Um ser que não soube ser
(Continuação)
PARTE II
Meu pai sempre polido, inteligente e afável com meus amigos – era meu ídolo. Minha mãe, vaidosa e autoritária fazia questão de mostrar-me como a herdeira digna da família Costa Almeida de Oliveira Prado. Só a vi chorar uma vez numa discussão com meu pai, o que me deixou desorientada, por ele ter razão e por ela ser minha mãe, a quem insistia em colher um carinho sincero, amor, olhar terno, assim como o olhar da mãe ciosa de sua cria.
Lembrava aquele sábado em que ela ia para seu plantão na clínica. Disse-me para não trancar a porta do quarto, pois meu irmão mais novo, dois anos mais novo, que dormia no quarto contíguo poderia acordar com pesadelo e eu deveria consolá-lo, fosse o caso. Ela sabia que gostava, antes de dormir, do silêncio do meu quarto, com meus livros e sonhos.
(Continua)