aguarde o momento
oportuno e mantenha seu pensamento em Cristo
estude seu Evangelho e busque as ações do
plano material para o seu controle pessoal.
Não devemos esquecer que somos espíritos
encarnados e não contrário.
As decisões devem ser nossas em primeiro lugar.
A ajuda do plano superior é bem vinda e sempre
acontece, desde que com responsabilidade e
cuidado extremo na lida com o invisível.
Para cá vem os bons, os maus e os espertos.
Lembre-se disso antes de confiar em tudo
o que ouve.