Contrato com a morte
Ela era solteira, 38 anos, vivia só num apartamento de dois quartos. Ele 45 anos, casado, vivia com a esposa; seu filho único acabara de retornar do Canadá num intercâmbio de estudantes.
Estavam em pé frente ao outro, numa conhecida praça da cidade e falavam baixo:
- É para matar, já disse. Não aguento mais. Resolva isso.
- Já fiz de tudo. Não sei mais o que fazer.
- Isso é problema seu e já te dei o dinheiro para contratar a pessoa.
- Quer o dinheiro de volta? É isso?
- Quero! Eles deveriam estar mortos.
- Dê-me mais uma chance e dou cabo de tudo. Eu prometo.
- Uma chance e nada mais. Resolva!
Ele pegou o celular e na agenda selecionou um número. Apertou a tecla verde e levou-o ao ouvido. Alguém atendeu e ele respondeu:
- Preciso de vocês mais uma vez. É o mesmo. Rua 19 de Setembro, nº 42. Sim… sim. Ok – e desligou.
- Tudo certo? – indagou ansiosa.
- Sim. Mas ainda acho que você deveria ter um gato. É a quarta empresa de desratização que contrato.
- Ui...tenho nojo de gatos, quanto mais os ratos. Vamos embora pro motel, amor… lá em casa não quero mais.