O Mal era Amarelo
Estávamos um pequeno grupo em uma clareira ao lado de uma densa floresta sob uma enorme árvore; algumas pessoas estavam no alto da árvore e eu as observava a certa distância.
Não estava me sentindo segura. Alguma coisa me aterrorizava, como se algo nos observasse.
O grupo estava feliz e despreocupado, não se apercebendo do perigo que eu pressentia.
Não tinha bem certeza de meus sentimentos, era apenas uma forte intuição, mas apesar de algumas de minhas intuições já terem se cumprido, não confiava nelas de qualquer forma.
Para meu horror vi algo entre as folhagens, não conseguia dizer ao certo o que era.
Via pequenos pedaços de um belo amarelo se destacando do verde ao redor. Eram os contornos de enormes anéis escamosos que se moviam lentamente em nossa direção.
Divisei a enorme cabeça retangular com sulcos em formato de y dando a forma da cabeça gigantesca um certo quê de repulsivo, bem como as pupilas negras da horrenda criatura tarde demais para avisar meus amigos.
Gritei em desespero para que se afastassem dali, mas eles não entenderam meus gritos.
Se viraram calmamente e assim que a viram correram o mais rápido que lhes foi possível, dado o choque da infeliz surpresa.
Pelo menos duas pessoas: uma amiga que estava no galho mais alto e um amigo sentado a esquerda de meu campo de visão ficaram em cima da árvore.
Eles permaneceram na árvore porque não teriam tempo de descer de qualquer forma.
Torcíamos agora para que o animal se desviasse deles deixando – os em paz.
Nós a uma distância segura, olhávamos impotentes o animal incrivelmente grande deslizar para debaixo da árvore. Suas dimensões eram tão grandes que a enorme árvore parecia um pequeno arbusto.
Para nosso horror a criatura elevou a cabeça e calmamente começou a subir lenta e gradualmente pelo tronco.
Preparamo-nos silenciosos para o que se descortinava diante de nossos apavorados olhos. Nada podíamos fazer a não ser esperar pelo pior.
Não conseguíamos sequer orar, as palavras estavam enroscadas na garganta.
Apenas olhávamos e aguardávamos a cobra subir serpenteando o tronco grosso da árvore. Ela se dirigiu até a mulher que estava no galho mais alto.
Em um sepulcral silencio assistíamos como se víssemos ao vivo um filme de terror.
Era uma cena horripilante. Podia ouvir o bater descompassado de meu coração, a boca seca e entreaberta, meu medo não me permita mover um músculo sequer. Não tinha coragem de fechar a boca. Não estava respirando, o mundo parou.
A cobra se aproximou de minha amiga e para minha surpresa o galho cedeu com o peso das duas.
Envergou devagar e ambas caíram lá do alto. Ao cair no chão a cobra surpresa e assustada deslizou rapidamente para a floresta se escondendo entre a fechada vegetação.
Corremos até nossa amiga que em choque se sentou. Ficamos parados por alguns minutos, mal acreditando que no final tudo acabara bem.