O Menino Fantasma. Parte 3.

Capítulo 3 – Um Maníaco Entre Eles.

Ele se espantou com aquilo. Paulo já não sabia o que era a realidade em sua volta. Como assim? Um menino que desaparecera há 40 anos e do nada sem nem o conhecer aparece para ele descalço, imundo, sozinho e de aspecto sinistro. Ele tendo visões do local do seu trabalho só que a muitos e muitos anos atrás. Coisas aparecendo e sumindo do nada. O que era a realidade então? Parado, ele observa o chão agora limpíssimo, ou pelo menos do jeito que estava antes da sujeira, escuta o silêncio com o coração acelerado, volta novamente para a sala mais fica no pé da escada olhando os móveis, as janelas, cortinas e o corredor que levava até a cozinha. Não que Paulo virara um herói, o homem sem medo, por dentro ele estava muito assustado com o que estava acontecendo, mais fazia parte dele o espirito de querer ir à fundo em tudo o que fazia, de querer descobrir o motivo da visão, do desaparecimento de James e porque ele aparecia pra ele. Por que eu? Ele se perguntava. Ele não viu nada e subiu novamente indo até o banheiro para escovar os dentes mais o que não sumira fora o recado no espelho, ainda estava lá. Paulo pegou um bloco de papel que ficava na cabeceira da sua cama e anotou o recado, limpou o vidro, escovou os dentes e foi deitar-se. Na verdade, ele queria ir para o lugar do qual o recado falava mais pensou melhor. A noite, sozinho e sem saber o que o esperava? Não não. E mesmo que chamasse alguém o que diria a essa pessoa o que ele estava fazendo ali a essa hora da noite? Dormiu.

Sem luzes acesas, sem passos na casa, sem o vento batendo contra as janelas, sem goteiras escapando pela torneira da cozinha e o relógio dando 02:05 AM. Paulo despertou-se, olhou para o relógio quadrado que ficava na cabeceira. Levantou-se e foi ao banheiro para urinar. Voltando para o quarto ouviu vozes, mais elas estavam baixa, pareciam estar longe. Ele achou estranho àquelas vozes há essa hora. Deu passos bem curtos até o início da escada e olhou para baixo, viu alguns reflexos de luzes iluminando o pé da escada e a curiosidade junta com o medo lhe abraçaram. Desceu lentamente a escada e quando chegou há certo ângulo que dava para ver toda a sala de estar, ele viu James sentado no sofá assistindo a TV. Ele parou e apenas olhou. James ainda não lhe pôs os olhos, pois olhava fixamente para a TV. Assistia a um desenho animado mais sem qualquer expressão de sorriso em seu rosto. Paulo desceu o resto da escada bem devagar e foi se aproximando do sofá ainda com os passos bem lentos. Parou bem perto do menino mais não disse nada, apenas ouvia as risadas dos personagens no desenho. O garoto lhe olhou com seu olhar frio e tenebroso e Paulo desviou rapidamente o olhar dele, pois seu olhar lhe causava calafrios e olhou para baixo. – O que você quer? Disse ele ainda sem olhar para o menino. De repente a TV muda de canal e agora já não era mais um desenho animado que passava e sim um filme. No filme um homem olhava para uma mulher que chorava e lhe abraçava. – O que você quer amor? Dizia o homem. A mulher respondeu. – Eu quero viver. Paulo criou coragem para encará-lo e olhou no fundo daqueles olhos negros. – Porque eu? Disse Paulo com a voz fraca. A TV novamente mudara de canal e agora passava um filme de guerra onde estava um soldado e seu general. – Porque eu senhor? Perguntou o soldado batendo continência. – Porque é a pessoa certa! Exclamou o general ao soldado. Paulo olhou para a TV e logo para baixo pensando. Entendeu tudo. – E o que...

O menino se desmanchou em um pó amarelado bem fraquinho na sua frente. Não só ele como toda a sala com os móveis e em questão de segundos era de dia. Parecia um final de tarde. Ele estava em pé numa estrada de terra, ela era um pouco estreita e ele ouvia bem baixinho um barulho de um trem que vinha de dentro do bosque que tinha ao seu lado direito. Na verdade, em tudo ao seu redor era floresta e bem fechada. Não havia casas por perto anão ser uma. Sua arquitetura era muito bonita e de cor marrom avermelhada com uma varanda grande do lado. De frente para a varanda estava estacionada uma caminhonete azul que aparentava ser velha com os para-choques comidos pela ferrugem e com os pneus carecas. Sua carroceria era suja e os vidros estavam embaçados. As mudanças da realidade lhe causavam dores de cabeça. Ele olha tudo a sua volta mais existia somente aquela casa de casa por perto. Ele começa a caminhar em direção a caminhonete e olha dentro dela pelos vidros embaçados e fechados, vê a chave na ignição mais não tenta abrir a porta. Ele olha bem ao redor da casa e não vê ninguém, não ouve nada anão ser o som do trem que ainda não acabara. – O que quer me mostrar James? Perguntava-se bem baixinho. Ele aproximasse da porta da frente subindo os três degraus da escada pequena que tinha ali. Ao gesto que ia fazer que seria bater na porta para ver se alguém o atendia, ela se abre ao menor toque de sua mão. Ela fica entre aberta e ele dar um passo para trás com o coração acelerado. Olha fixamente vidrado para o escuro dentro da casa pela fresta da porta. Ele dar mais uma olhada para os lados e dar um passo para perto da porta, lhe trisca com os dedos meio trêmulos e ela se abri sem o menor barulho. Um abajur que estava ao lado de uma grande estante estava aceso e sua luz amarela dava pouca claridade há sala de estar, alguns móveis estavam empoeirados e um grande carpete preto enfeitava o centro da sala.

Ele dar mais um passo em direção ao carpete mais não fecha a porta. – Olá? Nenhum som veio de nada. – Oi? Tem alguém em casa? Insistiu o professor. Ele olha para uma mesa e vê fotos. Nela aparecia um casal e um garotinho. Em outros porta retratos do lado estava o mesmo garoto, mas sozinho, porém, sorridente e feliz. Era James. Cabelos lisos pretinhos e olhos castanhos claros. Ao querer ir à estante grande ele ouve passos no andar de cima. Não eram alarmantes, eram leves mais mesmo assim os ouvia. Depois já não viam do teto e sim da escada ao seu lado. Descia os degraus levemente o mesmo menino dos retratos. Descia os degraus, James. Tinha em suas mãos figurinhas colecionáveis, eram coloridas com vários tipos de desenhos. – 21, 22, 23... Contava James às figurinhas e indo até o centro do carpete passando por Paulo sem notar sua presença. Ele sentou-se, colocou as figuras do lado e retirou apenas uma do meio delas. Ela era preta e branca. Parecia ser sua favorita, pois ele a devorava com os olhos e Paulo apenas o observava. Aproximou-se de James e viu o desenho da figura. Era um homem e um menino, ambos de mão dadas, porém, eram apenas suas sombras. Os dois se espantaram quando uma mulher que usava um vestido branco e florido entrou pela porta dos fundos seguida de um homem de barba mal feita. Paulo os conheceu, era o casal na foto em cima da mesa. Entraram com passos rápidos e discutiam sobre algo que não concordavam. Passaram por James sem dar atenção e subiram a escada agitados e James apenas olhou a cena com ar de tristeza. Ele volta a olhar para a figurinha que estava em sua mão e Paulo chegou perto e se agachou. – Você pode me ouvir James? Diz ele olhando para o garoto mais o garoto olhava para a figurinha. Paulo abaixa a cabeça já muito confuso, e esfrega os olhos respirando fundo. – NÃO... PARA... AHHH! Grita a mulher com uma voz sufocante. Paulo abre os olhos e levanta rapidamente e sem hesitar sobe a escada, vai até um quarto que estava com a porta escancarada e quando entra, a mulher estava caída ao lado da cama com uma faca entre os seios. Dava seus últimos suspiros e mesmo que ninguém pudesse notar a presença de Paulo ela parecia notar, pois nos últimos suspiros de vida olhava Paulo nos olhos, parecia lhe enxergar. Seus olhos serenos e brilhosos lhe partiam o coração e ele, olhando aquela cena trágica e horrível, desviou os olhos olhando para o outro lado do quarto e sua visão embaçou-se, suas pernas tremiam e então se apoia no arco da porta e abaixa a cabeça.

-- CONTINUA --

Arthur Oliveira.

Olicas
Enviado por Olicas em 01/05/2014
Reeditado em 21/05/2014
Código do texto: T4790369
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