* DAMIEN DARKHOLME: CAÇADOR DAS TREVAS ¹
A velha cidade incrustada entre as montanhas, sobrevivia da extração de minério, mas há meses, vinha sendo acometida de fatos aterradores, uma serie de assassinatos havia sido iniciada em uma noite fria de outono. Na verdade, os acontecimentos realmente tiveram inicio há pelo menos um ano e meio, quando começou a surgir os primeiros sinais de que algo sombrio e terrível estaria para acontecer. Os pacatos cidadãos da cidade de Vale do Silencio, começaram a encontrar seus animais de estimação mortos, para em seguida, animais de porte maiores serem encontrados nas regiões mais afastadas, alguns diziam ser um lobo ou tigre da montanha, que devido a incursão de seres humanos em seu habitat natural estariam migrando para localidades próximo da cidade. Mas havia algo peculiar, na avaliação preliminar da investigação, os animais mortos, eram encontrados destroçados, retalhados e mutilados, tendo partes dos corpos arrancadas, músculos dilacerados, mas sempre havia algo em comum, nunca era encontrada a cabeça. Nos meses consecutivos, algo parecia haver despertado atenção daquele predador, porque algumas pessoas começaram a desaparecer misteriosamente, a principio, as autoridades poderiam imaginar que em decorrência do período mais frio, essas pessoas haviam migrado para regiões mais quentes, mas para estarrecimento, essas vitimas começaram a serem encontradas nos arredores da cidade, nas mesmas situações dos animais, dilacerados, mas o que realmente começou a aterrorizar a população, foi a ação desse predador, que mesmo sendo caçado pelas autoridades, aproximara cada vez mais da região metropolitana da cidade, até a noite fatídica.
Estava sentado no quarto do imenso casarão, a garrafa de vinho pela metade, e a maldita insônia como companhia, evidentemente, dormir tarde era algo natural em minha vida, mas naquela noite, sentia algo diferente, como soubesse ou pudesse antever, que aquelas ocorrências possuía uma interligação, com meu passado, mas principalmente com meu futuro. A velha cidade, sempre foi tranqüila, e em decorrência dos fatos, a população começara a evitar sair no período noturno, e ao ouvir a campainha ser tocada, incessantemente, em um sobressalto, fui atender. Desci as escadas e ao abrir a porta, deparei com o jovem Grey dizendo:
- Sr Darkholme, preciso que venha comigo agora.
- Boa noite, Grey. O que houve?
- Venha comigo, preciso mostrar uma coisa.
- Onde?
O jovem não respondeu, na verdade, apressou em afastar indo em direção a rua, mas para minha surpresa, antes de chegar a calçada, um vulto, surgido em meio a neblina, começou um ataque violento, arrastando o jovem ao longo da calçada, quando consegui alcançar o corpo do jovem, pude perceber que o ataque, rápido e violento, havia causado a morte do jovem. Fiquei estarrecido, mas consciente fui em busca de ajuda das autoridades locais, que vieram ao encontro do corpo do jovem, e fui conduzido para delegacia para prestar esclarecimentos, principalmente porque havia sido a última pessoa a falar com o jovem ainda vivo.
Na delegacia após os esclarecimentos, fui reconduzido a minha residência, onde para minha surpresa, deparei com a porta da cozinha arrombada, parecia que a força utilizada para o arrombamento havia sido excessiva, porque encontrei vestígios de concreto por todo ambiente, ao relatar a ocorrência as autoridades, deparei com a desconfiança do chefe de policia, um sujeito ranzinza que insistia que poderia ser uma represália pela morte do jovem. As investigações policiais concluíram que a porta havia sido arrombada por algum animal, por haver pêlos incrustados na madeira. Confesso que fiquei desconfiado, porque certamente um animal não iria querer derrubar uma porta sem qualquer motivo, e lembrei do vulto que havia surgido antes da morte do jovem Grey.
Não que pudesse fazer uma descrição, mas pela velocidade do ataque, e violência e selvageria, poderia concluir que fosse um animal de grande porte, com força suficiente para derrubar a porta, mas que não havia nenhuma razão, haja visto que predadores apenas são atraídos quando estão famintos, buscando saciar sua necessidade por alimentos. E para mim, ficara evidente, que aquela criatura, aquele caçador, não iria parar, era apenas o começo de algo aterrador e sobrenatural para o qual ainda não estava preparado, mas seria forjado na ação daquela criatura, iria renascer para uma nova vida, um recomeço. Mas aquele recomeço, iria custar minha alma, e esse era o preço, o débito com aquele que viera em meu encontro, um encontro marcado pelo destino que unia meus caminhos ao caminho das sombras e da escuridão.
* Damien Darkholme