RELATO
Depois da grande fúria do vento
Levantando a poeira
E espalhando a folhagem
Negra, foi aquela noite de sexta-feira
Do outro lado, noutra rua
Nas proximidades do meu AP
Quando não mais que de repente
Quebrou o pau
A coisa ficou contundente
Numa grande confusão
Foi um tremendo quebra-quebra
E eu ali de ouvido em pé
Sem saber por que razão
Meio a todo aquele desespero
Vejo numa janela uma mulher
Com um semblante de aflição
Que pôs a boca no trombone
Socorrem, socorrem
Chamem a polícia
Estão trucidando um homem ali
Bem ali no meio da rua
Já lhe abriram algumas feridas
Com golpes em inúmeras desferidas
Liguem, liguem pra polícia
Pelo amor de Deus
Salvem aquele homem
De tal modo eles vão matá-lo
Pouco tempo depois
Ouço passos em disparada
Acalmaram-se as pancadas
Porém parecia haver alguém caído pelo chão
Logo após começou um zum, zum, zum
Que tomou conta daquele momento
Muitas pessoas corriam em desespero
Quase todas numa mesma direção
Suas vozes murmuravam
Mas sem nenhuma confissão
Ligaram para os homens da lei
Pra abordarem a situação
E quando chegaram
Avistaram um sujeito caído ao chão
Sangrando e sofrendo em lamentos
Chamaram o carro de salvamento
Que chegou num seguinte instante
Com a esperança de poder salvar
Então removeram
Aquele inconsequente elemento
Pra uma UTI (medical departamento)
E ali pra determinar o fato
Permaneceram os homens da lei
Fazendo a averiguação do ato
Pra resolver o que não sei
Somente o que ouvi
É tudo o que eu sei
E foi só uma mulher gritando
Socorrem, socorrem, socorrem
Foi tudo o que eu escutei
Mas no outro dia inda ouvia o povo dizer
Que o negócio ficou feio...
Autor: Valter Pio dos Santos
Fev/2014