MEU AMOR É UM VAMPIRO - Cap. 37

A noite chegou mais escura que o habitual. Nuvens pesadas cobriram o céu ao entardecer e não tardaria a cair uma tempestade. Laura fechou as vidraças da sala depois do jantar, enquanto sua família se instalava tranquilamente e em silêncio para assistir a um programa de televisão. Quando ela reparou que Aline juntava seus cadernos e se preparava para subir ao quarto, perguntou:

- Não quer ver televisão conosco, minha filha?

- Não, mamãe. Preciso estudar - respondeu Aline, evitando o olhar dos pais. A garota fez de conta que arrumava alguns papéis, criou coragem e declarou - Mãe, tenho uma prova muito importante amanhã e eu quase não estudei por causa dos ensaios do desfile. Por isso, caso alguém me ligue, diga que fui para a cama. Não quero falar com ninguém. É uma prova muito difícil e preciso de silêncio e paz.

- Estou gostando disto - comemorou o pastor. - É assim que eu gostaria de lhe ver sempre.

Aline deu um sorriso constrangido, percebendo que a irmã a encarava ostensivamente. Não conseguiu olhar para ela.

- Represento a escola na Festa da Primavera, pai. Não posso fazer feio nas provas.

- Não se preocupe, Aline. Ninguém vai incomodar você. Nem mesmo nós - garantiu Laura.

- Era o que eu queria ouvir - esta foi a única frase sincera de Aline naquele momento.

- Tranque a porta - recomendou Kassandra, irônica.

- Com certeza é isto que eu farei - Aline virou-se e subiu as escadas rapidamente. Desejou boa noite e desapareceu corredor afora.

Quando Aline chegou ao quarto, trancou a porta bastante tensa. Atirou suas coisas em cima da cama e abriu a vidraça bem devagar. Na frente do seu quarto havia uma árvore, cujos galhos se estendiam muito próximos à janela. E Aline sabia muito bem o que fazer. Afinal, passara dias estudando como seria quando chegasse a hora, que desculpa daria para seus pais e avaliando que da janela para os galhos a distância não era muito grande. A altura era assustadora, mas não mortal, caso houvesse uma falha e ela despencasse.

Antes que o pavor e a razão tomassem conta de si, Aline esticou o corpo para fora, segurando-se em seguida nos galhos, fortes o bastante para aguentar seu peso. Pensando somente em Ian para não deixar que o medo a dominasse, ela foi descendo a árvore tão habilidosamente como fazia quando era criança e logo chegou ao chão. Ainda conseguiu enxergar seus pais através do vidro. Eles sequer podiam imaginar que a filha mais nova e favorita à Rainha da Primavera estava prestes a fazer. E, correndo tão rápido como podia, na sua roupa negra para se confundir com a noite, Aline tomou o rumo do restaurante de Ian, disposta a entregar seu coração ao homem que sabia que seria o único de sua vida.

Será que Aline conseguirá ver Ian? Confira todo o capítulo no blog

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