A Menina Clarice: Parte 1
Naquela manhã Clarice acordou bem cedo,pouco depois de o sol nascer no horizonte. Estava muito agitada pois era o primeiro dia das tão esperadas férias de verão e seus pais prometeram leva-la ao parque de diversôes naquele dia. Pulou da cama de supetão,correu pela casa sorrindo e cantando bem alto uma música que só ela conhecia. Clarice tinha 12 anos, era uma linda menina, muito inteligente e com uma imaginação bem fértil. Adorava cantar e contar histórias,era muito simpática também.
Já eram quase 7 da manhã quando Clarice invadiu o quarto dos pais, pulando em cima da cama do casal,acordando-os de um susto!
-Meu Deus!- Gritou o pai. –Clarice minha filha, o que é isso?
-Hoje é o dia lembra? – Ela estava bem em cima dele. Olhando-o cara-a-cara. –Lembra?
-Dia? Dia de que?
-Como o senhor não lembra papai?- Seu sorriso foi se desfazendo aos poucos.
-...Estou brincando! É claro que lembro, hoje é o dia das férias no parque!!!- Disse o pai de Clarice a ela com toda a empolgação que conseguiu ter aquela hora da manhã.
-Clarice minha filha, ainda é muito cedo!- Disse a mãe da menina, agora acordada também.
-Eu sei, só quero garantir que estaram acordados a tempo!- Bocejou a menina.
Algum tempo depois, todos estavam bem acordados na cozinha tomando café e fazendo a programação do dia. Clarice se adiantou como sempre e se vestiu primeiro. Colocou um vestido amarelo, de mangas compridas e com rendas nas bordas, era o vestido que ela mais gostava, fazia par perfeito(pelo menos parar ela) com as meias listradas até os joelhos e os sapatos pretos. Tomou um belo café da manhã, o que sua mãe estranhou pois Clarice não comia muito, mas nos dias que acordava agitada, parecia até um adolescente em fase de crescimento.
-Em qual brinquedo você vai andar querida?- Perguntou o pai antes de tomar um gole de café.
-Em todos!- Respondeu ela rapidamente.
-Todos?- Perguntou o pai. –Você não acha que é pequena de mais para andar em certos brinquedos do parque?
-Claro que não! Além disso tenho 12 anos e meio,não sou mais uma criancinha.
-Mas você sabe que existe uma idade mínima pra andar nos mais radicais não sabe?
-Sei, mas não me importo! Tenho altura sulficiente.
-Altura não é idade menina!- Respondeu a mãe.
-Eu sei...- Fez uma pausa. – Mas tenho idade sulficiente pra andar no que gosto então vamos!
A menina parecia ficar mais elfórica a cada minuto que passava. Corria e pulava, apressava os pais a todo momento.
Finalmente, todos foram para o carro. A família era pequena, Clarice era filha única mas seus pais tinham planos de lhe dar um irmãozinho ou irmãzinha em breve. Quando Clarice estava entrando no carro, parou derepente, como se algo tivesse vindo a sua cabeça do nada. Correu de volt para casa, abriu a porta e entrou.
-Clarice! o que foi? - Gritou sua mãe do lado de fora.
Pouco tempo depois a menina voltou correndo com seu inseparável amigo nos braços; Danilo, um urso panda de pelúcia que Clarice havia ganhado de seus pais no seu aniversário de 5 anos e, desde então, era seu companheiro de todas as horas.
-Quase esqueço o Danilo mamãe!
A viagem de carro até o parque foi rápida e tranquila. Clarice e os pais chegaram cedo e foram logo comprar os ingressos para os brinquedos preferidos da pequena. Ela estava a ponto de explodir de tanta alegria e entusiasmo. Clarice já tinha ido ao parque várias vezes mas sempre parecia ser a primeira. Entrou correndo pelo portão principal e parou de súbito, era a visão do paraiso para a menina. Pegou os ingressos com os pais e saiu em disparada na direção do brinquedo que mais gostava, o “Expedição no Espaço”. O brinquedo lembrava um carrossel, só que maior. Eram vários foguetes brilhantes que giravam à uma velocidade considerável à uns cinco metros do chão. Não demorou muito e chegou a vez de Clarice. Dava pra ver o brilho em seus belos olhos azuis mesmo de longe. Clarice pegou o foguete vermelho escuro, todo brilhoso e cheio de pequenos detalhes que encantavam a menina. Entrou no brinquedo, apertou o cinto e se sentiu em um foguete espacial de verdade, indo o mais longe que a sua imaginação lhe permitia. Então, obrinquedo começou a girar. Devagar no começo e pegando velocidade em poucos segundos. O cenário ao redor passava por ela cada vez mais rápido, apenas imagens borradas e desformes, mas Clarice não parecia se preocupar a julgar pelo esplendido sorriso em sua face meiga e doce.
Derepente a menina começou a ficar tonta, o que era estranho por que ela estava acostumada a andar no brinquedo sem nenhum sinal de mau estar antes, mas parece que dessa vez ela não estava aguentando. Sua cabeça começou a girar mais e mais e seus olhos foram fechando-se tão pesadamente que Clarice nada podia fazer para impedir. Pouco antes da menina desmaiar de vez, ela pôde ouvir um rangido forte sobre sua cabeça, no mastro central do brinquedo. Ouviu também o que ela achou ser um grito de aflição de seus pais em terra firme. Clarice mau pode tentar entender o que acontecia ao seu redor quando sua visão escureceu por completo e ela apagou.
-CLARICEEEE!!!- Gritou seu pai, sem poder fazer nada...
***
Quando acordou, Clarice ainda estava no foguete. Estava assustada, o parque estava vazio, era final de tarde e começava a escurecer. Ela olhou ao seu redor tentando entender o que havia acontecido. Seu foguete agora estava no chão. Ela retirou o cinto de segurança e saiu do brinquedo e procurou desesperadamente pelos pais. Olhava de um lado para o outro, atônita, com os olhos transbordando de lágrimas, tomando uma forma triste, antecedendo o choro.
Saiu correndo por entre as inúmeras barracas fechadas, aparentemente, à algum tempo. A pobre menina gritava pelos pais e seus berros eram interrompidos vez ou outra pelos soluços de seu pranto. Quando cançou de andar por todo o parque sem encontrar ninguém, muito menos os pais, ela sentou-se em um banquinho em forma de cavalo e ali ficou, sozinha, imaginando as piores coisas que poderiam ter acontecido.
-Porque me deixaram aqui sozinha? – Perguntava a menina para si mesma entre um soluço e outro. – Cadê todo mundo? Papai, mamãe, onde estão? Estou com medo!
Pobre menina! Era isso então? Sozinha, abandonada naquele lugar que outrora fora para ela um paraiso? Agora, ela só queria sair dali de qualquer jeito. Quando ainda estava sentada, se perguntando se havia feito algo de errado para seus pais, se eles haviam se cansado dela e deram um jeito de abandona-la naquele parque ela sentiu uma mãozinha tocar seu ombro, rapidamente virou-se para o dono daquela mão pequena e se deparou com um garotinho loiro aparentando ter a mesma idade dela.
-Oi! – Disse o menino com um sorriso carismático nos lábios. –Por quê você está chorando?
-Meus pais sumiram!-Respondeu ela.
-Como assim sumiram? – Perguntou ele.
-Ora como? Estavam aqui no parque comigo e derepente, sumiram!
-Hum, isso é muito estranho! – Disse o menino coçando o queixo. – Geralmente isso não acontece!
-E afinal, quem é você mesmo?
-Desculpe-me por não me apresentar antes. Meu nome é Collyn! E o seu?
-...Clarice. – Respondeu a menina sem muito ânimo. – Estou preocupada com meus pais. O que será que aconteceu com eles? Para onde eles foram sem mim? Na verdade...para onde todo mundo foi?
-Quer andar de cavalinho comigo?
-Não vou andar de cavalinho com você! Eu nem te conheço, e quero achar os meus pais e ir embora daqui!
-Só eu e você estamos no parque! –Disse o menino olhando ao redor.
-Você sabe pra onde foi todo mundo então? Meus pais e todo o resto?
-Acho que você é nova aqui. Acabou de chegar e não está entendendo nada! Mas não se preocupe, vou lhe mostrar tudo aqui e fazer você entender as coisas. – Ele fez uma pausa meio melancólica e continuou.-Mas antes vamos brincar um pouco, Só pra nos conhecer-mos melhor! O que me diz Clarice?
As palavras do simpático menino soaram muito agradáveis aos ouvidos da pequena. Como se por um instante a menina estivesse esquecido do desaparecimento dos pais e tudo de estranho que ocorrera naquela manha de sol, que agora, não passava de um céu cinzento e frio.