O tesouro da Masmorra
São 8 horas da manhã, as crianças que vivem no
Orfanato onde as Clérigas da deusa da Vida: Lena
tomam conta, acordam animadas e contentes
como sempre; ao todo são 23 crianças que vivem
ali, antes eram 24, mas uma sumiu de forma
inexplicável há mais ou menos seis meses. Hoje
parece ser uma manhã qualquer como todas as
manhãs: as crianças descem para tomar o café da manhã
muito animadas, as Clérigas de Lena as tratam com muito
carinho e dedicação e uma delas como sempre tem uma
novidade a contar, desta vez foi a pequena Bruna.
- Titias, ontem eu achei uma coisa super legal lá no quarto!!
Eu nunca imaginei que pudesse encontrar isso aqui!– muito
animada.
- E o que foi que você encontrou minha queridinha?–
pergunta uma das Clérigas de Lena.
- Ontem eu estava trocando de roupa lá no quarto, eu estava
sozinha, aí um monstro apareceu de dentro do armário dos
brinquedos e sorriu pra mim!– responde animada a pequena
Bruna.
Ao escutar isso, as Clérigas rapidamente correram
em direção ao quarto das garotas do orfanato; elas
começaram a abrir todos os armários existentes no quarto
para encontrarem algo que pudesse comprovar a história
que a pequena Bruna havia acabado de contar. Ao abrirem
as portas do terceiro armário, elas encontraram um fundo de
madeira falso e ao mexerem nele, descobriram uma
passagem secreta.
- Foi daí que saiu o monstro que sorriu pra mim!– diz muito
animada a pequena Bruna.
As Clérigas começam então a se entreolharem e
ficarem preocupadas com a descoberta.
- Por Lena! O que vamos fazer agora?– pergunta
desesperada a jovem Clériga Vandha.
- A história de Bruna é verdade! Realmente existe uma
passagem secreta dentro do armário do quarto das
garotas!– diz impressionada a Clériga Cleide.
- E pelo que noto essa passagem deve levar a alguma
espécie de masmorra.– diz a mais velha das Clérigas,
chamada Alzira.
Elas entram um pouco dentro do armário e
observam o enorme buraco; tudo é muito escuro e elas
temem que algo possa acontecer com as crianças.
- Quem poderia imaginar que nosso orfanato foi construído
sobre uma antiga masmorra?– pergunta a Clériga Cleide.
- Agora entendo porque a antiga regência cedeu estas terras
à nossa igreja tão facilmente.– deduz a Clériga Vandha.
- Isso é realmente um horror! Pensar que um simples armário
de criança esconde na realidade um covil de monstros!– diz
preocupada a Clériga Alzira.
Elas por um tempo se entreolham e voltam a olhar
para o buraco que serve de entrada para a suposta
masmorra.
- Só Lena sabe o que pode existir aí! Demônios... Dragões...
ai ai ai!– Diz preocupada a Clériga Cleide.
- Ou quem sabe tesouros! Muitos tesouros!– diz sorrindo a
jovem Clériga Vandha.
- Tesouros?!?– perguntam espantadas as demais Clérigas.
Vandha dá mais uma olhada para a entrada da
suposta masmorra, após isso olha para suas amigas
Clérigas sorrindo e explica:
- Mas é claro! Como toda a aventura conta, sempre existem
monstros e tesouros nas masmorras antigas! É basicamente
uma regra universal! Então a nossa masmorra não foge a
regra, entendem?
- Humm olhando por este lado, você até que tem razão
Vandha!– diz Alzira analisando tudo o que Vandha havia dito.
- Ok! Eu concordo com a Vandha também, mas temos um
pequeno problema agora; quem ousaria explorar esse túnel
para uma suposta masmorra atrás de um tesouro? Isso é, se
é que ele existe de verdade.– diz Cleide.
- Não se preocupe, eu sei de um grupo de aventureiros que
poderá nos ajudar!– diz Vandha rindo e tirando do bolso um
pequeno papel.
A tarde, por volta de mais ou menos 14:30, o
Orfanato recebe a visita de um grupo de aventureiros que
veio a pedido da Clériga Vandha para averiguarem a
situação da suposta masmorra. O grupo é composto por um
cavaleiro bem alto e forte, que traja uma armadura bem
simples, mas muito bem cuidada; uma meia-elfa arqueira
bem bonita e que fica o tempo todo próximo ao mago da
equipe; uma moça trajando roupas bem exóticas, como se
fosse de uma dançarina e por fim o mago que é muito bonito,
educado e que está acompanhado de seu gato.
- Bem senhoritas Clérigas, então é este o tal caminho que
vocês disseram que a criança chamada Bruna encontrou
enquanto estava se trocando?– pergunta o mago.
As Clérigas observam encantadas o jovem mago,
tanto sua beleza quanto seu modo bem educado e gentil de
falar.
- Sim, é este mesmo jovem mago... err, qual o seu nome?–
pergunta Cleide sorrindo enquanto observa a beleza física
do mago.
Antes que o jovem mago pudesse responder, a
arqueira meia-elfa entra na frente dele e o apresenta para as
clérigas.
- O nome dele é Lewellin Armstrong! Ele é um jovem mago de
23 anos que esta desde a fundação do nosso grupo! Ele é o
principal membro do grupo e também é o que eu devo dar a
minha vida para protegê-lo!
- Ei... não exagere!– diz Lewellin muito sem graça.
- Vão se acostumando senhoritas Clérigas! Lettícia e
Lewellin são sempre assim! Brigam, brigam, mas no fundo
se adoram!– diz a dançarina do grupo rindo muito.
- Como é que é?!?– Diz Lewellin indignado e tentando sair de
perto de Lettícia.
Todas começam a rir muito da situação, mas o
trabalho ainda deveria ser feito e o grupo de aventureiros
contratados não estava ali para brincar, e sim trabalhar.
- Bem, seria um pouco arriscado entrarmos sem saber algo
do local. Lewellin será que podemos usar o Lick pra dar uma
olhada no território?- sugere o cavaleiro do grupo.
- Claro que sim Lantus! Eu e Lick estamos aqui para ajudar
das melhores formas!– diz Lewellin pegando o pequeno gato
Lick e colocando-o na entrada do buraco.
Lewellin apenas olha para Lick e o mesmo sai
correndo pra dentro do buraco. As clérigas ficam
impressionadas com o que acontecem e também com a
beleza e educação de Lewellin; já Lettícia não gosta nem um
pouco dos olhares e sorrisos que as clérigas lançam para
Lewellin.
- Vamos esperar que Lick volte, assim ficaremos sabendo se
o caminho e seguro ou não, bem como algumas coisas que
se escondem nesta escuridão.– diz Lewellin olhando para
oburaco.
Passado algum tempo, o gato Lick solta um miado e
sai do buraco, saltando para o braço de seu dono; Lewellin
apenas olha para Lick de uma forma bem concentrada e
após alguns minutos ele diz tudo o que Lick viu durante seu
percurso.
- Realmente trata-se de uma masmorra. Ela é relativamente
grande, mas a escada que dá acesso até ela está bem
conservada por sinal; lá embaixo tem algumas tochas, mas o
caminho até lá e absolutamente sem nenhuma iluminação.
Pelo jeito a história do monstro é verdadeira mesmo, pois
Lick escutou alguns barulhos parecendo urros de monstros.
- Muito bem Equipe L, nós temos um serviço a fazer!– diz o
cavaleiro Lantus olhando para os demais integrantes da
equipe.
- Err... desculpe a curiosidade mas, porque o nome da sua
equipe é Equipe L?– pergunta a Clériga Vandha.
- Vou lhe explicar! Ela tem esse nome devido à letra inicial do
nome dos seus componentes! Eu por exemplo me chamo
Lantus Herragon, meu nome começa com L! – explica o
cavaleiro.
- Eu me chamo Lettícia Vennerburgh e este aqui é o meu
querido Lewellin Armstrong!– diz a meia-elfa arqueira
abraçando o mago e o apresentando.
- Ei... eu posso me apresentar. Quer fazer o favor de me
largar!– grita Lewellin tentando se soltar de Lettícia.
- Bem, e pra terminarmos as apresentações ainda faltam
dois membros que são o pequeno Lick, que é o gato de
estimação do Lewellin; e eu, a jovem e futura dançarina
profissional Lorena Cassaner! É uma honra conhecer todos
vocês!– pegando Lick e se apresentando para todos.
- Bem, agora que já explicamos o porquê do nome da nossa
equipe, vamos ao trabalho!– diz o cavaleiro Lantus entrando
no buraco.
A Equipe L segue pelo buraco no armário rumo a tal
masmorra ainda desconhecida por eles, no meio do caminho
Lorena encontra um pedaço de madeira e o entrega para
Lewellin; como um bom usuário de magias baseadas em
Fogo, ele acende o pedaço de madeira em sua ponta,
criando assim uma tocha que ilumina o caminho para eles.
- Bom, deixa eu ver se entendi então... esta masmorra
sempre esteve aqui sob o quarto das crianças mas somente
agora alguém a descobriu, é isso? – pergunta Lettícia.
- É isso mesmo! E como a vida das crianças é algo muito
valioso, as clérigas nos chamaram pra averiguar a situação e
eliminar os possíveis monstros que existem!– explica
Lantus.
- Tudo no fim é pelo bem das crianças... isso sim é algo muito
bondoso, pois elas são o futuro da nação!– conclui Lewellin.
- Nhaaaa Lewellin! Você é tão carinhoso e diz coisas tão
tocantes!– diz Lettícia abraçando Lewellin, enquanto o
mesmo tenta se soltar dela.
A Equipe L continua seguindo caminho pelas
longas escadas da masmorra até chegarem a um local
circular cheio de tochas iluminando a grande área.
- Posso deduzir que aqui é o local principal, uma espécie de
coliseu miniatura! Se formos atacados por algum monstro,
teremos mais chance de combate aqui! E pelo que consegui
perceber através da pequena invasão que Lick fez neste
local, foi até aqui que ele chegou!– diz Lewellin olhando todo
o local.
De repente uma espécie de urro é ouvida e aparece
em meio aos escombros do local duas feras negras que já
partem com tudo pra cima da Equipe L.
- Humm... as coisas estão começando a ficar interessantes!–
diz Lantus pegando sua espada e ficando em posição de
combate.
- Lorena, tome conta do Lick pra mim por gentileza e cuidese!–
diz Lewellin entregando rapidamente seu gato.
- Tudo bem! Boa sorte a vocês!– diz Lorena pegando o gato
Lick e se escondendo atrás de alguns escombros.
- Não se preocupe meu querido, eu protegerei você com a
minha vida!– diz Lettícia ficando na frente de seu amado
Lewellin.
- Por favor... chega disso. – resmunga Lewellin muito irritado.
O combate começa e as feras já preparam seus
ataques, Lettícia por sua vez é mais rápida e tenta atingir
uma delas com suas flechas, o que faz com que elas se
esquivem e tentem movimentos rápidos de ataque; Lantus
parte pra cima de uma das feras que estava visando atingir
Lettícia e consegue amedronta-la com sua espada.
Enquanto o combate acontecia, eis que todos
ouvem um assobio que faz com que as feras se acalmem e
fiquem sossegadas.
- Hã?!? Mas o que está acontecendo aqui?– pergunta
surpreso o cavaleiro Lantus.
De repente surge um garoto trajando uma roupa
bem velha e suja, mas quando a Equipe L repara bem na
roupa, notam que é o uniforme das crianças do orfanato.
- Olá! Vocês vieram brincar comigo?– pergunta sorridente o
garoto.l
- Ei garotinho, saia daí! Esses monstros podem te devorar!–
grita Lettícia desesperada.
- Hã? Mas Koy e Joy são bonzinhos! Eles não fariam nada de
ruim comigo!– diz o garoto acariciando a cabeça das duas
feras que a pouco estavam lutando contra os integrantes da
Equipe L.
- Espere um momento... garotinho por acaso você já
conhecia esta local?– pergunta Lewellin.
- Já tio! Eu vim pra cá depois que as tias chatas brigaram
comigo por eu ter comido muito doce!– responde o garoto.
- Como é que é?!?– grita Lorena saindo dos escombros e
voltando pra junto dos amigos.
- Por favor garotinho, conte-nos tudo o que você lembra!– diz
Lewellin de forma bem educada.
- Bem tio, tudo começou quando eu cheguei ao orfanato há
muito tempo; meus amigos não gostavam muito de mim e me
tratavam muito mal, aí um dia eu briguei com um deles e as
tias me colocaram de castigo juntamente com ele; mas os
outros meninos ficavam falando que a culpa era minha e tudo
mais. Eu só quero ser igual aos demais... poder ser tratado
por eles com carinho... é só o que quero; por isso vim pra este
lugar, aqui eu sou alguém importante... Joy e Koy me tratam
bem e sempre são legais comigo.– diz o pequeno garoto
limpando as lágrimas.
A Equipe L fica olhando o pequeno garoto e
imaginando tudo o que ele contou, cena por cena e o quanto
ele deve ter sofrido. Nisso, Lantus tenta se aproximar e uma
das feras rosna para ele, mesmo assim ele se aproxima e
abraça o garoto; as feras o atacam e cada uma morde um de
seus braços, pois deviam ter pensado que o ele poderia estar
ameaçando o garoto, mas Lantus apenas se aproxima e
abraça o garoto bem forte.
- Não se preocupe... aiii... nós viemos aqui te ajudar porque
gostamos de você!– diz Lantus abraçado ao garoto.
O garotinho se surpreende com o que ouve e olha
rapidamente para os demais membros da Equipe L e nota
que todos estão sorrindo até mesmo Lantus que está sendo
atacado pelas feras.
- Koy, Joy agora soltem ele!– diz o garoto para as duas feras.
As feras soltam os braços de Lantus e se afastam
nisso os demais membros da Equipe L se aproximam e
abraçam o garoto.
- Eles... eles me abraçam e dão sorrisos pra mim! Eles
gostam de mim!– pensa o garoto enquanto é abraçado.
Depois disso, a Equipe L e o garoto voltam para o
orfanato e as clérigas ficam surpresas com a volta da criança
perdida a mais de 6 meses.
- Bem... nosso trabalho foi concluído com sucesso!– diz
Lettícia.
- E encontraram algum tesouro?– pergunta uma das
clérigas.
- Material como jóias e dinheiro não; mas encontramos algo
muito melhor do que isso! Este lindo garotinho!– diz Lantus
colocando o garoto em seu colo.
- E queríamos ficar com a guarda dele! Como temos que
receber pelo serviço, nosso líder decidiu ter a guarda da
criança como pagamento!– diz Lorena.
As clérigas nada questionam e a Equipe L recebeu
sua mais valiosa recompensa, pois nenhum dos bens ou
tesouros da terra são maiores e mais valiosos do que um
lindo e sincero sorriso de uma criança. Os monstros por sua
vez nunca mais apareceram para atormentar as demais
crianças e o buraco que levava até aquela antiga
masmorra, desapareceu como num passe de mágica.