DESEJOS PECAMINOSOS
Hildo caminhava tranquilamente pela rua deserta. O vento frio percorria todo o seu corpo, fazendo-o estremecer. Naquela noite, o rapaz, que se sentia solitário, vagava lentamente, na esperança de obter, pelo menos, a companhia dos fenômenos naturais.
Não queria pensar em nada. Seu único desejo era caminhar, caminhar, caminhar... Por mais frio que fizesse aquela noite congelante, nada o impedia de prosseguir em seu trajeto. O destino? Nem ele sabia. Com os olhos cerrados, conseguia perceber somente o aroma e balançar das folhas de inverno.
A lua estava triste, assim como Hildo, visto que havia brigado seriamente com seu primo Anthony naquela noite, a quem considerava como um irmão. Estava tão perturbado, que não conseguia lembrar-se de quaisquer detalhes da discussão. Tudo aconteceu por causa dos ciúmes que Anthony começou a alimentar por causa do amigo, acusando-o de tentar seduzir sua esposa Anna.
Anna era uma jovem admirada não somente pela sua beleza, como também pelo seu alto nível intelectual. Amava Hildo em segredo. Ninguém o sabia, e nem mesmo ela queria acreditar, devido ao seu comprometimento com seu melhor amigo. O matrimônio já durava quase cinco anos. Quando seu casamento completara dois anos, começou a perceber estranhas sensações por Hildo, porém nunca foi correspondida. Tentava agradá-lo de todas as formas, na tentativa de notar algum interesse daquele, mas era tudo em vão. Não havia uma noite desde aquele dia em que lágrimas não caíssem de seus olhos. Estava desolada, porém sempre alimentava uma ponta de esperança.
Certa noite, foi sozinha à casa de Hildo. Como eram vizinhos, bateu a sua porta depois de poucos segundos. O rapaz demorou um pouco a atender. Quando a porta foi aberta, Anna o viu somente de toalha, que cobria suas partes íntimas. Seu corpo ainda estava molhado, visto que Hildo encontrava-se no meio do banho, saindo apenas para atender a porta.
Os olhos dos dois jovens se cruzaram. O rapaz não emitia sequer uma palavra. Anna entrava num momento de excitação profunda. Seu desejo era tanto , que enlaçou Hildo em seus braços e, em seguida, deu-lhe um beijo demorado.
Passados alguns minutos, Anna pode sentir dedos tocando suas costas, mas não podiam ser de Hildo, visto que suas mãos se cruzavam. Virou-se imediatamente, e viu seu marido com uma expressão de ódio nunca dantes vista estampada em sua face. Estava bastante trêmulo. Anna e Hildo estavam sendo fitados pela aterrorizante vermelhidão daqueles olhos lacrimejantes.
Depois de alguns instantes olhando fixamente para eles, Anthony os empurra para dentro de casa sem dizer nada. Após, saca uma arma de seu bolso e, quando percebe que Hildo iria dizer algo, efetua dois disparos em seu peito. Arrependido, Anthony começa a chorar compulsivamente, não acreditando no que tinha feito. Hildo cai nos braços de Anna, que o leva ao chão, sentindo seu sangue quente escorrer por entre seus dedos.
Sentindo as lágrimas da moça caírem em sua face, o rapaz emite um doce sorriso, e vai fechando lentamente seus olhos, até dar o seu último suspiro.