O garoto sem rosto
O garoto sem rosto
Ninguém nunca o vira de frente , ele jamais encarou ninguém nos olhos, sempre de cabeça baixa ele ia andando sem rumo algum.
Os mais velhos diziam.
“Lá vai o garoto sem rosto de novo”
Entre as meninas mais jovens a pergunta ela unânime
“como ele deve ser? Será que ele é bonito?”
Os jovens rapazes indagavam
“onde ele mora? Nunca vi ninguém com ele”
E as perguntas nunca se acabavam. Todos comentavam do garoto sem rosto o jovem de quem ninguém nunca viu a face o capuz sempre na cabeça e a cabeça sempre olhando para baixo eram as marcas registradas daquele menino.
Pouca coisa podia ser afirmar daquele garoto sem rosto uma delas é que ele vinha sempre de uma pequena praça da cidade mais ele sumiu depois de algumas horas vagando pela cidade outra era que o jovem rapaz era corcunda as crianças da cidade o apelidaram de o corcunda sem rosto.
Mais tudo isso mudaria rápido em poucos minutos todos saberiam quem era o verdadeiro garoto sem rosto. Chovia muito naquela tarde os moradores da cidade se encontravam em baixo de guarda-chuvas todos em volta da praça havia boatos que encontraram um corpo morto em uma arvore todos olhavam para a figura pequena e encapuzada pendurada pelo pescoço.
Cortaram a corda! O corpo caiu no chão o medico legista constatara “estava morto mesmo” o delegado constatou “foi suicídio pobre rapaz” mais em meio a multidão uma criança falou “é o garoto sem rosto como ele deve ser de baixo do capuz” todos estavam curiosos mais ninguém teve coragem de lhe tirar o capuz da face, temiam que debaixo dele houvesse uma criança deformada ou pior ele realmente não tivesse rosto.
Vendo que ninguém se movia a pobre e inocente criança tomou á frente ajoelhou-se diante do corpo encapuzado suas mãozinha foram levantando o capuz, ninguém respirava e nem falava nada e der repente a criança diz assusta “nossa...” todos recuaram assustados “... como ele é lindo”.
Ouvindo as palavras da criança a multidão se aproxima e vêem um rosto lindo um garoto de olhos azuis ainda abertos um belo sorriso e cabelos louros enrolados. E a criança ainda ajoelhada vê na mão do garoto morto um papelzinho amassado “mãe, mãe o que ta escrito?”
A mãe do garoto pega o papel e le em bom tom “ por muito tempo vagei por esta cidade, onde vi de tudo onde vi amo vi maldade meu rosto sempre escondido pelo capuz ninguém via pois dos meus olhos sempre escorriam lagrimas de agonia queria voltar para a casa e com meus irmãos e irmãs brincar mais não posso meu pai me fez jurar que se eu viesse pra cá aqui deveria de ficar. Eu achei que a terra ela bonita, eu á via tão bela lá do céu então pedi pra vir morar aqui então desci e vim aqui morar, não suportei nem dois dias vendo tanta maldade e tanto rancor a dias e dias eu vago a procura de alguém com amor eu não mostrava meu rosto pois eu não queria que ninguém soubesse como a falta de amor de você me entristece hoje não suportei mais matei então fique meu corpo para a degradação espero que eu volte para o céu e seja feliz pois escolher a humanidade foi a pior coisa que eu fiz.”
Quando a mulher parou de ler todos estavam chocados quem era aquele garoto e por que ele disse que veio do céu. Se passaram os dias e as perguntas não se calaram para as crianças ele era um anjinho que veio para a terra os adultos diziam que era impossível. O único adulto com certeza real do que acontecera foi o medico legista que quando tirou o capuz do garoto viu o par de asas que ele carregava, se calou ali, enterrou ele mesmo o corpo do garoto preferiu deixar todos curiosos do que se declarar louco.
Mesmo sem nunca terem tido certeza a historia se espalhou pelo mundo e até hoje se ouve falar da historia do anjinho suicida que se matou por não aceitar a maldade humana...
Kelvin Eleandro.