O passeio de bicicleta. parte 4
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Aquelas três horas e cinquenta minutos havia passado despercebidas para Carolina que dormiu o tempo todo. Já se podia ver aquelas casas e edifícios com seus telhados alaranjados. Vistas de cima pareciam que todas as construções portuguesas eram brancas, mas em alguns pontos tudo era colorido e amontoado, lembrando muito Salvador. O aeroporto fica localizado perto da costa o que dava a impressão que Lisboa fosse uma parte separada do país, uma ilha. Lisboa era a única escala do voo. Logo após que trocasse de aeronave, seguiria diretamente para Porto Alegre, depois mais 3 horas de carro até Passo Fundo.
Carolina não tinha tido a chance de visitar Portugal, seu salário da Hungria nunca foi muito alto e como não era boa em economizar, nunca lhe sobrava dinheiro para ir a lugares mais distantes. Lhe restava conhecer o aeroporto. Assim que desembarcou pode notar que realmente havia conseguido seus minutos de fama. Olhares, pessoas apontando a cada passo dado, cochichando. Carolina tentava agir da maneira mais natural possível enquanto caminhava até área de voos internacionais fora da união europeia.
O aeroporto não era muito grande, comparado aos outros que já havia visitado, como de Paris, Frankfurt, Amsterdã. Como todos os outros, tinha o piso acinzentado, lojas, lanchonetes, livrarias, muitas livrarias, pessoas dormindo pelos cantos e gente falando por todos os lados. Carolina se deparou com um casal discutindo sobre um plano de viagem, ela brigava com ele lhe chamando de brasileiro, lhe dizendo que era muito devagar e que não planejava nada. Foi a primeira vez que se permitiu sorrir durante meses. Percebeu que os portugueses também falavam alto e interagiam muito com o corpo enquanto explicavam algo, estava ali a nossa herança.
Já estavam perto e prontos para entrarem na fila da imigração, quando um funcionário do aeroporto lhes disse que poderiam acompanha-lo por uma entrada lateral para se acomodarem primeiro. Carimbaram seus passaportes e foram passando um a um pelo detector de metais. Primeiro Renan, depois Pedro, Gerardo, Daniela e por último Carolina. No momento em que passava, para sua surpresa e de seus familiares o detector apitou. O policial perguntou:
- A senhorita tem algo em seus bolsos?
Foi quando Carolina tocou em seu bolso direito e percebeu que havia um telefone celular que jamais havia visto na vida, rapidamente pensou que pudesse ter sido posto por Amelie para manter contato.
- Ah sim, esqueci meu telefone no bolso, tinha comprado alguns dias antes de dos acontecimentos, perdão. – Disse Carolina tentando disfarçar.
Passou de novo pelo detector de metais e dessa vez não teve problemas. Nem lhe fizeram todos os procedimentos de segurança quando se apita. Não sabia se foi por causa da empatia com sua história recente triste, ou porque simplesmente estava deixando a Europa, aposto que se fosse ao contrário, até as roupas lhe fariam despir. Carolina pegou seus pertences de volta, inclusive o celular, pois no mesmo bolso sem fazer caso para não dar a entender que aquele aparelho era tão novo aos seus olhos quanto dos outros, mas queria examiná-lo. Então, decidiu ir ao banheiro:
- Tenho que ir ao banheiro, quero dar uma olhada em meu cabelo.
- Eu vou com você. – Disse Daniela, querendo acompanha-la.
- Não. Irei sozinha, não vou demorar. – Disse Carolina já lhes dando as costas.
Mais uma razão para Carolina desconfiar de Daniela. Daniela nunca lhe acompanhava a lugar nenhum, sempre implicava quando ela e sua prima iam juntas ao banheiro. Daniela nunca foi mulher “delicada”, não era tão vaidosa e sempre mostrava ser uma pessoa muito forte com suas emoções. Assim como Carolina, não esboçava seus sentimentos facilmente, isso explicava muito de seu caráter e suas atitudes. Falava quando necessário e só agora Carolina poderia perceber que talvez sempre quisesse se resguardar para guardar a sete chaves o que Carolina acabara de descobrir.
Enquanto seguia para o banheiro, Carolina lembrou-se do sonho de sua mãe. Uma casa azul, ela desaparecida, ainda não tinha certeza se aquela casa do sonho era a mesma de Györ, ou se sua mãe realmente havia sonhado. Como Amelie havia lhe falado, se tudo aquilo foi premeditado ou uma simples coincidência, porque sua mãe deixaria que fosse sequestrada? Será que ainda mantinha algum tipo de contato com Gábor? Seriam ambos membros da tal QBJU? Apesar da ansiedade, não queria ocupar a cabeça com perguntas que ainda não podia responder, um passo de cada vez. Agora era hora de analisar o celular que tinha surgido em seu bolso.
Não havia ninguém naquele banheiro, entrou em uma das cabines, fechou a porta e puxou para fora o aparelho. Não era de nenhuma marca conhecida, nunca havia visto aquele modelo de telefone. Era arredondado nas pontas, branco com uma tela touch, mas também havia um teclado real. Retirou a parte de trás, para ver se havia algum tipo de chip ou algo escrito no compartimento da bateria, nada de anormal. Foi então que ligou o telefone. Esperou alguns segundos até a tela de entrada aparecer.
Abriu as chamadas recebidas, perdidas, mensagens de texto, de voz, aplicativos e não encontrou nada, como se fosse um telefone novo. Nas configurações, os dados apresentavam a seguinte palavra “indetectable”, alguém tinha bloqueado as informações, talvez pra evitar que o número fosse usado de alguma maneira que não fosse específica. Com um certo desapontamento, guardou-o de volta e se preparava pra sair quando o telefone inesperadamente, toca. Carolina nota que é um número confidencial, não sabe se atende ou não, mas se estavam ligando, era porque lhe queriam falar.
- Alo? – Atendeu Carolina.
- Tinha certeza que o iria ligar assim que o notasse. – Disse um homem dando uma risada leve.
Seu coração acelerou, esperava ouvir a voz de Amelie, mas acabara de ouvir uma voz masculina grave que tinha um jeito de falar debochado, lhe deu cala frios.
- Quem é que está falando?
- Um velho amigo de sua mãe. Você tem que prestar mais atenção em quem se aproxima de ti, há pessoas de más intenções nesse mundo, acredita? Nem todos que estão uniformizados são de confiança.
- Não sei o que está acontecendo, esse celular apareceu no meu bolso, porque você o colocou? O que queria falar comigo?
- Não fui eu que o coloquei em seu bolso, apenas subornei um pobre diabo pra te dar uma assistência preferencial, é muito ruim ficar na fila, não acha? Se vocês brasileiros são tão corruptos, culpem os portugueses. – Disse rindo no final.
Agora Carolina lembrou, foi aquele moço que lhes disse para entrar pela parte lateral, só podia ter sido naquele momento, a pessoa mais próxima dela sem ser da família.
- Mas o que quer? Se não me disser, vou jogar esse telefone nessa privada! – Disse Carolina em tom firme.
- Se fizer isso estará colocando tudo a perder, minha jovem. Acredite, lhe quero ajudar. Precisa confiar em mim. – Disse aquele homem sem perder a tranquilidade. Continuou:
- A confiança precisa ser merecida. – Indagou Carolina.
- Está certo. Então, siga minhas instruções. Saia do banheiro e olhe a sua direita irá ver um homem alto e loiro de óculos, com uma calça marrom e camiseta bege. Ele está te seguindo Carolina. Faça a prova, ele estará lhe vigiando e quando nota-lo ele provavelmente irá desviar o rosto. – Disse a voz agora já não tão tranquila.
- E se for uma cilada?
- A cilada é ele. Ele provavelmente quer saber o novo endereço de seus pais.
- Meus pais se mudaram? Nunca comentaram nada, faz pouco tempo? – Disse Carolina agora surpresa.
- Sua antiga casa está vazia Carolina, não sei onde estão morando, a sua mãe, aquela insensível que não procura os amigos, não me passou o endereço. Agora vamos, guarde o telefone antes de sair, estarei na linha.
Carolina obedeceu. Saiu do banheiro olhando para a esquerda, para assim virar o rosto e pega-lo lhe vigiando. Quando Carolina virou o rosto rapidamente, sim aquele homem a estava fitando com os olhos por cima dos óculos. Fingiu olhar algo nos bolsos e sumiu de sua vista. Agora Carolina tinha ficado realmente com medo. Tinha sido sequestrada, ouviu falar de uma tal de QBJU, que sua mãe possivelmente é parte e havia um homem lhes seguindo. O que mais estava por vir? Carolina entrou de novo no banheiro e pegou o telefone:
- Quem era ele? Porque me segue? Estou ficando com medo. – Disse Carolina quase chorando.
- Fique calma. Faça o que eu digo e tudo ficará bem.
- Espera! Eu te disse que a confiança tem que ser merecida. Quero saber quem é você. E se tem alguma relação com a QBJU.
- Está bem. Me chamo John Henderson e conheci sua mãe na Argentina, junto com Gabor. Não posso te fornece muitos detalhes no momento pois você não entenderia. Não julgue sua mãe antes de saber toda a verdade e os reais motivos de isso tudo ter acontecido.
- Mas qual é a verdade? Tem um homem me seguindo! – Disse Carolina chorando.
- Já disse para acalmar-se. Você descobrirá a verdade e o que é a QBJU, mas vamos por passos. Presta bastante atenção. Esse homem não pode embarcar nesse voo! Não pode saber de jeito algum onde vocês moram.
- Mas quem ele é? E como sabia que ele estaria aqui?
- Ele é um autônomo ordinário. Está sendo pago por alguém. Talvez por sua nova amiguinha negra. Quanto a ele estar aí, menina tenho olhos em todos os lugares.
- Porque Amelie mandaria alguém me seguir?
- Porque ela quer ganhar sua bonificação se desvendar um dos casos mais valiosos da Interpol, ela é irritante. Enfim, chega de papo furado e faça o que eu te disser. Certo?
- Ainda não tenho certeza que posso confiar em você. – Disse Carolina enxugando as lágrimas.
- Minha nossa senhora, que menina teimosa! Igual a mãe. O que mais quer eu faça? Cante o hino brasileiro? Dance chula? A dança do ventre? – Disse John debochando.
Apesar das desconfianças, Carolina não tinha muitas opções. Do lado de fora havia um homem lhes perseguindo, no telefone um outro que dizia ser amigo de sua mãe. Mesmo se sentindo apreensiva no início, aquela voz já dava um certo conforto. Parecia seguro do que dizia e bastante à vontade falando com ela, deveria mesmo ser amigo de sua mãe. Tinha que arriscar, embora da última vez que confiou em alguém, ficou três meses sequestrada:
- Lhe vou dar essa chance. Mas te aviso uma coisa, se eu confiar em ti e algo me acontecer, eu te caço vivo. – Disse Carolina não acreditando no que acabara de falar.
- Combinado! – Disse John rindo. Agora hora da ação. Há uma pilha de jornais na tabacaria em frente ao portão de embarque 25, pegue o quarto jornal de baixo pra cima. Na página 15 há um bolsinha de plástico que contém um pozinho branco um tanto, como posso dizer, especial. Você irá colocar essa bolsinha naquele homem.
- Você está louco!! Eu não vou fazer isso e se me pegarem? Ou pior, se ele me pegar? – Disse Carolina suspirando.
- Carolina, você é filha de Daniela, deve ser bem esperta também. Agora tenho que desligar.
- Não! Espere! Não vai me vigiar? Ou você acha que não sei que está por perto?
- Sinto muito, mas tenho muitos compromissos, sabe como é, sou um homem muito ocupado. Mas enfim, é bom saber que está bem. Cuide-se, voltaremos a falar. – Disse John despedindo-se.
Carolina desligou o aparelho e olhou-se no espelho como estivesse encorajando-se. Pensava a que ponto as coisas tinham chegado. Suas dúvidas já eram outras, havia uma razão muito forte para sua mãe ter abandonado Julia e para que Gabor tenha lhe feito refém. O que precisava fazer era conectar os pontos e agir com cautela. Carolina lavou o rosto e disse para si mesma “vamos lá”.
Saiu do banheiro procurando para que lado ficava o portão 25. Era pro lado oposto do seu. De longe poderia ver um letreiro vermelho que deveria ser a tabacaria indicada por John, não estava muito distante. Seguiu caminhando em passos rápidos para não dar o azar de perder o jornal premiado. Estava focada e sentia a adrenalina fluindo sobre o seu corpo. Não sentia mais medo, era uma sensação diferente das que já havia sentido antes, uma vontade que lhe fazia querer estar ali. Seria isso bom ou ruim?
Carolina avistou a placa referente ao portão 25. Em frente, a tabacaria. Era o mesmo letreiro vermelho que havia visto de longe. Um lugar pequeno, jornais e revistas para todos os lados, uma prateleira com bebidas geladas, salgadinhos e jogos da loto. Mas não buscava qualquer jornal. Assim como John disse, ali estava a pilha que esperava ver. Agachou-se e contou quatro jornais de baixo pra cima como indicado. Puxou-o e foi para o caixa pagar.
Quando tocou em seu bolso, seu corpo estremeceu. Não tinha dinheiro algum. Lembrou que sua carteira estava com seu pai desde Budapeste. Como iria pagar aquele jornal? Não poderia apenas retirar a sacolinha de pó da página 15 assim na frente do vendedor. Tão pouco ir pedir dinheiro ao seu pai, iriam desconfiar. Foi quando o vendedor puxou um outro exemplar do mesmo jornal do balcão. Olhou para a capa, olhou para Carolina, olhou novamente para capa e disse:
- É a senhorita, aqui na capa. Você é a brasileira sequestrada na Hungria!
Carolina fez tudo tão rápido que não tinha nem visto o que dizia na capa, mas aquele senhor tinha razão. Era ela sim. Em um grande título “O terror chegou ao fim, mas nada segue esclarecido.” Carolina lhe deu um leve sorriso e teve uma ideia:
- Sim, sou eu. Eu estava pensando em comprar esse jornal para pôr na minha pasta que estou montando, com reportagens do meu sequestro de todos os cantos do mundo. Ainda não tenho nenhuma de Portugal. – Disse Carolina com uma cara chorosa com a esperança que ele não lhe cobrasse nada.
- Claro, minha filha. Pode ficar com ele. Não vou te cobrar. É o máximo que posso fazer por ti depois de tempos tão ruins que passaste. Uma lembrança da tabacaria do seu Manoel Moreira. – Disse aquele senhor comprando aquela mentira.
- Muito Obrigada. Que deus te abençoe. – Disse Carolina quase lhe beijando de felicidade.
Carolina saiu dali procurando um lugar onde pudesse abri-lo sem que ninguém visse. Olhou para todos os lados, mas em todas as partes havia muita gente. Os bancos dos acessos estavam todos ocupados e seria perigoso alguém notar. Observando os cantos, avistou uma cabine de telefone, não era daquelas fechadas, mas o suficiente para que ninguém percebesse que retirava algo dali. Foi quase correndo até ela.
Apoiou o jornal no pequeno balcão fechado do telefone, foleou o jornal até a página 15 e ali estava. Uma pequena bolsa de plástico com menos de 30 cm de área com um pó branco. Era quase imperceptível, estava colado junto a página bem espalhado pela embalagem, ninguém perceberia se não lesse aquela página específica. Colocou em seu bolso e verificou se ninguém a havia visto, aparentemente não.
Agora era a parte mais difícil. Como se aproximar daquele homem sem que ele perceba. Primeiro tinha que encontra-lo, o que provavelmente não lhe custaria tanto tempo. Como supôs. Ele estava há alguns metros de distância de Carolina, numa cafeteria comendo um croissant. Carolina logo o notou e se afastou enquanto pensava no que fazer. Pensou em ir falar com ele de propósito e tentar colocar a bolsinha plástica sem que ele visse. Muito arriscado. Pensou também em fingir ir comprar algo, ele provavelmente se levantaria e assim colocaria em seu bolso. Impossível. Não tinha jeito, era uma ideia maluca de John. Como iria aproximar-se sem que a notasse? Qualquer passo que ela desse ele estaria preparado para agir, alguém que persegue outra pessoa, deve estar alerta a cada segundo que passa. Deu a volta, preparada para regressar a outa ala dos portões de embarque, onde estavam seus pais, foi quando seus olhos pararam, fixaram. Sua cabeça acompanhava aqueles passos como se estivesse hipnotizada.
“Você é filha de Daniela, deve ser bem esperta também.”
Como não havia pensado nisso antes. Saiu correndo ao outro lado do corredor em direção aquele rapaz franzino de pele morena e cabelos escuros. Quando a viu, parou como se estivesse em choque, arregalou os olhos com uma leve esperança que ela passaria correndo por ele. Não passou. Carolina lhe segurou pelo braço e ele foi logo se desculpando em voz baixa:
- Mil perdões, aquele homem grande e assustador me ameaçou. Tenho um bebê para criar, por favor, lhe suplico, não conte nada a ninguém. Faço o que quiser. Por favor, por favor – Disse aquele funcionário quase indo as lágrimas.
“Faço o que quiser”. Doces palavras. Soaram como mágica em seus ouvidos.
- Se não quer perder teu emprego, vai ter que fazer algo por mim. – Disse Carolina em tom ameaçador.
- Tudo que me pedir.
- Um homem loiro, alto de óculos vai provavelmente passar lá no corredor do fundo. Calça marrom e camisa bege. Você vai por isso em seu bolso. Não o deixe perceber, depois o denuncie a polícia que ele leva um pequeno pacote duvidoso no embarque. – Disse Carolina se sentindo uma criminosa entregando pra ele o saco plástico.
- Tudo bem, vou usar a mesma estratégia que contigo. – Disse aquele jovem suando frio.
- Saia rápido, não o deixe notar que conversamos.
Se separaram e Carolina respirou fundo, sentindo-se quase aliviada por ter cumprido sua “missão”. Há alguns meses ela era a missão, agora ela estava fazendo parte de uma. Em menos de uma hora ela havia planejado, chantageado, ameaçado e fingido. Só sabemos o que somos capazes de fazer quando a nossa única escolha é fazer, quando não se há opções fáceis. Nossa luz parece brilhar mais quando estamos rodeados pela escuridão, pelas dúvidas.
Havia regressado para junto de seus pais que já estavam preocupados por aonde andava:
- Caminhando, arejando a cabeça. – Disse Carolina sorrindo.
Seu irmão, Pedro, levantou-se e lhe deu um abraço. Era bom estar com eles. Nunca tinha dado tanto valor a família como nos últimos meses. Por alguns instantes achava que nunca mais os veria ou que estaria sempre longe e distante. Por pior que seu sequestro tenha sido, todas as revelações escutadas, podia trazer algo de positivo, a união. Até Pedro que sempre foi mais tímido a estava abraçando em público na frente de gente que jamais os vira. Como era bom se sentir amada.
Tinha vontade de abraçar sua mãe, de beijá-la, de dizer o quanto a amava. Se sentia culpada em tê-la julgado antes de saber o que aconteceu. Não parou pra pensar, estava frágil e tudo indicava não ter sido por simples frieza no coração. Mas porque abandonar Julia? Queria controlar suas emoções. Fazer como John havia confirmado, passo a passo. Primeiro descobrir que tipo de envolvimento sua mãe tinha com Gabor, depois o que é a QBJU.
No momento em que chamavam para embarcar, a polícia nacional portuguesa levava aquele homem para espanto de todos e felicidade de Carolina. O franzino não lhe havia decepcionado. Enquanto sua família embarcava, Carolina deu uma última olhada para trás. De pé ao fundo, na frente da livraria havia um homem alto, pele clara, calça jeans, paletó cinza. Olhou para Carolina e lhe acenou com um jornal na mão com um sorriso de meio lábio. Carolina retribuiu. Simpatizou com John.
Continua..