Tudo acontece por um motivo.

Toda historia tem um principio, a minha partiu de um sonho.

Tudo começou em um sábado á tarde, quando eu e o meu namorado, resolvemos da um passeio pelo shopping da cidade. Saímos de casa, colocamos a cadeirinha da nossa filha no banco de trás, como ela tinha poucos meses de vida, mesmo na cadeirinha eu ia atrás.

Estranhamos o fato das ruas e o shopping estarem vazios, mas pensamos que talvez poderia ser o horário. Fomos a praça de alimentação, comemos, passeamos um pouco pelo shopping e decidimos ir embora, pois mas tarde teríamos um aniversario para ir, aproveitamos e compramos o presente ali no shopping também.

Não demoramos mais de 2h ali, mas enfim, o shopping e a cidade cada vez mais vazia. Realmente era surreal, vê todas aquelas ruas, avenidas sem se quer nenhum movimento. Até que um pouco mais além, nós percebemos um carro no meio do nada e com a porta aberta, realmente era estranho, e começamos a pensar que até poderia ser alguma armadilha de algum bandido, e resolvemos tirar a nossa filha da cadeirinha, e ela foi comigo no meu colo, enquanto o meu namorado, deu um jeito de prender a cadeirinha no vidro da frente do lado do passeiro, pois pelo menos assim, ele teria como continuar dirigindo, e o impacto das balas que pegassem no carro, seriam menores. Enquanto eu, e a minha filha, fomos atrás abaixadas.

Nós não tínhamos outro caminho, tínhamos que passar ali, naquele momento a fé em Deus era tudo o que tínhamos para proteção.

Quando íamos passando pelo carro, percebemos que não tinha acontecido absolutamente nada, porém meu namorado tinha dito que havia visto um corpo de uma mulher dentro do carro, e parecia estar morta. Ele resolveu verificar de perto, e eu só voltei para o meu lugar, tinha medo de qualquer coisa do tipo, pedi pra ele tomar cuidado, depois de uns 2 minutos no ele voltou branco, perguntei a ele o que ele tinha visto e ele achou melhor não me contar nada, pois saberia que eu ficaria com muito medo.

Ele percebeu que o que faltava para nós era a informação, ligou o rádio, colocou em uma estação de rádio de noticia, e ouvimos que a cidade estava o caos, devido a morte da filha do dono do trafico, assassinaram ela a queima roupa, em uma avenida de grande movimento, e aconselharam a ninguém sair de casa, pois além de ter tiroteios espalhados pela cidade, há bandidos em diversas áreas, só esperando alguém passar para matar.

Estávamos no meio do fogo cruzado, pela logica alem de toda cidade estar tomada por eles, o local que eles certamente protegeriam era aquele a onde a moça havia sido brutalmente assassinada. Nós não podíamos ficar ali parados na frente do carro dela, esperando alguém para nos matar. Precisávamos seguir.

Continuamos cerca de 500 metros, quando vimos um carro preto passar por nós em altíssima velocidade, e de repente 4 viaturas atrás, meu namorado só teve tempo de jogar para a outra pista de mão contraria, e ainda sim, um pouco mais pra frente parado pelo policial, que confundiu a gente com um dos carros fugitivos, porém não fez nada com a gente, e ainda aconselhou, qual deveria ser o caminho certo a seguir.

Agradecemos a ele, e enquanto íamos passamos pelos carros, nós vimos o motorista e o passageiro do carro preto, no chão, com a cabeça estourada, devido a atitude correta de dois policiais. Eu já não tinha mais "estomago" para toda aquela situação, só queria ir para casa com o meu namorado e minha filha. Meu namorado seguiu o conselho do policial e começou a cortar algumas ruas, a onde a policia já tinha passado por lá, e de certa forma levado os bandidos que estavam ali.

Subimos umas três ruas e realmente estavam vazias, a cada rua que concluíamos sem sofrer nada, era um avanço a nossa merecida paz. Porém na quarta rua, vimos um grupo de pessoas de esquina, e decidimos não continuar por ali, viramos o carro e subimos, saímos em uma outra avenida, creio que no bairro de cima. Andando tranquilamente, porem com muitíssimo medo, surge um grupo e uma mulher loira no comando, não tivemos chances alguma, ela disparou a metralhadora nela, no carro, a unica coisa que consegui fazer foi proteger a minha filha, meu namorado ainda tentou jogar o carro pro outro lado, mas em vão.

Quando saímos da direção da mira dela, as minhas lagrimas caíram ao vêr que eu tinha conseguido proteger a minha filha e que o meu namorado estava bem, porém junto com as minhas lagrimas eu sentia o sangue escorrendo pelo meu pescoço, não sabia de onde vinha, sentia uma certa queimação, mas naquele momento só queria ir para a casa.

Chegamos ao final da tal avenida, tínhamos duas opções direita ou esquerda, ele decidiu ir para a esquerda, quando novamente sentia o sangue escorrendo pelo meu pescoço, coloquei a mão e não parava de escorrer, falei pro meu namorado que havia levado um tiro que precisava ir ao medico logo, pois a queimação estava aumentando, ele perguntava a onde eu tinha levado o tiro e eu não sabia responder, a angustia, a dor eram tantas que parecia que eu tinha levado tiros em muitos lugares, eu só conseguia pedi a ele que me levasse ao hospital o mais rápido possível. Ele começou a correr desesperado em busca de um hospital, disso me lembro bem, porém para a nossa infelicidade acabamos encontrando outro grupo de bandidos, porem meu namorado parou o carro estendeu os braços para cima, e começou a gritar, pelo amor de Deus, não atirem, estou com a minha mulher ferida aqui e minha filhinha de apenas 5 meses, por favor não atirem, no mesmo instante eles abaixaram as armas e deixaram nós passamos sem nenhum problema. Andamos por mais 5 minutos e chegamos ao hospital, ele pegou a nossa filha no colo, e correu para chamar uma maca, não demorou muito para que me colocassem em uma maca.

Eu só sentia a perda de consciência, e o sangue escorrendo sem parar, vi a maca se avermelhar rapidamente, e já me levaram para o centro cirúrgico.

Acordei depois de 24 horas, com o meu namorado do meu lado, e a minha filha no carrinho, dormindo simplesmente linda, um anjo.

Vi meu namorado chorando demais, e eu não conseguia entender, não fazia sentido pra mim aquilo, pois eu não lembrava de nada. Foi quando meu namorado chegou mais perto e me explicou toda a historia, eu chorava, chorava, mas aliviada, pois sabia que eles estavam bem, foi quando ele me revelou que eu tinha sim, tomado um tiro e que o tiro tinha sido na cabeça, porém tinha passado bem perto e os médicos conseguiram tirar a bala, e eu estava salva, graças a Deus as preces tinham sido ouvidas.

Tive que ficar por mais uma semana no hospital, devido aos curativos e tudo mais, ao final dessa semana fui para a casa e estava tudo bem.