Morrendo para estar vivo - Capítulo 3 Consequência cruel

Já estava escuro quando ela finalmente chegou no local, a rua se encontrava completamente deserta, as luzes das casas já estavam apagadas, demonstrando o quanto era tarde da noite.

O pequeno embrulho nos braços resfolegava sem nem imaginar o que estava por vir.

Ela não poderia sofrer mais consequências de um ato impensado, já era judiada por natureza, não podia deixar que as coisas piorassem e por mais que isso lhe doesse o coração, sabia que era o certo a ser feito.

Os olhos apreensivos observavam os dois lados da rua, não havia nenhum sinal humano, todos já deveriam estar dormindo, tinha de agir rápido antes que se arrependesse.

Os passos se aceleraram silenciosos na melancolia da noite, parando apenas quando alcançou a frente do gracioso casarão que existia na esquina de frente para uma reconfortante pracinha, onde existiam agora apenas balanços que se movimentavam fantasmagoricamente e escorregadores vazios.

Os negros olhos se abaixaram para o minúsculo ser por alguns instantes, mas antes que pudesse apreciar daquele momento, ouviu uma moto se aproximar, era a polícia noturna, iriam pegá-la, ela não teria como se justificar, ninguém ficava em um lugar chique como aquele aquela hora a não ser que fosse um sequestrador, estuprador ou ladrão. Com as vestimentas em que se encontrava na certa seria presa sem chances de explicação.

Não sabia o que fazer, entrou em completo desespero, apertando a criança mais forte em seus braços, o apito se aproximava cada vez mais, iria estar ao seu lado em questão de segundos. Droga! Não tinha planejado ser assim, que desculpa arranjaria? Iriam pensar que ela era uma raptora de crianças ou coisa que o valha.

Já via o forte farol despontando no início da rua, olhou para os dois lados apreensiva, não teria outra opção, a sorte teria de se fazer valer.

Colocou o pequenino pacote dentro do latão de lixo mais próximo dali e saiu correndo o mais rápido possível.

Sentiu uma pontada forte no peito e teve a impressão de ouvir um pequeno resmungar, mas não poderia parar, não agora.

O apito se aproximava cada vez mais, o pulmão estava em chamas, ela não iria aguentar.

Ouviu uma sirene e então dois disparos explodiram no ar, ela se sentiu leve como uma pena e tudo se escureceu.

continua...

Jéssica Curto
Enviado por Jéssica Curto em 26/06/2013
Reeditado em 01/07/2013
Código do texto: T4360164
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