* DAMIEN DARKHOLME: ASSASSINO VORAZ

Cada cena de um crime, conta uma história, e acredite, há detalhes invisíveis aos olhos, por essa razão, hoje ao chegar ao local, pude perceber, que esse “ açougueiro”, gosta do que faz, possui um prazer em matar quase animalesca. Doze corpos, completamente mutilados e sangue, e mesmo para quem possui alguma experiência em crimes, ficaria surpreso ao descobrir algo assim, mas não fico surpreso, não mais. Esse assassino, possui uma característica distinta, e por essa razão, estou em seu encalço, há alguns meses, não é um criminoso comum. Na verdade, acredito, que não poderia ser detido de outra maneira, além de ser morto. Convivo com crimes dessa natureza há alguns anos, mas em nenhum caso, senti tanto prazer em caçar como sinto agora. Respiro profundamente, sentindo o odor do sangue, misturado ao aroma da madeira, e assim que as autoridades ficarem cientes desses assassinatos, com certeza, esse local não poderia fornecer as evidências que preciso para localizar esse agressor. Saio do local, por onde entrei, a janela estava aberta, e aproveitei para rastrear aquela criatura, porque acredite ou não, não existe nada de humano em alguém que mata por prazer, habilidosa e ferozmente, como apreciasse mostrar para suas vitimas que poderia fazer qualquer coisa. O odor dele, desaparece um quarteirão adiante, misturado ao odor da cidade, irei precisar esperar, pode levar alguns dias ou semanas, até o próximo crime, mas com certeza irá cometer, é da natureza dele, ficar por dias, aguardando e vigiando sua próxima vitima. Mas imagino, que ao entrar naquele lugar, naquela noite, ficou surpreso ao descobrir que teria mais diversão, do que apenas mais um assassinato, volto para meu refugio, minha intenção, é apenas cuidar para que nosso encontro aconteça, e que possa mostrar para essa criatura, que há destinos, piores do que a morte, e acredite, nas sombras e escuridão, há coisas piores do que a morte.

Retorno ao meu refugio, e gosto de simplicidade, talvez porque ao longo dos anos, tenha aprendido que haja na simplicidade uma harmonia, que não sinto em mim. Nasci há algum tempo, fui criado como filho adotivo de um médico, porque meu pai foi assassinado dois meses antes de poder saber que sua esposa estava grávida, minha mãe morreu no parto, teve uma gestação complicada, perdia muito sangue, foi quando meu pai adotivo, surgiu para ajudar na gestação, cuidou da minha mãe com muito zelo, durante meses, foi isso que fiquei sabendo anos mais tarde, através de um amigo dele. Durante a gestação, minha mãe perdia muito sangue, e meu pai adotivo, fez com que o sangramento parasse, conseguindo conduzir a gestação de forma natural, mas no parto, minha mãe, ainda que houvesse recebido transfusões periódicas, para não sofrer com uma anemia severa, não suportou e faleceu, assim fui adotado pelo única pessoa mais próxima dela, mesmo porque a família do meu pai, renegou cuidar de mim, após a morte dele.

Antes de falecer, meu pai adotivo, talvez por remorso, confidenciou um segredo, que iria mudar minha vida para sempre, em seu leito de morte, fez prometer que não iria culpar ninguém pelo meu destino, mesmo porque, as vezes, coisas ruins aconteçam para que algo bom ocorrer, e algo bom deixa de ocorrer para que sejamos agraciados com coisas melhores, e mesmo que houvesse perdido meus pais, havia sido agraciado ao conseguir sobreviver, ao nascer. Durante toda gestação, meu pai adotivo, para manter minha mãe viva, fez uma séries de estudos, procurando mesmo, especialistas, mas foi através do lado oculto, em um acordo, que pude ser gerado, e nascer, sem poder imaginar, que aquele acordo, obscuro e sombrio, iria colocar a prova minha sanidade, e mostrar que para cada escolha, há uma conseqüência, e para cada conseqüência uma recompensa. Após a morte dele, precisei de um tempo para assimilar aquilo que queria compreender, e fiquei surpreso, ao descobrir que o único lugar ao qual não tinha acesso no casarão onde havia sido criado, havia mais segredos e mistérios, inclusive a respeito de meu pai adotivo, aquele que havia cuidado de mim, com tamanho zelo, era um homem atormentado pela busca por respostas, queria compreender aquilo que para muitos poderia ser apenas ocorrências do destino ou acasos.

Mas fiquei surpreso mesmo, ao descobrir que aquele homem, durante toda gestação de minha mãe, havia preparado sangue, com insumos místicos, procurei por respostas, mas apenas comecei a compreender quando com o passar dos anos, sentia cada vez mais forte, podia sentir um perfume ou odor distinto em um ambiente, conseguia ver na escuridão com nitidez, e tato e paladar apurado. Na verdade, nunca pude explicar o que sentia para ninguém, e afastei das pessoas, progressivamente, com medo de ser mal interpretado.

Alguns anos mais tarde, durante uma viagem, encontrei uma companhia cigana, foi quando tudo realmente começou, conduzindo para o meio de um caos, de onde não iria poder sair. Naquela maldita noite, fui atacado por um grupo de ciganos, não eram seres comuns, não para mim, e descobri da pior maneira, resultando em um confronto sangrento, após essa noite, comecei a fugir, mas ficou comum, encontrar criaturas, seres que nunca poderia imaginar que pudesse existir, assim como o açougueiro da noite passado, um matador, feroz e sanguinário, que prazerosamente caça sua vitimas, como quisesse provar que não poderia ser detido, foi quando compreendi aquilo que deveria fazer, e fui transformado em um especialista em interferir no equilíbrio natural entre luz e sombras.

Após meu repouso, na noite seguinte, retornei ao local do crime, agora sem os corpos, certamente aquele assassino, não iria retornar, mas precisava descobrir um meio de encontrar e deter seu avanço, foi quando ouvi passos, descobrindo que não estava sozinho, e a voz rouca, disse:

- O que procura, meu amigo?

- Talvez esteja atrás de problemas, não é mesmo?

Sorri, e pude ouvir os passos, aproximando lentamente, poderia imaginar que estivesse pensando que seria mais uma vitima, indefesa, mas queria surpreender aquele açougueiro, provar que éramos muito parecidos, apenas estávamos de lados opostos, que apenas as escolhas que fizemos resultaria mesmo naquele encontro, foi quando ouvi outros passos, aproximando, vindo da direção oposta. Imaginei que não estivesse sozinho, mas pela surpresa no olhar dele, descobri que havia mais alguém no local, e seria arriscado um confronto naquele momento. Pude ver um sorriso formando no rosto dele, e antes que pudesse aproximar mais, avancei na direção dele, segurando sua jugular, e arremessando pela janela, levaria aquele confronto para um local aberto, seguro, onde pudesse avaliar quanto aquela criatura era forte, segui em seu encalço, em meio a multidão, aos ruídos de veículos, luzes de faróis e luminosos, em uma ascensão vertiginosa pela cidade, era rápido e ágil, habilidosamente, desviava dos obstáculos, sem perder o equilíbrio, parecia bailar nas sombras, e terminamos por ficarmos frente a frente no parque da cidade. Estávamos de lados opostos, em um universo, composto de luz e sombras, mas naquela noite, aquele predador, havia encontrado, um caminho para o fim, e acredite, iria descobrir que mais do que morrer, a redenção dele, iria ser dolorosa, assim como toda dor, que podia e pode causar as suas vitimas. Era o inicio, apenas o começo de uma vida de violência, para qual eu havia renascido, quando meu pai adotivo faleceu, uma vida para qual havia sido preparado, e para qual não havia explicação.

* Damien Darkholme

DAMIEN DARKHOLME
Enviado por DAMIEN DARKHOLME em 03/01/2014
Código do texto: T4634453
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