Lua Escarlate, Parte I
Berros silenciosos resguardam a fortaleza da dor, uma sombra que de repente se faz Ser, toma forma em meio ao caos, no olho do furacão. Seu destino selado num pedaço de papel manchado, que não o faz mentir e tampouco refletir. Ele nasce nas palavras para nunca mais morrer...
"Até a meia noite tem seu lugar ao sol
As flores dessa mente que se apodreceram por invalidez
Escuridão que escorre em um brilho que reflete um rubro luar..."
O vento sopra em cortinas semi rasgadas, traços de discórdia, da utópica batalha de dois egos, onde a mão da aparente razão fez sua jogada, jogando um sobre o precipício noturno do nada... tragando a eternidade para dentro da sala.
"...Sei que os fatos me condenam, mas o pesar da razão escolhe meu ombro
Sou herói mortal das rosas fétidas desse jardim de eloquência
Não desejo rever a situação, quero manter a memória intacta
Refletindo o pálido sorriso amarelo, que meu olhar solta..."
Sintomas de descoberta pairam a todo volume, pela janela entreaberta,
Luzes de uma ribalta bicolor, azul-vermelho-azul-vermelho, que cegam mais que iluminam...
Uma encarada no abismo das 3h de uma madrugada com gosto de liberdade amarga
Uma poça de solidão, e um peso de justiça feita, jaziam no passado
"...A glória da certeza de que sou o verdadeiro campeão dessa jornada,
Um passo extremo que nos leva ao nível de ascenção
A mão divina que retrata os impuros, que cura a inveja latente da alma pura
O pequeno deslize do real e superior, o que não teme o ideal da morte."
A lâmina fria da noite corta entre becos e vielas, um vulto escapa pelas brechas das trevas
E do simples vazio, arquiteta um edifício de horrores que está por vir,
A brilhante lua escarlate, manchada com a vida, sorri, e num misto de satisfação e alívio...
O pesadelo é desencadeado.