MEU AMOR É UM VAMPIRO (cap. 11)
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O carro de Rafael avançava lentamente pela estrada de terra que levava ao orfanato. O caminho era escuro e Kassandra tremia de frio, medo e arrependimento por ter concordado com mais uma loucura de Rafael.
- Será que falta muito, amor?
- Acho que não - respondeu ele sorrindo, adorando aquilo tudo. A única iluminação era a dos faróis do carro. O resto era tudo escuridão.
- Espero que o feliz proprietário da casa mande instalar alguns postes de luz por aqui. Caso contrário, ele jamais receberá visitas.
- Talvez seja isso mesmo que ele queira. Solidão.
- Se for isso, escolheu muito bem o lugar. Se depender de mim, ele será solitário para todo o sempre!
Rafael sorriu e em seguida apontou para frente.
- Olhe lá, Kass. Está vendo? As luzes.
- Sim, estou vendo. Já é animador. Não está com medo? -perguntou Kassandra, lembrando-se novamente da noite em que Rafael ficara apavorado ao se deparar com as luzes da colina.
- Estou mais excitado do que com medo.
O carro foi avançando por mais uns dois quilômetros até parar frente a um grande muro que cercava o terreno. Fascinado, Rafael desceu do carro.
- Aonde você vai? - perguntou Kassandra, surpresa.
- Até o portão. Venha! Deixe a luz dos faróis ligada e vamos conhecer nosso novo vizinho.
A contragosto, Kassandra desceu do carro e seguiu Rafael até o portão. Ele estava empolgado.
- Veja, Kass. Parece um castelo.
- Surpreendo-me pela rapidez com que fizeram isto. Não entendo você! Aquela noite em que lhe mostrei as luzes deste lugar, você fugiu como o diabo da cruz!
- Como iria saber que já estava vendido? - Ele fez uma pausa e comentou. - Está bem iluminado. Talvez tenha gente morando aí. Há luzes no terraço.
- Para mim está tudo muito escuro. Vou voltar para o carro.
Rafael ficou em silêncio, grudado no portão.
“Venha”.
- Rafael, vou voltar para o carro. Estou com frio.
- Tudo bem.
A voz dele saiu ligeiramente rouca e Kassandra perguntou, um pouco amuada:
- Vai ficar aí?
- Um pouco só.
- Não fique junto a estas grades, meu amor. Pode ter um cachorro...
Mas ele não ouvia mais nada, quase esquecido da presença da namorada. Rafael suava, com os olhos fixos naquela figura brilhante que o observava do terraço.
“Venha”.
Era uma mulher, Rafael bem o sabia e, apesar da escuridão, as luzes em torno dela ressaltavam uma beleza quase demoníaca.
Quem é você? Não me chame mais! Era o que Rafael sentiu vontade de gritar, segurando a voz no último segundo. Os cabelos em volta dela tinham um tom diferente - um vermelho, talvez - e ela o olhava com uma altivez e certo poder que encantou Rafael.
Ele sabia que se não fosse por Kassandra, já teria pulado aquele portão e passado por cima de quem quer que fosse para poder ficar perto daquela mulher. Não sabia quem era, não conhecia seu nome e nem a quem pertencia, mas seu corpo pulsava de angústia e desejo, numa ânsia de possuí-la como nunca sentira por garota alguma. Queria voltar para o carro, entretanto os olhos dela o mantinham cativo naquele portão. Será que Kassandra não estava vendo a mulher também?
“Não vá”.
Rafael perdeu a noção do tempo em que ficou preso àquele portão. Só voltou à realidade quando Kassandra começou a fazer sinais de luz.
“Fique comigo”.
Ele olhou para a namorada quase com raiva e no mesmo instante Kassandra desligou os faróis, assustada com a expressão de Rafael. Tudo ficou muito escuro.
Angustiado, Rafael voltou a cabeça novamente para o terraço e o que viu foi uma leve luz, algum movimento por lá. Não sabia se eram os cabelos ou a roupa da mulher. Ela não era nenhuma alucinação como chegou a imaginar.
Kassandra acendeu novamente os faróis e deu uma buzinada fraquinha para despertar Rafael do que ela chamou de encanto. Atônita, observou Rafael voltar correndo para o carro.
- O que foi, meu amor? Você está pálido!
- Ouvi passos - mentiu ele. Na realidade, Rafael fôra tomado de um súbito medo, um pavor que não conseguia definir. Tudo aquilo ao ser redor parecia estar impregnado de uma aura maligna. A escuridão e o vento que começara a soprar, fazia Rafael desejar agora estar há quilômetros de distância. Aquela mulher do terraço, a mesma que o fascinara, possuía algo diabólico, concluiu Rafael. Mas por que, apesar do terror, tinha tanta vontade de olhar para trás? Ele sabia que se o fizesse, nunca mais sairia daquele lugar.
- Eu não ouvi nada - balbuciou Kassandra, apavorada com o pavor de Rafael.
- Eu ouvi.
Depois de algumas tentativas, finalmente Rafael conseguiu fazer o carro se movimentar sem que se apagasse. Arrancou com tanta velocidade que Kassandra chegou a ser jogada de encontro ao banco. Ah, se o pastor soubesse!
- Eu... para falar a verdade - Kassandra tinha até medo de falar - senti que haviam olhos nos observando.
Rafael acelerou mais ainda.