Ruídos no Sótão
Foi com passadas vagarosas que o miúdo garoto subiu as escadas do orfanato em direção ao sótão. O terror dominava todo seu corpo ao mesmo tempo em que ia se aproximando daqueles gemidos assustadores.
Relatos de assombrações ali eram constantes. Apesar de Juanito jamais ter tido alguma experiência sobrenatural, as histórias que trafegavam pelas bocas de internos e tutores eram de que as vítimas de mortes violentas permaneciam presas a este mundo.
Muitos escravos morreram naquele casarão centenário. Era, por isso, o ambiente perfeito para causos misteriosos.
Os plangentes ruídos tornavam-se mais fortes e roucos. O medo já se instalara em seu frágil coração pueril, dominando sua alma e aprisionando seu corpo. Os degraus rangiam tal qual a tampa do alçapão abrindo-se. Foi assim, com grande espanto, ao adentrar no apertado cômodo, que o menino deparou-se com o faxineiro Osvaldo deitado sobre o forrado chão, dormindo e roncando aos solavancos.