O colorido do suspense
Na monotonia dos dias da escola, onde a garotada se divertia e tremia
com a "loura do banheiro" e os fantasmas, donos eternos de casarões velhos. Aconteceu algo inquietante comigo.
Quando criança, um dia em que fazia algumas atividades numa das salas da escola, onde estudava. De repente, o assoalho começou a vibrar com uns passos misteriosos e pequeninos estalidos do caminhante invisível.
Sem medo, parei de fazer o meu trabalho e olhei atentamente, em volta.
Nada vi. Então, aumentei a atenção de meus ouvidos. E nada.
Eu estava sozinha na sala. Ninguém entrara.
- Que estranho!
Daí num repente, fui à sala ao lado. Mas, ela estava vazia. Cheia, só de carteiras, também vazias. Nenhuma criança havia e nenhum anjinho também. Só o silêncio.
Após um pequeno arrepio pelo corpo, tudo voltou ao normal.
Nesse dia, por coincidência, ou inspiração do Halloween, as outras crianças estavam agitadas e tentavam meter medo nos professores e funcionários. Seria só para não termos aulas, ou termos aulas mais emocionantes? Então, elas alegavam ter visto o fantasma do patrono da escola, circulando pelos corredores.
Meio ao alarido e gritos de todas, contei a minha experiência do dia.
Elas, olharam-me com desdém. Já que não fiquei com medo e em
retribuição, contei uma história mais fantamasgórica que a delas.
- Maldade a minha?
- Não. Que nada, elas não acreditaram em mim. Já que elas também mentiam com aquelas aparições.
Só que eu não mentira, só criei um saboroso conto de suspense. Ao vivo e a cores. Pois, eu já gostava de pitadas de adrenalina de um bom conto de Agatha Christie e das emoções de Sherlock Holmes.
Dias depois, a mesma cena se repetiu de novo comigo. Aí, eu corri à
sala ao lado e flagrei uma pessoa, prestes a se sentar à mesa da professora.
Era um funcionário da escola, em carne e osso, bem vivinho.
- Que decepção!
Não era nenhum fantasma.
Então conclui, que ao ele pisar aquele assoalho antigo, os estrados rangiam e vibravam também na sala ao lado.
Esvaziou-se o meu suspense, mas fortaleceu meu desejo criador de ficção.