"O Demônio de Blackchapel" - Parte I

Capítulo 1: A Voz ao Telefone

- Clarisse? - Perguntou Mary quando lhe fora questionada a respeito de sua melhor amiga. - Já tem um tempinho que não falo com ela.

- Estranho, Clarisse costuma sempre "dar as caras" - comentou Sophie. - E vocês são tão...amigas.

Sophie tinha uma claro ar de ciúme em suas palavras, mas se esforçava em esconder.

Mary, Clarisse e Sophie eram o típico trio inseparável de amigas, mas a ligação afetiva existente entre Mary e Clarisse, parecia transcender a amizade existente entre as três como um todo. Fato esse que quase sempre incomodava Sophie, que além de ciumenta, sentia-se como não pudesse sustentar uma grande amizade, ou como ela mesma gostava de dizer, "sou um terceiro membro indesejável".

Ao continuarem caminhando pelas ruas do distrito de Blackchapel em Londres, as duas meninas não mais comentaram sobre "Clari" e mudaram de assunto, passando a conversar sobre coisas rotineiras.

O distrito de Blackchapel é uma vizinhança localizada em uma parte mais afastada da cidade de Londres, na Inglaterra. Diferente dos demais bairros da grande capital, Blackchapel era um lugar mais calmo e menos populoso. Suas construções eram mais caseiras, erguidas em grande parte por arenito, lembrando vilas pequenas de jogos de RPG medieval. O distrito refletia pouco o aspecto industrial associado à Inglaterra.

Após aproximadamente 15 minutos de caminhada por àquelas ruas calmas e agradáveis, as amigas se despediram e seguiram caminhos divergentes.

Ao chegar em casa, a primeira coisa que Mary fez, após cumprimentar a mãe, foi ligar para Clarisse. Normalmente os sumiços de "Clari", não a deixaria preocupada, mas sentiu que dessa vez deveria ligar. Um misto de curiosidade e preocupação, tomaram o espírito de Mary como um susto.

Ela pegou o telefone e ligou, direto para o celular, queria uma resposta mais imediata. O telefone chamou três vezes, até que enfim, uma voz desconhecida de homem atendeu:

- Alô. - A voz era forte, marcante e sedutora, não obstante, carregava um certo ar de frieza, era macabra e levemente cruel. Uma voz bonita, mas ao mesmo tempo gélida e desagradável. Era como ouvir uma bonita melodia, ressoando de um quarto escuro. Mary sentiu um arrepio lhe subir pela espinha.

Por instinto, ela desligou sem nada dizer. "Devo ter ligado errado" pensou. Ligou uma segunda vez e a mesma voz masculina atendeu. Mary então repetiu a ação e desligou o telefone.

- O que esta acontecendo? - Murmurou.

Ela então decidiu ligar para a residência de Clarisse, após sete toques consecutivos, entrou a secretária eletrônica e para a surpresa da garota, a mesma voz surgiu na mensagem gravada, no entanto, o que disse desta vez, fez Mary deixar cair o telefone num súbito. Ela não poderia acreditar no que acabara de ouvir.

...

Distante dali, em um quarto avermelhado e de tom macabro, Clarisse forçou a vista para ter certeza de que era aquilo mesmo que estava vendo. Com um ar de deboche e um tanto quanto incrédula, ela murmurou:

- Mas que droga é essa?

Nameless
Enviado por Nameless em 12/09/2013
Código do texto: T4478783
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