A MORTE

Deitado em minha cama, sinto calafrios percorrendo meu corpo. Algo estranho, muito estranho está acontecendo comigo hoje. Estou trêmulo, algo me impede de sair da cama. O medo excessivo anestesia o meu corpo.

Aos poucos consigo retomar os movimentos. Saio lentamente do meu leito e, a passos vagarosos, deixo meu quarto. A camisa está presa ao meu peito, devido ao suor frio que meu corpo insiste em liberar. Preciso urgentemente saciar minha sede.

Chego à cozinha. Com a mão trêmula, pego um copo d’água e bebo-a vorazmente, enquanto o líquido percorre a minha face. Ouço barulhos estranhos vindos de meu quarto. Imediatamente fecho meus olhos e fico alguns instantes com eles cerrados.

O barulho some. Após, um silêncio apavorante invade o ambiente. Decido voltar ao meu quarto. Minhas mãos e pés estão dormentes. Sinto o terror aproximar-se cada vez mais de mim. Um medo incontrolável se apossa da minha alma.

Deito novamente em meu leito e fecho os olhos. Começo a sentir um peso em minha garganta. A essa altura já estou gelado. Inquieto, abro aqueles e começo a ver estranhas letras se formarem na parede a minha frente. Consigo perceber a palavra “machado”, como se tivesse sido escrita com tinta vermelha.

O vento lá fora soa como uma voz, mas não identifico o que quer dizer. Olho através da janela situada na cabeceira da cama e percebo a presença de um ser encapuzado me fitando com um machado na mão. Deito-me rapidamente, tremendo como nunca dantes, pensando que aquilo é fruto da minha imaginação.

Vejo formar-se na parede a frase “Você!”. O vento lá fora está mais intenso. Olho outra vez pela janela. A criatura continua me fitando, só que desta vez com um sorriso macabro no rosto, deixando transparecer enormes dentes pontiagudos, os quais eram a única coisa que eu podia ver além do capuz.

Levanto-me e começo a andar inquietantemente pelo quarto com as mãos cruzadas para trás, esperando loucamente o amanhecer. Paro diante do espelho e cerro as pestanas e, em poucos segundos, abro-as novamente. Aparece o reflexo da criatura maligna, como se estivesse atrás de mim. Desta vez o machado está erguido.

O nervosismo faz-me escorregar em meu próprio suor. Minha cabeça vai de encontro ao espelho, que se despedaça quase por inteiro. O barulho dos vidros é a única coisa que perturba o silêncio no local.

De repente, tenho a sensação de estar flutuando. Sinto como se não pertencesse mais ao meu corpo. E não pertenço.

Luciana Tomaz
Enviado por Luciana Tomaz em 19/05/2013
Código do texto: T4298483
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