MEU AMOR É UM VAMPIRO - Cap. 36
Alguns dias se passaram e a despeito da tristeza de Kassandra, Aline e Laura estavam completamente envolvidas na confecção do vestido. A data da festa se aproximava e a garota se sentia cada vez mais ansiosa. Além do nervosismo natural pela expectativa de ser escolhida a Rainha da Primavera, havia ainda a ansiedade de não ter mais visto Ian. Aline prometeu a si mesma que naquela semana invadiria o restaurante atrás dele. Uma vez que Verena estava namorando Rafael como ele mesmo dera a entender, nada mais teria o poder de afastá-la do seu amor.
Era um sábado chuvoso. O pastor havia saído para ir até a padaria no meio da tarde. As três mulheres estavam na sala, cada uma ocupada com seus próprios afazeres. Foi então que a porta se abriu bruscamente e o pastor entrou. Pela sua expressão, elas perceberam que ele estava furioso.
- Kassandra!
Ela se levantou do sofá, lentamente. Não precisava ter uma bola de cristal par saber o motivo da indignação do pai. Rafael.
- Oi, pai…
Romeu foi direto.
- Quero que você me responda com um simples sim ou não: Você está namorando aquele sem vergonha?
Kassandra olhou para Aline e para a mãe, que também estavam surpresas com a atitude do pastor.
- Que sem vergonha?
- Não se faça de sonsa, Kassandra! Sim ou não?
Ela novamente olhou para Aline como se pedisse ajuda. Murmurou:
- Não sei.
- Não sabe? Como não sabe se está namorando alguém?
- Ora, papai − tentou se explicar Kassandra, muito constrangida. - Da última vez que eu o vi, ele saiu com o carro daqui de casa sem me dar um adeus. E nunca mais me ligou.
- E você ainda não sabe se depois disso ainda estão namorando? Pois eu lhe respondo: Não estão!
Kassandra arregalou os olhos e abriu a boca, chocada, sem conseguir pronunciar nenhuma palavra. Laura perguntou aflita:
- Você pode explicar o que está acontecendo, Romeu?
- Está acontecendo, Laura, que toda a cidade está comentando o fato de Rafael estar namorando a tal de Verena. Kassandra, como sempre, está fazendo o papel de boba nesta história. Enquanto sua filha está aqui sonhando com o namoradinho, ele está se escondendo pelos cantos com aquela prostituta de cabelos vermelhos!
- Romeu, não fale assim na frente das meninas - pediu Laura, angustiada com a expressão de espanto das filhas ante a explosão do pai.
- Admiro-me de Ian não ter tomado uma atitude contra aquela vagabunda.
Aline arrematou:
- Vai ver que ele tem outra.
O pastor olhou para Aline, mas foi para Kassandra que ele falou:
- Ouça bem o que eu vou lhe dizer: não vou mais admitir que você tenha qualquer tipo de relacionamento com esse cafajeste do Rafael. Enquanto ele passa de garanhão para a cidade toda, papel, aliás, que ele gosta muito de fazer, você fica aqui chorando a falta daquele vagabundo. E o pior, toda a cidade fica tecendo comentários. Nunca mais quero vê-los juntos. Nem amizade.
- Certa vez eu afirmei que fofoca era coisa de cidade com pessoas de mente pequena e eu quase apanhei do senhor - disse Aline, amuada - E veja o que aconteceu. O senhor está praticamente confirmando tudo aquilo que eu disse.
O pastor encarou a filha mais nova, sem dizer nada. Porém, antes que saísse da sala, avisou novamente Kassandra:
- Ouviu o que eu disse? Esqueça Rafael - e arrematou para desespero de Aline - E nunca mais quero ver vocês duas chegarem perto daquele restaurante!
Aline olhou surpresa para Kassandra, que devolveu o olhar. Laura deu um suspiro e tentou voltar ao trabalho, mas Aline argumentou irritada.
- Mãe, ele deve estar doido. Eu não tenho nada a ver com o namoro de Kassandra e Rafael ou de Rafael e Verena! Por que ele me proibiu de ir ao restaurante?
- Aline, não complique as coisas. A proibição de seu pai em relação ao restaurante não lhe atinge. Você nunca sai à noite, portanto nunca vai até lá. Qual é o problema?
Kassandra reparou um leve rubor na face da irmã, que tentou responder, sem convicção alguma:
- Eu poderia receber um convite de alguém...
- Mas não recebeu, portanto concentre-se no baile. Falta muito pouco tempo e eu nem terminei seu vestido.
- É uma injustiça...
As duas irmãs novamente trocaram olhares. Era difícil dizer quem estava mais abalada.
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