Passado...

Passado...

Danielle acorda com o barulho da chuva, já era o terceiro dia que chovia sem parar na cidade. Mesmo com a vontade de voltar a dormir, ela levanta, pois, tinha vários relatórios acumulados no serviço.

Termina de se arrumar, toma café, volta ao quarto para dar um beijo em Daniel, seu marido. Entra no carro e começa a dirigir enquanto falava sozinha:

-Eu deveria ter feito esses relatórios antes. Agora, em pleno feriado, minha família inteira fica em casa e tenho de trabalhar. Ninguém merece!

Agora com seus 27 anos, tem uma carreira bem sucedida, casada e com dois filhos. Mal dava para lembrar-se das suas loucuras na adolescência. Coisas das quais ela nunca mais iria querer lembrar.

Voltando para casa, morrendo de cansaço, depois de um dia de trabalho bem cheio, ao parar no sinal, vê uma figura debaixo da chuva numa capa cinza olhando para o carro, com o celular no ouvido. Ela sabia que já tinha visto aquele rosto, mas não se recordava. Neste momento seu celular toca. Ao olhar ela vê que é o numero do seu marido. Ela atende correndo querendo ouvir a voz dele. Depois de tanto trabalhar, só ele a acalmaria.

Ao atender, ela escuta uma voz há muito esquecida. Ela não consegue acreditar... Enquanto ouvia aquela voz rouca lhe falando:

-Olá amiguinha... Há quanto tempo hein?

-O que? Você? Como isso é possível? O que você está fazendo com o celular do meu marido?

-Não se preocupe... Você ainda vai querer falar comigo... Espero que goste do presentinho que deixei para você - e o telefone foi desligado.

Agora ao olhar novamente para a pessoa na esquina, ela reconhece. Era impossível para ela esquecer aquele sorriso sarcástico, aquele olhar feroz.

Danielle começa a tremer, seu rosto congela de medo, seu olhar grita de desespero! E sem pensar em mais nada ela começa a acelerar o carro. Até sentir o impacto a sua frente, ao acelerar ela não viu o carro no cruzamento. Ao recobrar a consciência torna a acelerar, sem nem mesmo ver se os passageiros do outro carro estão bem. O terror fala mais alto!

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Ao chegar à casa, entra desesperada gritando – Amor, amor! Cadê você? – e nem sinal de ninguém. Ela começa a prestar atenção na casa e vê que lá não tinha mais nada! Parecia que estava abandonada há anos. Os seus retratos, móveis, tudo tinha sumido.

Ela corre em cada quarto, mas todos estavam vazios. Era para o seu marido e seus filhos estarem em casa, mas não tinha nem sinal de nenhum deles.

O único móvel na casa era uma mesinha de madeira envelhecida no meio do seu quarto.

Ao olhar em cima da mesa, ela simplesmente cai no chão. Fraca e pálida, não sabe mais o que fazer.

continua...