>UM DRINK COM O DIABO<
Em uma noite malévola que os raios talhavam o céu,
Os trovões estremeciam o chão sem clemência,
Uma tempestade sem ponderação fez-me procurar refugio
Num promíscuo bar de um famoso e obscuro gueto,
Muitos alucinógenos eram remetidos na atmosfera,
Deixando os seus assíduos fregueses numa orgia sem limites.
 
Pude observar, num canto mais escuro do local,
Uma senhora com aparência maligna,
Com um avental sujo de sangue,
Que sem escrúpulo e indulgência praticava o aborto
Nas incautas criaturas que a procurava.
 
Isso acontecia no asqueroso banheiro infectado daquele bar
Onde os ratos e as baratas disputavam espaço sobre as merdas,
O cheiro fétido daquele inóspito lugar fazia-me desacreditar
Que eu estaria diante da insensível delinquência,
O local era frequentado pelas piores espécies do submundo.
 
Eu precisava sair daquele ambiente,
Mas como sair se a tempestade não passava?
 
Os incompreensíveis ventos açoitavam portas e janelas
Fazendo mais denso o lado sombrio inveterado daquele lugar,
Quando o relógio badalou 00 h em ponto todos os presentes
Reverenciaram a chegada de um enigmático homem,
Todo trajado de preto, com um chapéu da aba larga que escondia
A finalidade de seus olhos sobre os proscritos.
 
Galante e gentil,
Aproximou de minha mesa pedindo para sentar ao meu lado.
Senti um misto de medo e curiosidade, e uma pitada de ansiedade
Quase mórbida esfriando-me a alma apavorada.
 
Pediu dois drinks e foi logo dizendo:
 
_Não tenha medo, estou aqui para inspecionar os cubículos ocultos, Os calabouços onde os masoquistas procuram prazer sexual
Na dor física e nas afrontas. Vim ver de perto os estragos
Da perversa conduta nos partidários da imoralidade.
Vim soprar no ouvido dos céticos a prova de minha existência,
Vim cobrar o pacto que fizeram comigo já esquecido por muitos,
Estou aqui para sentir a força de minha militância.
 
Vim buscar para o cadafalso todos aqueles que põem a culpa
Dos seus desacertos em mim, Sou o executor dos senhores que Cometeram o genocídio na guerra, Digam o que quiserem esses
Fatos não ficaram a esmo ou amortizados, c
omigo eles não terão saída Para essa situação abusiva..
 
Em dado momento dentro de minha indiscrição
E curiosidade, eu lhe perguntei:
 
_Quem é o senhor?
 
Ele me respondeu:
 
_Quem sou eu, vai depender de quem é você!
Vamos tornar isso mais pessoal.
Muitos dizem que sou o "anjo de luz decaído",
O blecaute afrontando a luz. Outros, afirmam que eu sou o pai de toda A mentira e perversão. Há aqueles que dizem que eu não sou tão feio Quanto me pintam, e realmente eu posso ser muito bonito.
 Sou a desculpa da humanidade para todas as suas vilezas.

Existem boatos que sou ave de rapina de bico aguçado com garras em Forma de foice, Há pessoas que acreditam que sou discórdia onde Existe alegria, dou risada quando a mitologia me transforma em bode Preto, ou quando me esboçam de chifre e rabo.
Enfim, sou o que sou, dependendo do que você me faz ...
 
Senti o pavor tomar posse de mim,
Manifestando em cada tremor sentido e nos filetes
De suor frio molhando meu rosto.
 
Ele, após uma risada pavorosamente infernal,
Falou pausadamente:
 
_Olha moço, a tempestade já passou.
Você se encontra no lugar errado,
Siga o seu caminho sem olhar para trás...
Mas jamais esqueça que você conversou
E bebeu um drink com o diabo.
 
SAM MORENO
Enviado por SAM MORENO em 03/04/2013
Reeditado em 24/08/2020
Código do texto: T4220875
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