a estrada - parte 2
Continuo meu caminho, sentindo um vazio dentro de mim e um frio intenso que chega a queimar a minha alma. Caminho devagar, com passos calmos, é como se eu estivesse em campo minado e que a qualquer hora o barulho de meus passos atrairia alguma coisa medonha e monstruosa pra mim. Algo hostil.
O vento gélido e assombroso corta meu rosto e eu tremo enquanto temo o que pode vir mais adiante.
E mais adiante, vejo uma velha cabana em ruínas, onde resolvo passar o resto de minha noite. É tudo tão velho aqui dentro, tão quebrado e empoeirado. Não há cama onde eu possa deitar-me, mas há um velho lençol jogado no chão sujo. Eu retiro a maior parte da poeira e deito sobre ele cobrindo-me.
Quando finalmente consigo fechar os olhos tristes e cansados, um ruído me leva à abri-los novamente e atento para o que estaria causando tal incômodo. Tento me concentrar, mas não dá com tal ruído.
Não está em nenhum dos cômodos da cabana velha. Isto vem de fora dela.
De repente, um grito! Alto e aterrador. Muito forte e desesperado. De repente, outro grito de outra voz. Desta vez, medonho, forte e com ar de zombaria. Outro grito, e outro, e outro, e de novo, de novo e de novo. Vindos todos de muito longe, mas se aproximando aos poucos.
O que seria isso? O que poderia querer? Será que é hostil? Será que estou perdido?...