Faça um pedido, querida...
Era dia 1 de julho, aniversário de Jany. A parte baixa de sua casa já estava toda enfeitada para o evento. Bolas pretas e douradas tomavam conta de grande parte de paredes e tetos. As mesas com toalhas de seda douradas, davam um ar "chique" ao ambiente. "Está a cara da minha Jany!", exclamava sua mãe, cheia de orgulho de sua pequena de 22 anos. A arrumação da festa de Jany havia começado um pouco antes do almoço. Jany, até aquele momento, não se encontrava em casa, estava no salão, tendo seu dia de princesa, enquanto Júlio resolvia as pendências e pegava seu vestido na loja.
Jany cursava Direito e morava com seu "namorido", chamado por ela, que já era médico, especializado em Psiquiatria. Possuindo 1,65m, rosto fino, olhos grandes e castanhos, cabelo ruivo longo e ondulado, Jany era branca. Júlio era moreno, 1,85m, olhos pequenos e verdes, barba por fazer e cabelo castanho. Estavam juntos havia sete anos e se casariam no fim do mês.
Não demorou muito para que Jany chegasse. Trajava um vestido de cor creme, justo na parte de cima e solto na parte de baixo. Longo e com poucos enfeites. Seus cabelos estavam presos, com cachos caindo sobre seus ombros, e sua maquiagem estava bem simples, porém lhe dava outro rosto. A festa começou. Todos bebiam, riam e dançavam muito, embora Jany aparentasse certa preocupação notada por Júlio, que chegou perto, questionando-a. Jany realmente não parecia muito descontraída e saiu de perto, dando um beijo na testa de Júlio e chamando-o para dançar, provavelmente querendo disfarçar o que tanto lhe afligia. Dançaram a noite inteira, mas a expressão de Jany continuava e aquilo desanimava Júlio, que sabia que algo estava acontecendo com Jany. Quando os relógios marcaram 3 horas da manhã, estava na hora de cortar o bolo. Jany apareceu com dois papéis na mão, não deixando Júlio se aproximar para pegá-los, dizendo ser surpresa. O parabéns, enfim, começou. Muitas pessoas batiam palmas, gritavam, desejavam paz, saúde, no meio do parabéns. "Faça um pedido, querida...", dizia Júlio, com sua voz serena, perto de Jany, e Jany fez seu pedido: apenas mais um mês de vida, já que faltavam apenas 29 dias para se casar com Júlio. A vida foi severa com Jany, fazendo-a cair sobre o colo de seu futuro marido, logo depois de seu pedido, morta, enquanto deixava os dois resultados de seus exames cair no chão, ambos com resultado positivo: um era o resultado de sua gravidez e o outro era o resultado de um tumor que havia em seu pâncreas.
Júlio todos os dias vê Jany do seu lado, na cama, falando que o ama e o choro de seu bebê, no quarto ao lado. Júlio afirma não estar louco... Afinal, como é que um psiquiatra pode ficar louco?