- Genial!
- Nem tanto chefe, o design não está tão bom assim.
- Os movimentos, as armas, estão todos muito bem elaborados. O que mais gostei foi das cenas da morte. Você iniciou o filme com a pancada na cabeça. Arrastando o corpo, o colocando no porta-malas. O levando até um terreno, esquartejando e queimando, genial! Melhor ainda foi o enterro macabro. Bruxos pintando os rostos com o sangue da vítima.
Rogério olhava para o seu chefe em êxtase. Todos os detalhes do novo jogo estavam lançados à mesa. O projeto poderia ser lançado a tempo, nas férias de meio de ano.
Rogério saiu da sala de seu chefe feliz pelos elogios. Caminhou até uma sala de reuniões a fim de pegar alguns documentos e para sua surpresa encontrou três colegas de trabalho:
- Como você pode fazer isso? – Perguntava Raquel visivelmente contrariada.
- O projeto era todo meu!
Marcelo e Sandra olhavam raivosos para Rogério que tentava arrumar explicações para o que acabara de ocorrer. Todo o projeto fora estruturado pelo grupo. Naquele momento seus companheiros de trabalho cobravam parte do crédito do projeto:
- Vocês estão gritando a ponto de eu escutar em minha sala! – Huggo, responsável pelo escritório de design, entrou na sala e interrompeu a discussão.
Após minutos de silêncio Raquel informou ao seu chefe sobre o assunto que levou a discussão. Houve uma pausa nas trocas de ofensas e Rogério revelou que o trabalho final fora realmente realizado pelo grupo. As faces dos companheiros de Rogério expressavam alívio após o esclarecido. Todos naquela sala eram funcionários contratados. Apenas Rogério estava na empresa através de contrato de trabalho e necessitava daquele crédito para prolongar seu contrato, mas nada poderia ser feito, o crédito fora dividido com seus colegas.
No final da tarde Rogério chegou ao apartamento que a empresa alugara para ele. Foi até um armário na cozinha e se serviu de uma doze de vinho. Sentou no sofá e começou a beber lentamente sua bebida – o telefone toca:
- Rogério aqui é a Raquel, desculpe-nos por hoje, estamos comemorando, não adianta recusar, o meu carro está estacionado na garagem de seu prédio.
Rogério confirmou a sua presença na comemoração. Contrariado, desligou o telefone. Guardou o resto de sua bebida no refrigerador, saiu do apartamento e começou a descer pelas escadas a fim de chegar até o estacionamento de seu prédio. Uma forte pancada, desferida na cabeça de Rogério, o deixa desacordado.
A lua iluminava uma pequena clareira na mata, as arvores se dobravam ao vento. Aos poucos os olhos se abriram e puderam contemplar um grupo que o cercava. Ao olhar para a sua direita, Rogério pôde ver um machado descer sobre a sua perna. Em uma machadada a sua perna foi arrancada e lançada para o lado. Um grito estridente tomou conta da noite. Rogério foi seguro pelo pescoço. Sentiu que uma mão tentava tampar-lhe a boca. Uma pessoa com capuz o tentava calar enquanto o sangue se espalhava através de sua perna amputada. Rogério esticou a mão, pegou a ponta do capuz de seu algoz, a retirou, então um grito:
- Marcelo!
Uma dor intensa tomava o corpo de Rogério. Percebeu seu braço pular ao corte do machado. Com a boca tapada e seus olhos fixos no horizonte, observou duas figuras se aproximarem, Raquel e Sandra.
Rogério estava perdendo os sentidos. Seus membros amputados espalhavam sangue pela mata. Marcelo, Raquel e Sandra se banhavam com seu sangue. O seu tempo de vida estava acabando. Chorando, tremendo, com seu corpo entrando em colapso ele ainda teve forças para algumas palavras:
- Vocês não vão escapar, sei que vocês estão me matando pelo meu projeto. Não existe crime perfeito. Uma pessoa que vocês esqueceram irá levar todos para a cadeia.
Raquel caminhou até uma arvore. Pegou um galão de gasolina que se encontrava escorado na planta. Começou a banhar o corpo mutilado de Rogério. Gritos, cantos configurava uma cerimônia macabra. Rogério gritava: - Vocês não vão escapar! Ao longe uma figura se aproximava. Com os olhos fixos na figura, a cada avanço, os olhos de Rogério se esbugalhavam. Na mão de seu novo algoz continha uma tocha. A tocha deixava um clarão na face do assassino. Em um último suspiro, em uma palavra, ele compreende o final de toda a trama: - Huggo!
- Design aprovado. – Huggo lança a tocha sobre o corpo de Rogério. Um clarão toma conta da noite. O cheiro de carne queimada se espalha com o vento.
Dois dias se passaram
Após subir as escadas ele chegou até a porta de seu apartamento, entrou e caminhou entre os cômodos a fim de conhecer a sua nova morada. Ao chegar na cozinha abriu a geladeira. Observou que ela guardava um copo de vinho. Carregou o copo até a sala. Um belo sorriso se abriu em seu rosto. O telefone tocou:
- Alô.
- Seja bem vindo, amanhã você começa o trabalho com nosso grupo!
- Mas quem é você?
- Meu nome é Raquel, eu sou do seu grupo de trabalho e é um prazer trabalhar com o melhor design gráfico do Brasil. Seja bem vindo Fábio!
Fim.