Em Uma Noite Escura.
Esperava a espreita, um feixe de luz, que relevasse o corpo, que se dirigia para o lugar em que estava escondido.
O suor frio tomava a face, e o respirar ofegante, transparecia o medo que sentia.
Não consigo enxergar a face daquela silhueta, a contra-luz me revela apenas um corpo negro assustador.
Li em alguma manchete de um jornal antigo, que hoje seria o dia da minha morte, poderia ser alguma brincadeira de mau gosto, mas melhor nem arriscar.
O dono da silhueta acende um cigarro, a luz das chamas revelam seus olhos, um brilho tenebroso habita neles, olhos da morte.
abaixo-me para que não possa me ver, mas sem querer piso em algo que exala um som que o rouba a atenção.
Ele sem levantar o rosto diz:
_Não preciso se esconder meu velho, sei que estas ai.
Começo a suar frio, e meu corpo treme.
Ele continua:
_Não a escuridão que esconda algo de meus olhos, deveria temer-me antes de brincar comigo, nunca entro em um jogo para perder.
Fecho os olhos e faço preces a Deus.
Ele desaparece, e com alivio, volto a ficar de pé, mas ao levantar, sinto uma presença a minhas costas, ao me virar, vejo aqueles mesmos olhos de morte, que me diz:
_Não adianta implorar para seu Deus, ele nada mais pode fazer por ti,
jurastes a mim a tua alma, dei tudo que querias, agora venho buscar o que é meu.
As nuvens negras passam diante da lua, e a escuridão toma todo o lugar, um silêncio súbito se propaga, aos poucos a luz da lua revela tudo novamente, mas não existe nada mais a não ser um cigarro pela metade, com a brasa ainda acesa ao chão.