MEU AMOR É UM VAMPIRO - Cap. 5

Olá, amigos! Apresento o capítulo 5 do meu romance Meu Amor é um Vampiro. Acesse o blog www.vampirespati.blogspot.com.br e leia os capítulos anteriores.

Sombras na escuridão

Kassandra desistiu de ficar pensando em Rafael. Logo depois do almoço foi para a loja, tentando manter o foco para a “aventura” de logo mais. E, quando caiu o anoitecer, depois de várias recomendações dos pais, as duas irmãs embarcaram na caminhonete explodindo de ansiedade. Kassandra com um olho na estrada e outro na irmã perguntou, tensa:

- Não esqueceu nada? Caneta, caderno? A câmera fotográfica?

Comodamente instalada ao lado da irmã, Aline abriu a mochila e exclamou, alvoroçada:

- Se eu esqueci alguma coisa? - e mostrou para Kassandra tudo o que precisaria para a jornada. - Está tudo aqui! Somos a maior dupla de aventureiras de Rosas!

Kassandra achou graça na euforia da irmã caçula. E não era para menos. Até ela sentia um friozinho na barriga. Algo estranho estava acontecendo em Rosas. As luzes na colina não haviam sido vistas por mais ninguém. Isso era mais do que certo, pois um evento daquele porte seria amplamente comentado em todas as rodas. Na loja, durante o dia, nenhuma das suas clientes mencionou qualquer coisa semelhante. Algo estava acontecendo debaixo do nariz da cidade inteira e ninguém estava vendo. Será que teria alguma coisa a ver com o sumiço de Rafael?

- No que você está pensando? Que cara séria é essa?

- Nada - mentiu Kassandra, não querendo expor suas preocupações. – Mas estou feliz por você estar comigo. Acho que você é a única que acreditou nas minhas visões.

As duas irmãs tinham uma diferença de sete anos e por causa disso as brincadeiras de infância entre ambas nunca haviam acontecido. Parecia a Aline que sua irmã estava sempre compenetrada nos estudos e na loja. Já Kassandra ainda enxergava Aline como uma criança que adorava jogar bola com as colegas, sem querer saber muito dos estudos, apesar das boas notas.

- Papai e mamãe não terão como duvidar diante dos fatos – sentenciou Aline, cheia de autoridade.

A conversa fluiu normalmente. Mas à medida que a caminhonete se aproximava do orfanato, o silêncio tomou conta do carro. Um pouco antes de passarem próximo ao local, Aline murmurou:

- Está tudo escuro lá em cima, Kassi.

Kassandra deu uma espiada. E ficou um pouco decepcionada.

- Tudo bem. Não é noite completa ainda. Ontem somente reparei quando estava voltando para casa.

Um arrepio percorreu a espinha dela. Sempre escutara as piores coisas sobre o orfanato. Assombrações, almas penadas, gritos na noite. O lugar era maldito e palco de muitas histórias. Alguns corajosos já haviam subido até o alto e voltavam afirmando terem visto ou escutado vozes, passos, gemidos. O pastor chamava a todos de mentirosos. O certo é que Kassandra estava obcecada pelo lugar e não descansaria enquanto não tirasse aquela história a limpo.

O carro passou velozmente pela colina e Aline se virou para tentar enxergar alguma coisa. Comentou, inocentemente.

- Talvez já tenha alguém lá dentro.

Rafael.

Com as mãos firmes no volante, Kassandra afastou aquela possibilidade. Não havia motivo nenhum para que seu namorado (ou ex) estivesse por lá. Nunca.

*

Aline foi encaminhada pela irmã até a biblioteca da faculdade. Com todo o material em cima da mesa e sem nenhuma ideia para sua pesquisa, ela perguntou, curiosa:

- Vai contar para seus colegas sobre as luzes?

- De forma alguma. Do jeito que está a coisa, vão pensar que fiquei louca e estou vendo coisas.

Ela fez uma pausa e prosseguiu:

- Hoje eu resolvo o caso. Se não for hoje, será amanhã ou depois.

As duas se despediram rapidamente e Kassandra seguiu para a aula. Para ambas, as horas voaram. Já era próximo das 22:30 quando Kassandra retornou para buscar a irmã.

- Pronta? Nem consegui prestar atenção nas matérias.

- Sim, tudo certo - Aline jogou todo o material dentro da mochila, levantando-se com pressa.

- Ligue para mamãe e avise que estamos indo. Eles podem estar preocupados.

Enquanto as duas enfrentavam o ar um pouco frio do outono, Aline telefonou para Laura. Conversaram alguns instantes e depois a jovem disse:

- Tudo certo. Vou desligar o celular para não receber nenhuma ligação fora de hora e atrapalhar nossos planos.

- Eu também.

“Rafael não vai me ligar mesmo.”

A caminhonete ganhou a estrada novamente, fazendo o caminho inverso. O silêncio era grande. Aline lentamente sacou da mochila a câmera fotográfica, pronta para fazer uso dela se fosse preciso. Aliás, era melhor que Kassandra tirasse as fotos. Talvez suas mãos não tremessem tanto quanto as dela.

Foi depois de fazer uma curva acentuada que as luzes na colina saltaram aos olhos das duas irmãs. Kassandra chegou a prender o fôlego. Aline, extasiada e apavorada, apontou para o orfanato, quase sem poder acreditar nos seus olhos:

- Meu Deus, Kassi! É mesmo real! Elas estão lá! Elas estão lá!

Kassandra mal podia acreditar na sua incrível sorte. Como era possível ninguém tomar conhecimento daquela luminosidade? As luzes piscavam, ora aumentavam, ora diminuíam. Mas sempre estavam lá.

- Não falei? - perguntou Kassandra quase berrando. - Será que apenas eu estou enxergando?

- Kassi, tem alguém morando lá em cima - sussurrou Aline, trêmula. - Quem será?

- Não faço a menor ideia - o carro se aproximava velozmente.

De repente Kassandra foi diminuindo a velocidade e parou no acostamento. Arrebatou a câmera das mãos de Aline e abriu a porta do carro.

- O que você está fazendo? - perguntou a mais jovem, assustada.

- Preciso de um ângulo bom para as fotos saírem perfeitas.

A câmera do pai não era das melhores, mas certamente daria conta. Sem pensar nos possíveis riscos de parar em uma estrada deserta e escura, Kassandra enquadrou a câmera e começou a clicar. Dentro do carro, Aline se mantinha encolhida de medo, ansiosa para que a irmã interrompesse aquela sessão de fotos e voltasse de uma vez para o carro. Havia algo estranho por ali. As sombras pareciam pessoas à espreita. O vento que balançava os galhos das árvores fazia com que Aline tivesse um sobressalto. E se a qualquer momento alguém surgisse das trevas e as levasse de Rosas para sempre?

No entanto, tudo não passou de 1 minuto. Logo Kassandra voltou para o carro, jogou a câmera no colo da irmã e arrancou com a caminhonete. Seu coração batia descompassado.

- Quantas fotos você conseguiu?

- Creio que seis. São o suficiente para eu comprovar que o orfanato está sendo habitado.

- Serão pessoas do mal? - Aline sentiu o braço ficar todo arrepiado.

- Boa coisa não deve ser. Dê uma olhada - pediu Kassandra, muito ansiosa - Veja se ficaram nítidas. Ah, e jamais conte para nossos pais que paramos na estrada. Agora percebo que nos arriscamos muito.

Curiosa, Aline pegou a câmera e começou a procurar. Depois de passarem algumas fotos em que a irmã estava com Rafael, finalmente encontrou as que lhe interessavam.

- Acho que podiam ter ficado melhores.

- Como assim?

- Foi o que eu disse. Podia ter sido melhor.

- Droga… bem, certamente amanhã as luzes serão notícias em Rosas. Esta noite certamente alguém viu, além de nós.

- Você acha que corremos algum perigo de verdade?

Há muitos anos não ocorria qualquer registro de violência em Rosas. Seria muito azar se fosse acontecer alguma coisa com elas justo naquela noite. Porém… a sensação de que não estavam sozinhas era muito forte e Kassandra acelerou mais o carro, desejando a proteção da sua casa.

- Não - mentiu Kassandra. - Rosas é uma cidade tranquila. Tão tranquila que chega a dar sono. A propósito, você pesquisou sobre o qual assunto?

Balançando os ombros e disfarçando um bocejo, Aline respondeu:

- Vampiros.

Patrícia da Fonseca
Enviado por Patrícia da Fonseca em 25/02/2013
Reeditado em 25/02/2013
Código do texto: T4159487
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