"O Demônio de Blackchapel" - Parte XI
Capítulo11: Viagem a Blackchapel
Rio de Janeiro 15h20
Ao caminhar a passos rápidos pelo aeroporto internacional do Galeão, a jovem Patrícia Price se deu conta de como estava calor naquele dia. O verão no Brasil, especialmente no Rio de Janeiro, costumava ser dos mais quentes, com temperaturas que não raramente, beiravam os 40°.
Já acostumada, mas não por isso conformada, Patrícia lutava para não ceder ao calor.
“Não vejo a hora de chegar na Inglaterra” pensou.
Seu voo estava marcado para às 16h e ela não tinha a intenção de se atrasar, mas parece que pelo menos dessa vez, este não seria o caso.
No meio da multidão, Patrícia pode ver alguém acenando com a mão. Ela levou alguns segundos para distinguir quem era. Logo, ela soube.
Sua prima
Letícia era uma jovem de 17 anos, muito agitada e alegre. Esbanjava uma felicidade de dar inveja. Sempre com um sorriso no rosto, Letícia costumava ser bem sociável e falante, não poupando esforço iniciar uma conversa com quem quer que fosse.
Com um sorriso no rosto, Letícia se aproximou de Patrícia a passos rápidos e logo chegou até ela:
- Prima! Que bom vê-la!
Patrícia não queria ser rude, mas realmente não tinha intenção de se atrasar e pelo jeito como conhecia sua prima, isso seria muito provável. Patrícia respondeu de forma simples:
- Oi prima, como vai?
- Eu vou bem, ainda mais com esse tempo.
Patrícia era incapaz de entender como alguém podia gostar de calor, era tão incomodo e estressante. Abafado e sufocante. Um gosto que ela nunca conseguiria entender.
“Por que você tem que ser tão estranha Suely?”
Dando seguimento a conversa, a prima de Patrícia continuou:
- Mas então prima, o que está fazendo aqui? Não me diga que vai viajar de novo?
- Pois é exatamente isso que farei.
- E para onde a senhorita vai?
- Londres. Blackchapel pra ser preciso.
Suely fez cara de surpresa.
- Londres? Que chique hein.
- Nem tanto, já que eu passei parte da minha infância lá.
Patrícia Price havia nascido no Brasil. Filha de uma mãe brasileira e um pai inglês, estava acostumada a constantes viagens entre os dois países. Seu maior tempo na Inglaterra, havia sido quando acabara de completar 7 anos e fora morar com o pai em Londres. Ficou por lá até seus 14 anos. Depois de então, só chegou a visitar a Inglaterra duas vezes, uma com 16 anos e outra com 18, ficando lá por apenas algumas semanas. Agora, em seus 19 anos, iria visitar o país britânico mais uma vez.
- Então - prosseguiu Suely - Londres é? O que vai fazer lá?
Patrícia achava realmente incomodo o jeito como Suely fazia perguntas como se quisesse se intrometer na vida dos outros.
- Ah Suely, você sabe. Negócios e bom, meu pai está lá né.
Patrícia olhou para o relógio e viu que era hora de ir:
- Bom Suely, nossa conversa fica por aqui. Tenho de pegar o voo.
- Ok. Beijo prima, agente se fala.
- Beijo.
As duas então seguiram caminhos distintos.
Patrícia então ficou a pensar na desculpa que havia dado. É claro que seu pai, nada tinha a ver com sua viagem, e que os negócios que ela tinha de resolver, não eram exatamente negócios comuns. Patrícia sabia que era algo muito mais sério e que ninguém poderia saber a respeito.
Após embarcar no avião, ela hesitou por um instante, mas logo teve certeza. Ela sabia exatamente o que deveria fazer.