MEU AMOR É UM VAMPIRO (cap. 20)
No dia seguinte toda a família estava reunida em volta da mesa para o café. O pastor e Laura não notaram o silêncio de Kassandra, que quase nem comia, e estavam curiosos em saber como era o novo restaurante da cidade.
- É bonito lá dentro, Kassi? - Perguntou Laura.
Aline foi quem respondeu, empolgadíssima:
- Sim, mamãe. É maravilhoso. Nunca pensei que aqui em Rosas pudessem construir algo tão elegante. Acho que é bom demais para uma cidade tão pequena.
- Não diga isto - repreendeu o pastor. - Rosas merece.
- É claro que sim - reforçou Laura. - Havia muitas pessoas?
- Bastante - novamente Aline respondeu, percebendo que Kassandra a observava por debaixo dos cabelos que colocara estrategicamente sobre os olhos inchados da noite mal dormida. - Pensamos que não haveria mesas, mas as amigas da Kassi estavam lá e sentamos todos juntos.
- Que bom que encontraram conhecidos, Kassandra!
- Foi muito legal - murmurou ela.
- Foi mesmo - falou Aline, rapidamente. - Nos divertimos tanto...
Kassandra a olhava quase em sinal de agradecimento, até que veio a pergunta fatal:
- E como são os donos? - perguntou o pastor, curioso - Não os conhecemos ainda.
- Ah, são lindos... - respondeu Aline, enlevada.
Kassandra a encarou surpresa. Porém Aline tratou de remendar, sem conseguir disfarçar o leve rubor no rosto.
- Eu... eles são simpáticos, muito acessíveis. Eu conversei bastante com ele... com o casal e acho que também gostaram de mim.
- É mesmo?
- Sim, mãe. Nem pagamos a conta.
- Por quê? - Laura quase teve um sobressalto.
- Já disse. Gostaram de nós.
- Estou surpresa.
- Ian, inclusive, conhece a nossa igreja de vista. Eu falei que o senhor é pastor, pai.
- Bem, podemos convidá-los para irem conhecer nossa igreja. E, quem sabe, virem até nossa casa.
- Ótimo - exultou Aline.
No mesmo momento, Kassandra se levantou da mesa quase derrubando as xícaras.
- O que foi, minha filha? Não está passando bem? - Laura se levantou quase que ao mesmo tempo.
- Estou enjoada - murmurou ela, tirando os cabelos do rosto e expondo sua palidez.
- Enjoada? - o pastor franziu o rosto - Enjoada porquê?
- Romeu! - repreendeu Laura.
- Comi demais ontem - mentiu Kassandra. - O tempero estava forte.
- Espero que sim - respondeu o pastor, desconfiado.
Aline ficou observando a mãe levar Kassandra para o quarto, mas seus pensamentos não conseguiam abandonar Ian.
*
Os dias foram correndo sem muita novidade. A família de Kassandra acabou por descobrir que ela e Rafael haviam rompido com o namoro mais uma vez e Laura deu graças a Deus. O único problema é que Kassandra praticamente não falava. Começou a se dedicar à faculdade como nunca para esquecer de vez seu amor e a vergonha passada àquela noite no restaurante de Ian.
Em compensação, Aline falava pelos cotovelos. Como as suas notas despencaram de novo, Laura e o pastor tomaram uma medida drástica: Aline não sairia de casa enquanto não melhorasse seu rendimento escolar. E, para piorar a situação, ela havia sido banida do time de vôlei da escola, definitivamente, depois da última briga com a treinadora. A vida de Aline era da casa para a escola e da escola para casa. E como não conseguia ver Ian, Aline praguejava e brigava a todo instante com os pais.
... continua ...
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