MISTÉRIO NA SANTA CASA

— Que pedaço de mulher !

— Calma, cara ! Vai com calma! Essa aí já tem dono.

Pelos corredores assépticos da Santa Casa, os dois médicos cruzaram com a enfermeira Rosamaria. Dr. Leandro, recém-admitido no corpo médico, admira a bela figura da morena, cujo uniforme branco não conseguia esconder sequer disfarçar. Advertido pelo colega Dr. Aguiar, pediu detalhes.

— E quem é o feliz "proprietário" dessa belezura?

— Bem, eu não diria proprietário, que a Rosamaria não é qualquer uma para pertencer e obedecer a um dono.

— Mas, então, diz aí, qual o mistério? — Dr. Leandro reconhece a advertência velada nas palavras do colega, que sabe de tudo o que corre pelo hospital.

— Mistério nenhum. Ela é amante do Dr. Epaminondas. Todo mundo sabe, todo mundo respeita.

— Amante do Diretor da Santa Casa? — escandaliza-se Dr. Leandro.

— E olhe que estou pra ver um relacionamento mais tranqüilo e equilibrado. Ele é viúvo, já criou sua família, não está nem aí para as fofocas. Ela, por sua vez, é independente, competente, muito séria e os dois vivem muito bem.

— Mas a direção da Santa Casa aceita este tipo de coisa?

— Meu caro, quem tem um cirurgião da classe do Dr. Epaminondas não pode ficar policiando seu comportamento social nem fiscalizando sua vida fora do hospital.

A troca de informações sobre médico e enfermeira cessou quando os dois médicos chegaram ao fim do corredor e entraram na enfermaria.

Rosamaria dirigia-se para o laboratório do hospital onde chefiava a equipe de laboratoristas. A admiração do novato Dr. Leandro não era sem motivo : a enfermeira era realmente um belo tipo de mulher. Morena, alta, a elegância no caminhar chama ainda mais a atenção sobre sua figura esbelta. Os olhos negros , o oval do rosto bem moldado, coberto por pele acetinada e fresca. Os lábios cheios, vermelhos, sumarentos e entreabertos num sorriso permanente. Simples e alegre atraía para si a empatia de todos os colegas e médicos da Santa Casa.

Tinha bons motivos para exibir sua beleza e felicidade: competente e dedicada ao trabalho, formara-se pela melhor escola de enfermagem da capital do estado, fez estágio e trabalhou no Hospital do Câncer, onde se revelou excelente profissional. Não era à toa que fora selecionada, por entrevista e mediante apresentação de seu excelente curriculm vitae, para chefiar a equipe do laboratório da Santa Casa de Misericórdia.

Sua beleza despertou de novo a paixão do Dr. Epaminondas, cuja fidelidade marital prolongara-se para além da morte da primeira esposa e terminou quando conheceu Rosamaria.

O dia transcorria normalmente, se pode haver normalidade na rotina de um hospital, ainda que localizado numa pequena cidade do interior. Poucas admissões na parte da manhã, as cirurgias mais importantes sendo realizadas após o meio-dia. De extraordinário, somente o paciente do quarto 14: apresentou uma piora repentina, o coração bem fraco estava no limite de sua capacidade. Mas, em se tratando de um homem de quase noventa anos, nada fora do normal.

— E aí, Aguiar, quando pretende mudar seu consultório? — Tirando o avental e preparando para lavar as mãos, Dr. Epaminondas tenta quebrar a tensão pós-operatória da sala de cirurgia, entabulando uma conversa amigável com seu colega e amigo.

— Assim que a reforma do prédio ficar pronta. Os pedreiros são sossegados, e a reforma está demorando mais do que o previsto.

— Não me esqueça de avisar da chopada inaugural, hein?

Era a última cirurgia do dia. Saíram juntos da sala, demoraram-se um pouco nas imediações do pavilhão cirúrgico, quando ouviram gritos de socorro vindos da ala onde ficava a enfermaria e o laboratório.

. . . . . . . . . . . .

Também no laboratório a rotina se instalara e os trabalhos decorriam tranqüilamente. A equipe chefiada pela enfermeira Rosamaria era pequena. Apenas três enfermeiras davam conta do recado: analises de material, o controle do estoque de sangue, a coleta de sangue de doadores. Até uma pesquisa estava sendo levada efeito, a pedido do Dr. Aguiar e dirigida para os terríveis efeitos dos agrotóxicos no organismo dos trabalhadores das fazendas e sítios da região.

Na área do laboratório estavam Rosamaria e Sueli. Carolina estava no ambulatório e Maria de Lourdes lanchava no refeitório. Pelo corredor vem Manolo, dirigindo-se à saída do pavilhão, levando uma bandeja com medicamentos destinados aos doentes da enfermaria. É a sua ronda das 16 horas.

De repente Sueli sai pela porta do laboratório gritando desesperadamente.

— Socorro. Acudam pelo amor de Deus! A Rosa tá lá dentro, acudam!

Esbarra em Manolo, derrubando a bandeja e empurrando-o de encontro à parede. Continua correndo, está completamente desvairada. No fim do corredor está o Juca, outro enfermeiro, que consegue segurar Sueli na sua disparada de terror.

— O que foi, dona Sueli? Que aconteceu?

Ainda histérica, mal consegue balbuciar.

— A Rosamaria! Tá lá, no laboratório. Tá levando choque ! Corre lá!

Manolo e Juca chegam juntos à porta do laboratório. Ambos se estarrecem com a cena que vêem através dos vidros divisórios. No fundo do laboratório a enfermeira Rosamaria se agita em estertores, numa dança macabra, os olhos revirando nas órbitas. Na mão direita segura uma mangueira metálica. Faíscas saem do cano flexível de metal.

Manolo atina logo com o significado do que vê: Rosamaria está presa ao cano metálico, sofrendo descargas elétricas de alta voltagem. Está literalmente sendo eletrocutada !

— Corre, Juca, desliga a chave elétrica do fundo do corredor !

Manolo vê o chão molhado, espera que a energia seja desligada para socorrer a enfermeira. Juca age com presteza. Assim que Manolo tem certeza de que pode entrar no laboratório, corre para Rosamaria. Chega a tempo de ampará-la de uma queda.

— Me ajuda aqui, Juca. Vamos deitar Rosa naquela maca. — Os dois enfermeiros a colocam sobre a maca. Manolo, enfermeiro experiente, não gosta do que vê: Rosamaria desmaiada, os braços enegrecidos, os cabelos dos braços tostados. Um cheiro horrível de carne queimada. Mais do que desmaiada, pensa Manolo, ao ver que nenhum sinal de vida vem do corpo da enfermeira.

Logo chegam outras pessoas, médicos, enfermeiros, pessoal da limpeza que se aglomeram no laboratório.

— Depressa, levem a moça para a sala de Pronto Socorro. — vem a ordem de um dos médicos.

A maca com Rosamaria é levada rapidamente para fora do laboratório. Juca e Manolo ficam por ali, depois que a maca é retirada.

— Foi um choque terrível, seu Juca.

— Foi mesmo. A pobre moça parece mal.

— Pra mim, ela foi eletrocutada com uma descarga elétrica muito forte. Veja o chão molhado, deve ter estabelecido um curto circuito. A pobrezinha foi queimada viva !

— Credo, Manolo!. Cê parece que tá agourando.

— Num sei não...

— Infelizmente, nada a fazer. — Constata lugubremente Dr. Leandro, cobrindo o rosto de Rosamaria com o lençol. — Foi eletrocutada, não há dúvida.

— Mas como é que isto foi acontecer? — um tom de inconformismo na voz, pergunta Dr. Epaminondas.

— É o que tem de ser apurado.

. . . . . . .

Que foi um acidente, não ficou dúvida. Um frasco com líquido quebrou-se ao mesmo tempo que Rosamaria lidava com a mangueira de metal, um curto-circuito, a alta voltagem, eis os fatos que se congeminaram para o trágico desfecho. Mas os diretores da Fundação Hospitalar Municipal viram no acidente um grande desleixo administrativo. Diversos funcionários foram demitidos, entre eles o chefe da manutenção dos serviços elétrico e hidráulico.

Tudo muito estranho, inexplicável. Mais estranho ainda foi a visão do enfermeiro Juca.

— Olha, Dr. Aguiar, pode parecer mentira, mas o senhor me conhece, conto só pro senhor. Quando eu vinha correndo pelo corredor, depois que desliguei a chave de eletricidade pra entrar no laboratório e ajudar o Manolo, que já estava lá dentro, então eu vi! Juro que vi! Eu estava a uns três metros da porta, o chão do corredor começou a se movimentar, como se tivesse alguma coisa debaixo dele. Parei e fiquei só olhando. Era como se fosse um sonho, as lajotas de cerâmica ondulando, e a "onda" vinha na minha direção, e eu ali, parado, com o maior medo. A "onda" por debaixo do piso vinha vindo, vindo, chegou bem nos meus pés. Eu não pensava em nada, tava morto de medo, fiquei besta, parado. Quando a "onda" chegou rente aos meus pés, começou a voltar, no mesmo movimento, voltando, voltando, pelo corredor afora, até a porta. Então, tudo voltou ao normal, o chão do corredor tava lá, lisinho, brilhante, as marcas dos sapatos do pessoal que socorreu Dona Rosamaria, como se nada tivesse mexido. Mas eu juro que vi aquela coisa, a "onda".

Dr. Aguiar olhava interessado a expressão do Juca. Podia ver nos seus olhos o terror daqueles momentos trágicos. Juca era o enfermeiro mais antigo da Santa Casa, vivido e sofrido, dedicado ao trabalho, equilibrado. Nunca fora de conversar muito.

— Durou muito tempo essa "coisa" no chão do corredor? -

— Nada, foi só por uns momentos, logo foi chegando gente pra ajudar Manolo. Eu mesmo disparei pro laboratório, o medo passou na hora em que vi Manolo acudindo dona Rosamaria.

— Você quer contar isso pro pessoal da diretoria?

— Deus me livre, doutor! A coisa é muito misteriosa. Além de não acreditarem em mim, vão pensar que tou ficando gagá. Deixa pra lá.

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Hoje, ao serem registrados todos os fatos relacionados ao acidente, não se pode deixar de vincular a visão do enfermeiro Juca aos eventos posteriores que quase causaram o fechamento da Santa Casa de Misericórdia de São Roque da Serra.

A morte de Rosamaria foi um golpe duro para o Dr. Epaminondas, que se sentiu viúvo pela segunda vez. E desta vez, dado o caráter trágico da morte de sua amadamante, o sentimento de perda era insuportável. À dor, à tristeza e ao pesar profundo veio se unir a vontade de abandonar tudo, partir para bem longe, ficar longe de todos. Essa dor teimou em ficar no coração e na mente do famoso cirurgião , maltratando-o a ponto de prejudicá-lo em sua habilidade profissional.

Após dois insucessos na sala de cirurgias, tecnicamente inexplicáveis, Dr. Epaminondas deixou a cargo do Dr. Aguiar as operações. Praticamente sem função no hospital, refugiou-se em sua casa, afastou-se da profissão e dos colegas, tornou-se um misantropo.

Sem a sua liderança na mesa de cirurgia, o hospital entrou paulatinamente em recessão. Os clientes de recursos passaram a procurar hospitais e a consultar médicos da vizinha cidade de Ribeirão Preto.

— Temos de fazer qualquer coisa. A Santa Casa está perdendo clientes. -- Avisou por diversas vezes o Dr. Aguiar aos seus pares na diretoria do hospital.

Fatos de somenos importância passaram a ser corriqueiros na Santa Casa: lâmpadas que estouravam sem motivo aparente, principalmente na ala do Laboratório. Estalos de canos se ouviam no silêncio das noites, tanto no inverno quanto no verão.

— A alma da Rosamaria anda rondando a Santa Casa. — Afirmava Juca para seus incrédulos colegas.

— Qual o quê, Juca ! Cê tá exagerando!

— Querem uma prova? Cês viram a ambulância? Num sobrou nada .

Juca se referia ao ocorrido com a ambulância. Estacionada na rampa de entrada, local onde usualmente ficava de prontidão, saiu por si mesma do estacionamento , descendo a avenida e chocando-se fragorosamente contra um poste.

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Três anos após a tragédia , a Santa Casa estava em franca decadência financeira e funcional. Foram-se os melhores médicos, os clientes rareavam, os equipamentos careciam de manutenção e o prédio exibia sinais de má conservação.

Foi então que a diretoria contratou Mister McKenzie para a administração. .

— Oh, yes! Posso tirar a Santa Casa do buraco! Mas temos de fazer mudanças extremas (caprichava no éks-trremas).

— Na parte administrativa o senhor tem carta-branca. — Assegurou o Diretor Geral.

Mister McKenzie era bem conhecido em toda a região servida pela Estrada de Ferro Mogiana. Arthur McKenzie estava com seus 60 anos quando foi contratado pela Santa Casa. Engenheiro inglês, veio para o Brasil a trabalhar na Companhia Mogiana, ferrovia em construção, ligando Campinas ao sudoeste de Minas, rica região produtora de café. Aposentado, escolheu a simpática cidade de São Roque da Serra para sua residência. Sua capacidade em lidar com pessoas, em planejar, orientar e vencer obstáculos fez dele uma pessoa requisitada para participar de negócios, empresas, empreendimentos. Sua natureza otimista e sua fleugma em tratar com as pessoas inspirava confiança e o predispunham a ser bem recebido e melhor tratado, onde quer que se encontrasse.

— Se tiver alguma coisa de errada na Santa Casa, Mister McKenzie conserta — entusiasmado asseverou Juca aos seus colegas, todos desanimados com a situação do hospital.

— Mesmo se for o fantasma da Rosamaria? — a chacota veio do novato Eudes.

— Cê num sabe da missa a metade. — Respondeu Juca, ressentido com o tom de Eudes. — Não conheceu Rosamaria, não tava aqui quando ela morreu. Acho melhor a gente respeitar quem já morreu. .

— Mas foi você mesmo que andou espalhando por aí que era o espírito de Rosamaria que ronda o hospital.

— Eu falei "alma", ALMA, ouviu? — Para Juca alma e espírito eram entidades diferentes.

Um dos primeiros atos de Mister McKenzie como administrador da Santa Casa foi conversar com os funcionários mais antigos, procurar saber de detalhes da história do hospital, se inteirar, enfim, dos problemas do estabelecimento que ele prometera "tirar do buraco." Juca era o funcionário mais antigo, sabia de tudo, o passado e o presente da Santa Casa.

— Tem uma coisa que só falei com o Dr. Aguiar, mas acho que o senhor deve saber.

— Pode falar, Juca, quero saber de tudo.

Confiante, Juca relatou com riqueza de detalhes os eventos da tarde da morte de Rosamaria. Caprichou principalmente na parte da misteriosa "onda" que ele viu chegar até seus pés e afastar, como coisa viva. A lembrança estava cravada na sua memória, ele jamais esqueceria.

Mister McKenzie, inglês típico e metódico, que encerrava seu dia de trabalho sempre com uma generosa dose de gin e uma cachimbada tranqüila, não era totalmente incrédulo das coisas sobrenaturais. Reconhecia que existiam forças estranhas, energias ainda não compreendidas pelos cientistas nem pelos filósofos racionalistas.

Tratou de se inteirar do mistério revelado por Juca. Relatou-o ao Marcílio Mendes, médium em centro espírita. As explicações de Marcílio não convenceram Mister McKenzie. Conversou com Padre Galvão, o qual negou peremptoriamente qualquer interferência sobrenatural em fatos como lâmpadas que se apagam ou estouram, barulhos inexplicáveis.

— Não se pode atribuir ao sobrenatural essas coisas que devem ter uma explicação lógica, natural. É só procurar com cuidado as causas e tudo fica explicado.

Prudentemente, Mister McKenzie não revelara ao padre a visão de Juca, já que o sacerdote se mostrara tão racional. Como recurso final, procurou o professor Archibaldo Ramos, que ultimamente vinha dedicando-se ao estudo das energias e das vibrações extrasensoriais.

— Para tudo existe uma explicação, quando observamos os fatos sob o prisma de que tudo é energia — A acolhida simpática do professor Archibaldo levou Mister McKenzie a revelar-lhe tudo o que sabia, inclusive a visão do enfermeiro.

— E se não temos a explicação, temos os meios de neutralizar essas forças ou energias que devem estar agindo na Santa Casa. — Animado, o professor mostrou interesse em ajudar.

— Do que se trata essa maneira de equilibrar energias?

— É o Reiki.

— E o senhor pode aplicar o Reiki na Santa Casa?

— Claro ! E quanto antes melhor.

Combinaram uma primeira sessão para o dia seguinte, pela manhã.

Pontualmente chegou o professor ao encontro marcado, e por mais de uma hora andou pela Santa Casa. Mister McKenzie o acompanhou em toda sua andança, observando. O professor parava em cada sala, nas enfermaria, em todos os quartos. Em cada parada restabelecia o equilíbrio invisível da energia , através de mântras e símbolos traçados no ar com sua mão direita. Dedicou especial atenção e tempo à ala onde estava o laboratório. Em seguida foi até à capela e ao necrotério, passando pela garagem e depósito de material. Os veículos e os jardins, tudo foi objeto da imposição das mãos do professor.

— Mister Mckenzie, tenho de voltar aqui mais algumas vezes.

— All right! Volte quando quiser e quantas vezes for necessário.

Durante quatro meses, a cada quinze dias voltou o professor a aplicar Reiki nas dependências do hospital, período em que se iniciou uma grande transformação . Cessaram de imediato aqueles incômodos fenômenos de luzes e sons. O ambiente perdeu a aura de decadência, os funcionários tiveram novo alento, procedeu-se uma reforma geral nos edifícios, e até a parte clínica sentiu os efeitos do Reiki. Os pacientes reagiam aos tratamentos, verificaram-se muitas curas em doentes de alto risco.

Quem ficou realmente contente com a nova fase da Santa Casa foi o velho Juca, que no seu entusiasmo não cansava de afirmar:

— Eu num falei que Mister McKenzie ia resolver tudo ?

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ARGOS = ANTONIO ROQUE GOBBO

Belo Horizonte - 28 de junho de 2000

Conto # 32 da Série Milistórias –

Publicado em “O Espião de Bagdá, Vol. # 3 da Coleção Milistórias

Antonio Roque Gobbo
Enviado por Antonio Roque Gobbo em 05/03/2014
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