Gritos
Um grito. O barulho ecoou alto naquela mansão enorme. Na sala, o dono da casa, sua esposa, seus filhos e alguns convidados. Todos o escutaram. De onde vinha aquele som? Quem estava gritando? Olhavam uns aos outros e, assustados, expressavam a mesma dúvida que percorria a mente dos presentes no local: O que seria aquilo?
O grito se repetiu. Mais forte, dessa vez. Levantaram-se. Parecia vim de um dos quartos. Subiram as escadas rapidamente. No corredor, esperaram que o grito se repetisse mais uma vez. Não demorou muito e aconteceu. Correram para o fim do corredor. Era um grito de pavor, como se alguém estivesse pressentindo a morte, como se o mundo estivesse prestes a acabar. Algo de vidro caiu, quebrando-se sobre o chão e assustando ainda mais aquelas pessoas. O grito, mais uma vez. Vinha do quarto da filha mais nova. O pai se apressou.
-Filha, o que está acontecendo? Abra essa porta. –Ele gritava, esmurrando a madeira e forçando a maçaneta.
Não se ouvia nenhuma resposta, apenas os gritos.
-A chave, pega a chave lá embaixo. – O pai gritou para o filho, que saiu correndo.
O garoto desceu as escadas. Passando próximo a mesa de jantar, ele escorregou, derrubando os copos de vidro que estavam sobre a mesma. Cortou a mão, mas não se importou de início, levantou-se rapidamente e correu para alcançar o porta-chaves. Encontrou a chave reserva do quarto da irmã. Ele sangrava muito. Antes de subir as escadas novamente, ele foi até a pia para lavar o corte. A chave caiu no ralo.
-Droga! –Ele disse.
Subiu a escadaria para dar a trágica notícia. Lá em cima continuava a mesma coisa: a garota não parava de gritar.
-Pai, a chave já era. –O garoto disse meio sem jeito.
-O que aconteceu? Ah, não importa, eu vou derrubar essa porta agora mesmo. –Rugiu o pai.
Ele se jogou contra a porta. Após inúmeras tentativas, ela cedeu. Ao entrar no quarto, encontrou a menina em cima da cama, olhando para o chão com um olhar de desespero e apontando para algo. O pai viu o que a garota apontava, e num piscar de olhos, ele matou a barata.
Obs.: Segunda versão do conto "Pânico no Quarto" que pode ser encontrado na lista de todos os textos do autor.