Percepções

Haneul acordou. Não sabia quanto tempo dormira, mas sabia que tinha sido muito tempo, muito mesmo. Ainda se esforçava para deixar sua visão em foco, levantou da cama, e foi titubeando até o banheiro. Ficou algum tempo se olhando no espelho. Estava muito diferente, parecia mais velho. Lavou e enxugou o rosto, e foi pra cozinha. Olhou no relógio, marcavam quatorze horas. O silêncio predominava na casa, não se ouvia um barulho se quer. Haneul resolveu vasculhar os outros cômodos da grande casa, na expectativa de encontrar alguém ali, talvez sua mãe, ou pai, ou irmãos, mas não havia ninguém. Haneul foi pra sala, sentou no sofá, e ligou a TV. Todos os canais estavam fora do ar. Haneul levantou, voltou para o quarto, deitou em sua cama, e voltou a dormir.

Passado algum tempo, Haneul voltou a acordar. Levantou com muito esforço, e foi titubeando até a cozinha. Olhou para o relógio, marcavam quatorze horas. Haneul não achava possível que tivesse dormido por um dia inteiro. Foi correndo até a porta, e saiu para o exterior da casa. O silêncio era calmo e gritante. Ficou um tempo respirando o ar puro, e adentrou a casa. Sentou no sofá, ligou a TV, e todos os canais continuavam fora do ar. Havia algo de errado. Levantou, e olhou em sua volta, tudo estava incrivelmente quieto e estranhamente calmo. Novamente foi de cômodo em cômodo à procura de seus familiares. Não havia ninguém na casa.

Havia algo de errado. Haneul saiu novamente de dentro de sua casa, e foi até a rua. Olhou ao redor e não havia ninguém. Começou a seguir o caminho da rua, foi andando de passo a passo, passando por casas e casas. Andou por cerca de dez minutos, e não viu absolutamente ninguém. Um pouco distante, à sua frente, havia uma avenida, e um amontoado de carros estacionados no meio da rua. Seguiu até a avenida, e chegou próximo aos carros, todos vazios. Pássaros rasgaram o céu, mas não havia sinal algum de vida humana.

Haneul andou mais, por cerca de uma hora. Não via ninguém, não ouvia ninguém. Haneul estava sozinho. Haneul sentou em uma calçada, e curvou a cabeça entre as pernas. Ficou um tempo assim, pensando, tentando entender o que se passava. Haneul levantou a cabeça, e olhou para o céu. Haneul, naquele momento, entendeu que estava sozinho. Pássaros cortaram ao céu, passando de frente a torre da igreja. Haneul olhou o relógio da torre. Marcavam quatorze horas.