DAMIÃO

Damião estava se preparando para dormir. Tirou o lençol do guarda roupa, levantou a colcha da cama e caiu como um saco pesado na cama. Pobre Daniel, desde que sua esposa o deixara por outro ele ficava todo o tempo em casa. Os vizinhos já estavam acostumados. Viam-no todos os sábados no mercado da cidade de Pituvinho – próxima a metrópole do país chamado Brasil.

Neste dia ele se trajava com um blaser marron e calça preta. Ele era muito discreto. Sempre de cabeça baixa trazia duas grandes sacolas repletas de compras. Durante a semana ninguém via Daniel. Às vezes do apt onde residia ouvia-se uma música bem baixinho, mas que nunca incomodava ninguém.

Ele era, realmente, um homem solitário. Era aposentado e resolvia sua vida financeira, retirada de dinheiro para aluguel e feira aos sábado, também.

Eu que morava ao seu lado, apt número 23, não entendia como um homem pode passar a semana inteira trancado. Não tinha amigos. Este fato realmente era péssimo, pois a solidão lhe pesava mais. Essa parecia ser a rotina daquele estranho homem.

Ontem aconteceu, no entanto, um fato curioso.Alguém visitou Damião. Percebi isso por causa das vozes altas que vinham de seu apt. Mas, eu não tinha nada com isso.Fui trabalhar. Ao retornar às 19 horas, o porteiro me avisou. Damião tinha sido assassinado.

Fiquei triste por que já tinha me acostumado com aquele estranho homem.

zemary
Enviado por zemary em 29/04/2013
Reeditado em 29/04/2013
Código do texto: T4265224
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