O Menino Fantasma. Parte 2.

Capítulo 2 – James Johnson.

Aquele dia era o dia de sua folga, mas nem por isso ele relaxou. Perguntava-se por que aquilo estava acontecendo com ele, quem era aquele menino tão misterioso e assustador e como chegou a sua casa ontem à noite, pois não se lembrava de nada. Para tentar relaxar, Paulo pegou um livro sobre relações sociais e vai até a varanda para lê-lo, se acomoda sobre uma cadeira grande e coloca uma almofada atrás das costas. Logo depois Paulo almoçou e resolve ir à escola onde trabalhava para verificar os registros passados, matrículas de alunos e históricos antigos para ver se achava algo que ligasse o que tinha acontecido com o menino que lhe apareceu. Como Paulo não achou nada nos registro foi até a sala do diretor que era uma das pessoas mais antigas da escola, e perguntou se o menino que vira no corredor (contou o que aconteceu no corredor da escola na noite passada) já estudou naquela escola antes. O diretor reuniu todas as descrições de Paulo sobre o menino e um pensamento lhe atingiu como uma pancada na cabeça. – Está me dizendo que quando estava indo embora ontem à noite, esse menino apareceu pra você? Disse o diretor há Paulo lhe fitando através das lentes grossas dos óculos de graus e demostrando preocupação. – Não simplesmente apareceu, Rubén. Ele estava sozinho, descalço, coberto de sujeita e muito esquisito. Fedia a lama e estava mais gelado que um Iceberg. Disse Paulo lhe encarando nos olhos e gesticulando com as mãos certas coisas. Ruben olhou para o lado e coçou atrás da cabeça, tirou os óculos e colocou-o sobre a mesa que separava os dois. Fez um gesto facial como quem estava vasculhando a memória procurando por alguma coisa. – James Johnson não é visto há 40 anos. Quer mesmo que eu acredite que você o viu no corredor ontem há noite? – O que aconteceu com ele? Perguntou Paulo com os olhos bem fixados no diretor. – Ninguém sabe.

Num dia James estava correndo pelos corredores dessa escola e no outro ele não veio. E assim no dia seguinte e no dia seguinte e assim foi indo até que nos preocupamos com sua ausência nas aulas e ligamos para seus pais. Mas ninguém atendia. Fomos a sua casa mais ninguém estava lá, estava quase que abandonada, as portas estavam trancadas e a caminhonete estava lá de frente pra varanda com as chaves na ignição. Ruben levantou-se da cadeira que tinha pneuzinhos pretos nos pés e foi até outra mesa no canto da sala onde tinha uma cafeteira. Paulo olhava para baixo e estava com as sobrancelhas flexionadas sem entender muita coisa. – Café? Ofereceu Ruben. – Não. Mas nunca ninguém soube o que aconteceu com ele e com os pais? – Não. Disse o diretor sentando-se novamente e tomando um gole do café. – Fomos outras vezes atrás mais nunca mais ninguém viu ninguém. – Porque você... Ruben foi interrompido por alguém que batia na porta. – Pode entrar. – O senhor Willians está na secretária pedindo sua presença. Disse um professor. – Está bem, já estou indo. Disse Ruben levantando-se e colocando a xicara de café ao lado da cafeteira. – Paulo, isso não importa. Foi ha quarenta anos. Hoje é sua folga, devia estar em casa descansando. Disse o diretor acompanhando Paulo até a porta. Ao sair da sala o diretor seguiu o professor até virarem o corredor, Paulo estava em pé de costas para a porta da sala de onde acabara de sair e olhava o horário no relógio preto de pulso que usava. 05:00PM. Voltou para sua casa e tomou um banho. Jantou às sete e já de pijama revisava uma atividade que passaria amanhã para os seus alunos.

Paulo parou por um segundo e passou as mãos no rosto. Não parava de pensar em James Johnson. De repente uma cena passou em sua mente como um flash de luz. Uma floresta bem verde com árvores altas e um pouco escura. Ele se assustou com aquilo e olhou ao redor da sala de estar. Escutou passos no andar de cima e levantou-se da cadeira devagar olhando para o teto. O barulho dos passos parou. Ele foi até o pé da escada e olhou pra cima mais não via nem ouviu nada. Subiu degrau por degrau cautelosamente e com a respiração acelerada. Chegando ao corredor de cima olha para o chão e vê terra. Como quem passou por ali com os pés cheio de lama. A terra no chão fazia uma pequena trilha até o banheiro que ficava no fim do corredor. Quanto mais Paulo chegava perto da porta mais o ar ficava frio e chegando em frente ao banheiro ele pega na maçaneta da porta e gira vagarosamente para abri-la. No início ela faz um pequeno ranger mais volta a abrir silenciosamente. Já aberta, Paulo olha para o espelho grande na parede e letras de lama diziam: “Rua Breek Clank, próximo à estação ferroviária de Kliff, número 4102”. Tic Tac, Tic Tac... Paulo volta para corredor. Não tinha mais duvidas de que fora James que escreveu no espelho. – Eu agora sei o seu nome. Diz ele esperando o garoto aparecer. – Você me disse que não tinha. É James não é? Ele abre a porta do seu quarto para ver se James estava lá, vai no quarto de hospedes ainda em cima e também nada se encontra lá anão ser os móveis de sempre. Paulo desce para a sala de estar, vai até a cozinha, depois vai até a varanda passando pela sala de estar novamente. Não havia ninguém no seu jardim ou nos jardins dos vizinhos. Era noite sem lua, e apenas a luz amarela dos postes altos clareavam a rua vazia. – O que você quer de mim? Diz Paulo olhando para todos os lados para ver se o via. –James? Disse ele saindo de baixo da varanda e indo até o gramado úmido pelo sereno da noite. – Eu só quero entender porque tudo isso está acontecendo. Eu quero ajudar.

O silêncio continuava sem ser interrompido até que... – Está tudo bem senhor Vargaz? Disse o vizinho de Paulo que estava sentando numa cadeira de balanço na varanda da sua casa. Paulo o olhou sem graça, pois notara que seu vizinho o escutou falando com o vento. – Boa noite senhor Clark. Disse dando um leve sorriso para disfarçar. – Está sim. O senhor... por acaso o senhor viu alguém saindo de dentro da minha casa? – Além de você? Ele riu. – Não. Completou com a voz roca e surpreso, pois desde que Paulo passou a ser seu vizinho, nunca viu uma visita de alguém se quer. A não ser o carteiro entregando as contas. – Quem é James? Perguntou curioso lhe olhando. – James? Questionou Paulo flexionando as sobrancelhas. – Quando saiu aqui fora chamou por alguém que se chama James não foi? – Ah, não era ninguém. Disse ele olhando para os lados. – Mas você o chamou tão confiante que parecia estar na sua frente. Insistiu o senhor Clark rindo. – Não, estava repetindo uma cena de um filme que vi. Ele riu e emendou. – Boa noite senhor Clark. – Boa noite senhor Vargaz. Disse o Senhor Clark levantando-se da cadeira de balanço e entrando em sua casa, apagou a luz da varanda mais ainda do lado de dentro observava Paulo que ainda estava no gramado pelo canto da janela da frente. Paulo deu uma última olhada para todos os lados e foi pra varanda, entrou, desligou a TV e apagou a luz da sala, foi até a geladeira e tomou um copo d’água, apagou a luz da cozinha e subiu. Mas ao chegar no corredor de cima não havia mais sujeira no chão, as marcas de pisadas em lama e a terra que estava espalhada sumira.

-- CONTINUA --

Arthur Oliveira.

Olicas
Enviado por Olicas em 25/04/2014
Reeditado em 21/05/2014
Código do texto: T4782426
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