Creep,capítulo III
Para ajudar o sono tinha sempre um livro na cama,esse era seu método de leitura,fixava rápido o conteúdo e era confortável,nos dias frios em que podia ficar em casa era assim:edredon,livro,música o mundo lá fora que explodisse não trocava aquele sossego por nada.
Mas aquela noite ela não dormiu bem,parecia que algo tinha lhe caído mal embora aquele velho pesadelo a acompanhasse desde os 9 anos,na pequena cidade onde morava antes a única diversão que tinha era passear no cemitério atrás de sua casa,as vezes a mãe chegava do trabalho e a casa estava deserta, a porta do quintal aberta e Karyn sumida,já tinha se acostumado as esquisitices da filha,pelo menos não estava em más companhias era o que ela sempre dizia quando o pai se irritava com seus hábitos.
Dessa vez foi diferente,ele estava armado.
Ela nunca conseguia ver seu rosto,e era sempre a mesma perseguição frenética,primeiro na casa,jardim,escola,rua mas desta vez o miserável tinha um facão enorme e reluzente,parecia ter sido usado recentemente tinha sangue e pedacinhos de carne podre.
Finalmente ele a alcançou,jogou-lhe no chão com violência,depois levantou pelos cabelos,chorava,gritava mas nunca havia ninguém para ouvi-la,salva-la.
O homem a esbofeteia e acaricia seus seios,um nojo sem nome a entontece,ele tira o membro para fora da calça e bate com ele no rosto da garotinha provocando uma incontrolável ânsia de vomito, e joga aos pés do miserável um liquido verde escuro e ardido.
- Vagabunda-
- Você me sujou vadia,olha aqui minha roupa.
Com nojo ele apanha a calça tendo o cuidado de recolher as mechas de cabelo já espalhadas no chão,enrola na camisa e saí deixando ela ali,quase morta.
- Devia fazer você lavar sua idiota,mas tudo bem eu volto amanhã,eu sempre volto.
Foi assim a noite inteira entre um sonho ruim e o estado de vigília, as onze da manhã do dia seguinte ela acordou. O celular tocava Imigrant Song, e ela despertou aos gritos,banhada em suor e lágrimas,uma das cortinas estava afastada da janela e foi aí que ela se assustou de verdade havia alguém no quarto.
Com um movimento brusco ela apanha o celular que tocava alto e incessante,acende a luz e o que viu foi um homem,ou acreditava que era um,seu rosto encoberto por uma penumbra que parecia estar somente a sua volta como uma aura negra que oculta e protege,o que a intrigou realmente foram os olhos,não eles propriamente um brilho vermelho,animalesco,não podia ser,mas era.
Numa fração de segundo a criatura desapareceu,um cheiro insuportável de terra úmida,podridão e perfume lhe chegou as narinas e ela saiu do torpor,correu para fora do quarto e acendeu as luzes do corredor tudo em volta era silêncio,o alarme na parede ao sul brilhava,não era possível ele estava lá,ou esteve.
-Karyn,onde você está?
Era David,seu amigo dos anos de universidade.
Ela soluçava,aquelas ligações de manhã eram sempre a mesma coisa,o pesadelo.
- Karyn,fale comigo,por favor.
-David,tinha um homem aqui,era ele,eu sei era ele.
-Calma,foi só um pesadelo.
-Eu vi,tenho certeza.
-Tudo bem,estou indo aí já.
-Não,não precisa eu devo ter imagino mesmo,tudo bem com você?
-Estou sim mas esta noite sonhei contigo.
-Quer dizer que começamos bem o dia.
-Sim,mas agora eu vou sair e estarei aí em uma hora e conversamos.
-Você venceu,venha e almoçamos juntos,faz tempo que você não me visita,traga um vinho tinto me sinto propensa a cozinhar.
-E incenso,dá para sentir daqui tua tensão.
-Vou tomar um banho frio e providenciar nosso banquete.
-Até parece,bem,estou entrando na rodovia melhor desligar agora,fique bem minha cara logo estarei aí.
As luzes se apagam e ela entra no quarto novamente,a adrenalina diminui e o pânico que tinha lhe invadido cessou.
-Tudo bem,foi só um sonho. O cheiro havia desaparecido.