Remorso
Podia ver minha sogra arrasada sobre o caixão de seu filho que acabava de partir. Seu assassinato era coberto por mistérios. Eu sofria calada. Consolava sua mãe, que não aguentava mais chorar. E eu tentava fazer a ficha cair: meu marido estava ali na minha frente, morto; pálido e com uma expressão horrenda. Eu não chegava perto do caixão, não tinha coragem. Minha vida sem meu marido seria inimaginável. As lágrimas rolavam pelo meu rosto, onde eram enxugadas discretamente. Eu já me encontrava em luto. Luto eterno, para falar a verdade. A polícia investigava o caso de sua morte, porém em sigilo. A agonia tomava conta do meu corpo que já sentia-se desprotegido. Desprotegido por quem sempre me abraçou quando eu estava perdida, e esse alguém não me abraçaria mais. Sentada no banco, pude perceber que não me dediquei tanto ao amor da minha vida. Eu chorava, agora, sem me importar, até que fui até seu caixão e segurei em sua mão, que já estava gelada e pedi perdão, antes de ir embora.
Eu não me perdoo até hoje pelo que fiz por amor...